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1552 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 76

bilização de enfermagem hospitalar, dia a dia a rarefazer-se, solicitada pelas melhores condições de trabalho é de vencimentos noutros sectores. Duo só particulares.

Criado há mais de vinte anos, os cursos auxiliares de enfermagem têm exigido para a sua frequência a 4.º classe e têm a duração de um ano, seguido de seis meses de estágio. Os cursos suo ministrados por médicos, enfermeiros e monitores, mas a lei actual elimina os primeiros.

As limitações técnicas destes profissionais foram objecto de cuidado legislativo, tendo a lei consignado que eles "prestarão serviço sob a orientação de médicos, monitores e enfermeiros". Nem de outro modo poderia ser, já que as habilitações gerais exigidas, como o objectivo legal do curso e do estagio e o tempo de duração de nmbos, mais não permitiriam.

Todavia, quando se percorre o programa do curso, fica-se com a impressão de que o objectivo não é tanto preparar auxiliares de enfermagem no sentido restrito da designação, mas antes ministrar abreviadamente todos aqueles conhecimentos que na prática constituem a actividade da enfermagem. Poderei dizer, para resumir, que me parece bastante comparável a posição dos auxiliares em relação aos enfermeiros, com a dos regentes escolares em relação aos professores do ensino primário, ressalvadas certas diferenças culturais que em ambos os grupos existem, e, aliás, em favor dos primeiros.

Da função de "auxiliares de enfermagem" nos aspectos mais simples, os auxiliares passaram na prática a desempenhar todas as funções assistenciais autênticas da enfermagem, processo que se deve a vários factores muito importantes, de que saliento:

1.º A falta de enfermeiros para a prestação dos cuidados necessários ao doente;

2.º Desvio do pessoal de enfermagem geral para as funções de gabinete (que poderiam ser entregues, talvez com benefício e sem dúvida melhor rendimento dos serviços, a pessoal com funções de secretariado); e, finalmente,

A aprendizagem contínua e puramente prática, por parte dos auxiliares de enfermagem, das funções dos auxiliares de enfermagem, das funções assim deixadas por muitos enfermeiros.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A realidade actual é que, por exemplo, nos Hospitais ida Universidade de Coimbra trabalham 370 auxiliares de enfermagem e que, estou cento, todos eles de sempenham, na maior ponte do tempo, todos os funções específicas da enfermagem quase sempre sem supervisão estreita de enfermeiros ou monitores. E fazem-no, a maioria, com proficiência que merece o nosso elogio, especialmente se o tempo de permanência mós serviços torcia possível a aprendizagem ou a assimilação de técnicas, de hábitos e princípios próprios de cada serviço e até de coda equipa médica.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É motivo de satisfação para o médico ter os seus doentes vigiados de noite por um auxiliar de enfermagem, já que paramente podem sê-lo por um enfermeiro e são-no, muito frequentemente (ainda que pareça incrível), por um domo ide enfermagem.

Em servidos de cuidados minto especializados, a maior parte do pessoal é constituída por auxiliaras de enfermagem.

Em resumo, A enfermagem efectiva é quase inteiramente desempenhada pelos auxiliares, entre os quais existem já hoje uma maioria com o 1.º e 2.º ciclos locais, outros com o 6.º ou 7.º anos e até alguns a frequentarem a Universidade.

Se a enfermagem efectiva é desempenhada, talvez, em mais de 80 por cento por estes profissionais, a situação em moda favorece os Hospitais. Por um lado, falta ao curso de auxiliares a extensão e cuidado que dá ao curso geral de enfermagem a superioridade de conhecimentos e de preparação que distinguem uns dos outros profissionais. É cento que entoe os auxiliares com experiência e maior cultura se encantem exemplos de excepcional nível técnico e humano e a maioria preenche bem, porá o nível geral, as {furacões que são chamados a desempenhar.

Nota-se entre esta classe um justificado anseio por uma autêntica promoção técnica e social. É que esta profissão (auxiliares de enfermagem) não tem acesso, salvo o que lhes é permitido pela distinção de auxiliares de 1.º e 2.º classes, tendo passado à categoria de l.ª classe nos Hospitais da Universidade de Coimbra os setenta mais antigos, de acordo com as limitações do quadro.

Se um auxiliar de enfermagem quiser ter uma carreira na profissão de enfermagem, tem de frequentar o curso geral, submetendo-se a exame de aptidão a este curso, com a duração de toes anos, no qual repete muitas das matérias que já estudou, como a prática de técnicas que executou com. inteira responsabilidade e sem supervisão, e isto tudo exactamente nas mesmas condições de qualquer leigo que procure ingressar na enfermagem. Se a condição económica dos auxiliares é a que se presume que os tenha levado a esse curso, não se concebe que possam frequentar o curso geral, porque isso exigiria a interrupção da sua actividade remunerada.

É assim que a saída mais lógica para o desejo de uma carreira aberta fica para os auxiliares a uma distância terrivelmente longínqua ou quase inacessível. Isto é tanto mais chocante quanto poderiam ser os auxiliares de enfermagem os naturais candidatos aos cursos de enfermagem geral, pois de outro modo verão o seu futuro sempre como auxiliares, a menos que abundem os bolsas.

Estes são os justos motivos de descontentamento desta classe, tanto mais que o número de bolsas de estudo nos Hospitais da Universidade de Coimbra tem sido limitado.

A distinção dos auxiliares de enfermagem em 1.º e 2.º classe merece também alguns reparos. A diferença de vencimentos entre estas duas classes em 1970 era de 200$, auferindo a de 2.º 2200$ mensais e a de 1.º 2 400$.

A portar de l de Janeiro de 1971 a de 1.º passou a 3 200$ e a de 2.º a 2 600$, diferença que é bastante maior do que a existente entre as categorias correspondentes de enfermagem geral - 4 200$ e 3 800$.

Quando se analisam os factos acima mencionados e se conhecem as realidades dos nossos hospitais e do seu funcionamento, não se pode deixar de sentir por esta classe profissional (sem exclusão dos melhores sentimentos para os restantes que trabalham nos hospitais) um sentimento de profundo respeito, simpatia e amizade, e ao mesmo tempo tem-se dificuldade em compreender porque se não criam condições que facilitem a sua preparação para a subida à categoria profissional imediatamente superior, com a qual já se inicia uma carreira que tem um princípio e um fim bem distintos, ao contrário daquelas cujo princípio e fim se confundem no tempo, no espaço e no vencimento.