O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 64 1306

ali acorreu para tributar, com o calor do seu afecto, uma das maiores ovações que a velha cidade medieval com certeza jamais sentira.

E no alto do seu castelo visionávamos a contemplá-los aquela legião de guerreiros que no passado defendeu e consolidou a Nação.

As suas muralhas sentiram-se reforçadas com o passo marcial desses jovens que viriam a ser heróis nas primeiras campanhas de Angola contra o terrorismo.

Não foi por acaso que o Ministro do Exército e os altos comandos militares localizaram em Lamego esta nova unidade da elite.

A sua situação geográfica e estratégica, a diversidade da oreografia, a existência de edifícios próprios, as virtudes sãs de um nacionalismo conservado na docilidade da sua gente, agarrada a um contínuo trabalho rural, foram as recomendações que levaram à feliz decisão de aqui instalarem o Centro de Instrução de Operações Especiais.

Tem como missão instruir os quadros do Exército nas várias modalidades das operações especiais, preparar e instruir pessoal destinado a comandos, a realizar estágios para oficiais de unidades mobilizadas e para promoção a capitão, organizar, mobilizar e desmobilizar unidades de comandos.

E foi tal o seu exaustivo labor que não tardou o Ministério do Exército a construir, em locais distintos, mais dois aquartelamentos: um, só destinado a instrução de comandos, na Cruz Alta, outro, para graduados de operações especiais (oficiais e sargentos milicianos), na periferia da cidade, conhecidos, em linguagem corrente, pelos Ranger's, pois adoptam treinos semelhantes.

Tem instruído várias companhias de comandos e é tal a sua preparação que parece inconcebível a sua temeridade, a ponto de, só vendo, ser-se capaz de compreender abe onde vai a generosidade da nossa mocidade na sua doação total a defesa da Pátria.

Daqui partem aos milhares para o nosso ultramar, sem outro objectivo que não seja o da defesa da sua integridade, da protecção à sua gente, num trabalho de missio-nação, de expansão da cultura e de cobertura sanitária, de fomento de obras primarias e abertos a todas as solicitações, ainda que arriscadas.

Esses jovens, recrutados na província ou na cidade, não levam oufara qualquer ambição que a de bem cumprirem os seus deveres. Fora isso expõem a sua própria vida, sujeitos a adquirirem doenças graves e defeitos físicos, tendo a noção exacta do seu patriotismo.

Não vão cobiçar riquezas, nem espoliar os direitos de bulirem.

E nós, que temos assistido a várias despedidas desses jovens, sempre feitas num cenário único do País, no sopé do monumental escadório dos Remédios, sob as bênçãos da Senhora, sentimos n mensagem de amor e de solidariedade que todos levara no seu coração aos nossos irmãos do ultramar.

E tal é a fidelidade desta unidade que recebe e conserva secretamente o dispositivo das forças do ultramar.

Como homenagem ao seu alto valor e virtudes recebeu u visita particular de S. Ex.ª o Senhor Presidente da República, em 12 de Junho de 1969, acompanhado de altos comandos militares.

Pôde demonstrar a esses honrosos visitantes, em exercícios de incrível realidade, o seu altíssimo grau de preparação, deixando-os ficar surpreendidos e mesmo perplexos.

Em 80 de Abril de 1970, recebe a visita de todos os adidos militares estrangeiros.

Ora, esta unidade, que tem necessidade de movimentos rápidos, pois, além do que se deixou dito, tem a missão

de estar de prevenção na defesa da ordem interna, carece de vias de acesso condignas e funcionais.

A sua sede está no ex. Quartel de Infantaria n.º 9, no antigo Convento de Santa Cruz.

Os seus acessos são do mais impróprio e difícil que se podem imaginar.

Quatro íngremes e estreitíssimas ruas lhe dão acesso. E duas só têm largura para um carro ligeiro. As outras, designadas por ruas, são mais umas calçadas íngremes, com pavimento quase romano, ladeadas por altos muros toscos e alguns em ruína.

O seu desmoronamento natural ou criminoso, o que não é difícil, suprimirá o acesso as viaturas e impossibilitará a manobra rápida dessas mesmas viaturas militares.

De tal forma elas são, que as viaturas pesadas não têm acesso e não podem cruzar-se.

No tempo do gelo torna-se difícil o seu acesso.

Várias vezes têm a Câmara Municipal e o Comando Militar exposto superiormente a necessidade imperiosa de facultar a esta unidade os acessos de que carece.

Numa visita do antigo Ministro das Obras Públicas, engenheiro Arantes e Oliveira, o problema foi-lhe posto, observou o local e reconheceu que urgia a concretização das obras.

Ao determinar-se que a Direcção de Estradas estudasse o desvio da estrada nacional n.º 2, para evitar o corte do escadório dos Remédios, previa-se que este desvio já serviria, em parte, o novo acesso ao Quartel de Santa Cruz.

Mas como não ficou determinada a sua execução imediata (e, infelizmente, repetem-se as lições da experiência), acontece que na mudança tudo se esqueceu, pelo que o problema foi de novo posto ao actual Ministro.

Simplesmente, não foi ainda definida a entidade a construir os acessos e temos assistido a um livrar de responsabilidades.

Urge que o Sr. Ministro das Obras Públicas indique as entidades participantes e se proceda imediatamente aos estudos para que as obras não tardem mais.

Pela parte da Câmara há a melhor boa vontade e com certeza lhe facultará toda a colaboração, mas só por si ser-lhe-á impossível, pela pobreza dos seus recursos e pela importância da obra.

Não podemos atribuir a estes acessos um mero valor de urbanização citadina, pois trata-se antes do acesso a uma unidade militar de alto valor nacional.

E as obras destinadas à eficiência da defesa nacional devem ter prioridade sobre todas as demais.

Não se argumente com falta de verba, quando é insignificante n. que se pede, sobretudo se a compararmos com outros que se gastam em meros efeitos de adorno.

Os acessos aos outros dois quartéis, da Cruz Alta e da antiga carreira de tiro, são de pavimento térreo, com irregularidades e com todos os más consequências deste tipo e numa extensão pouco superior a l km. O valor do desgaste do material circulante que continuamente se serve destes acessos durante o ano é superior ao necessário para o seu alargamento e pavimentação.

Acresce que o tempo perdido em marcha moderada é altamente prejudicial para uma unidade deste Alto nível militar.

Recentemente cedeu a Câmara cerca de 15 000 m1 da cerca frontal ao Quartel de Santa Cruz, para aumentar a parada, e concedeu o desvio de uma estirada municipal, para dar continuidade daquela parada até ao paiol.

A verdade é que tarde o Ministério do Exército a realizar esta obra fundamental, bem como a transferência de um modestíssimo bairro para pobres construído nas imediações