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23 DE JANEIRO DE 2972 1445

aos organismos competentes, pelo esforço desenvolvido, pela orientação dada, pela solução encontrada. Beafirmo a minha convicção de que assim sucederá.

Vozes: — Muito bem l

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Santos Almeida: — Sr. Presidente: Os grav.es acontecimentos ultimamente verificados nas nossas Universidades metropolitanas, e que deram lugar a nota oficial hoje publicada, foram já objecto de várias intervenções nesta Câmara, o que bem denota a preocupação com que o Pais acompanha tais acontecimentos.

Nas últimas sessões ouvimos com a maior atenção os ilustres Deputados Barreto Lara, Aguiar e Silva e Casal--Eibeiro, que sucessivamente a eles se referiram, acentuando a sua gravidade e defendendo ousadamente um ponto de vista com o qual acabamos por estar inteiramente de acordo.

Parece-nos que deixou de facto de ser possível considerar a contestação sistemática que se verifica com um problema essencialmente universitário, susceptível, portanto, de vir .ª ser solucionado apenas com as reformas previstas, ainda que certamente indispensáveis, e que é absolutamente louvável o espírito audaz que as ditou, revelador de uma dinâmica que aplaudimos inteiramente.

Mas também vemos ser agora, e talvez já o fosse antes, absolutamente imprescindível considerar em toda a sua dimensão as profundas raízes políticas da contestação, quase que de todo afinal desligadas da própria estrutura universitária, em cujas deficiências pretendia assentar.

Algo mais que reforma se torna necessário. Algo mais mesmo do que as reformas sociais, cuja indispensabilidade foi ontem tão bem focada pelo Sr. Deputado Pinto Machado, e sem as quais não poderão cessar compreensíveis razões de contestação entre universitários ou não.

Há que estabelecer o clima de calma e harmonia que tornará possível o frutificar de todas as reformas e que se não conseguirá enquanto proliferam elementos de revolta cujo único objectivo á a desordem.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: O relato dos últimos acontecimentos faz-nos pensar que não seriam, descabidas, ou que representariam até um acto de justiça, umas breves palavras de apreço e simpatia pela classe universitária de Moçambique, lembrando que deve ser ela, e suponho que igualmente a de Angola, perfeitamente separada do chamado cproblema universitário português» — que preferíamos ver chamado so problema universitário metropolitano» — , pelo menos sempre que tal problema transcende os limites da própria estrutura univenátárift ou, ainda .que, dentro de. tais limites, conduza a atitudes condenáveis que todos repudiamos.

Na verdade, Sr. Presidente e Srs. Deputados, não receamos afirmar que está a juventude daquela província dando um autêntico exemplo de maturidade, de sensatez, de verdadeiro civismo, resolvendo os seus próprios problemas através dos meios que a própria Universidade lhe faculta, ou que o bom senso e o nosso espírito de compreensão pela fogosidade da juventude nos leva a admitir sem grande relutância. Fá-lo com a dignidade de homens confidentes.

O seu comportamento é digno do nosso reconhecimento, (s, ao aperceber-mo-nos nós próprios da extensão e origem do problema metropolitano,' perdoem-nos W. Ex.u que Tiflo consigamos evitar o nosno sentimentalismo e o nosso amor às coisus da província, que necessariamente inclui os seus elementos juvenis, nos leve a sentir um profundo orgu-Jho por aquela juventude da qual tanto esperamos e que tilo bem soube e sabe desempenhar um dos mais impor-

tantos papaia na construção de uma Universidade considerada modelo, onde a vida universitária se processa em clima de profícuo trabalho e na base da mais completa harmonia e entendimento. E, note-se bem, entendimento não significa submissão no sentido pejorativo que pode ser atribuído à palavra.

E também não se diga, nem se cometa o tremendo erro de pensar sequer, que a juventude de Moçambique ntto sabe o que pretende, ou não luta pela defesa dos seus princípios. Que é uma juventude amorfa, acomodada. Nem pensar, meus senhores l

Os rapazes e raparigas de Moçambique nilo receiam qualquer espécie de confronto quanto à sua capacidade, qualquer que seja o aspecto que se pretenda encarar.

E não duvidamos nós, nem por sombras, da sua vitalidade, da sua capacidade de agir, se postos em jogo aqueles princípios que consideram sagrados.

Dessa juventude nos orgulhamos nós, dela se devem orgulhar todos os portugueses, de cá ou de lá.

E em nós tal sentimento cresce à medida que tomamos conhecimento da profundidade do problema metropolitano e das suas raízes, instintivamente estabelecendo o natural confronto.

Muito se deve a estrutura universitária lá implantada; ao clima de compreensão e cooperação inteligentemente criado; ao seu corpo docente que continua a notável obra iniciada. Mas temos agora perante nós a prova de que muito conta o valor da própria massa, a formação e mentalidade dos seus componentes. Sem' ele, nem os planos mais bem intencionados conseguem vingar.

Foi para que ficasse (registada oeste lugar, no Diário desta Gamara, uma palavra de apreço, que consideramos de inteira justiça, e para trazer a YV. Ex.ª um tranquilizador esclarecimento acerca de Moçambique, que rabiscámos este apontamento e pedimos a W. Ex.ª uns momentos de atenção.

Não queremos, no entanto, terminar sem deixar bem expresso que não ignoramos, evidentemente, a existência nas Universidades metropolitanas de um sem-número de jovens com os predicados dos seus colegas de Moçambique.

Para esses, verdadeiras vítimas de um estado de coisas tão habilmente criado e alimentado, igualmente toda a nossa simpatia.

Vozes: — Muito bem l

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Monrft Ramos: — Sr. Presidente: Graças a Deus, pertenço ao número daqueles que não contestam à autoridade o direito de proceder com energia sempre que a propriedade, a vida e a liberdade individual dos cidadãos são ameaçadas.

Por isso mesmo, aqui estou a dar o meu inteiro aplauso e oferecer todo o meu incondicional apoio ao Governo pelas medidas ontem & noite dadas a conhecer ao País e emanadas do Ministério da Educação Nacional para pôr cobro aos desmandos por parte de uma juventude aviltada que, na sequência de um movimento contestativo mundial, tudo tem feito para implantar nas nossas escolas o insulto, o vandalismo, a desordem, enfim, a 'anarquia I

A Universidade portuguesa vem sendo efectivamente, de há tempos para cá, teatro de violência e agitação estudantil. em que andam paixões políticas das mais mal intencionadas, visando a destruição da ordem social estabelecida, como se afirma em comunicados dos próprios dirigentes associativos.

Aproveitando habilmente da lição da impunidade recebida e justificada sempre pela brandura doa nossos cos-