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1778 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 89

selho: o da necessidade absoluta de evoluirmos no sentido económico. Nada poderia ser mais agradável ao meu espírito do que verificar que S. Ex.ª, quando proferiu essas palavras, o fez no Porto, no Norte do País. E recordando este facto, vejo bem qual foi a amplitude da sua ideia ao dirigir-se sobretudo a esses homens empreendedores do Norte, que tanto admiro e aos quais temos de pedir que exerçam todas as suas forcas, todas as suas influências, para conseguirmos realmente atingir aquilo que pretendemos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É evidente que, conhecendo bem o pensamento de S. Ex.ª, sei que ele olha para qualquer canto de Portugal exactamente com o mesmo carinho e o mesmo amor.

Neste momento não posso de modo algum esquecer-me de que fui eleito pelo círculo de Cabo Verde1, e que o Sr. Presidente do Conselho, ainda há bem pouco tempo, ti eu a prova evidente ido seu interesse por essa parcela do território nacional, deslocando-se ai e procurando ter conhecimento localmente das necessidades das populações, tão afectarias por estes três Anos de seca que tanto se prolongam.

Gostada imenso, Sr. Presidente, que estas minhas palavras de agradecimento mão me levassem a esquecer um ponto que gostaria de focar. No seu discurso, o Sr. Presidente do Conselho teve umas frases que ouso aqui recordar:

Se ir ao encontro das exigências de reforma que se notam em baratos sectores da vida nacional e procurar remover os obstáculos que se oponham ao progresso da Nação é política da esquerda, nem por isso deixarei de a seguir.

Mias se a manutenção da autoridade e das condições que permitam a defesa dos interesses vitais da Nação a da ordem pública, sem a qual não é possível viver, (trabalhar, progredir em paz, é política da direito, também esse rótulo não me impedirá' de a pôr em prática.

Isto justifica perfeitamente tudo aquilo que penso S. Ex.ª quis referir no seu discurso. O que está em causa não é seguir nem o caminho das esquerdas nem o caminho das direitas, que, creio, silo caminhos que não temos necessidade de encarar se sempre procurarmos atingir o ideal, seguindo a senda que temos obrigação de seguir, que é a do bem de Portugal, a bem dos Portugueses.

É esta, realmente, a ideia última que me ficou do discurso do Sr. Presidente do Conselho. É esta a ideia que manterei no mau espirito para, como todo o português que é consciente da sua qualidade de cidadão deste país, não esquecer que/temos de combater, sim, no território nacional, sob todos os aspectos, mas muito mais do que qualquer outro aspecto no sentido de fazer progredir todos os povos que se irmanam sob a bandeira de Portugal!

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Jorge Correia: -Sr. Presidente, Srs. Deputados: No interregno dos trabalhos parlamentares que hoje recomeçam, aconteceram, quer no âmbito estritamente regional, quer no domínio nacional, pelas suas implicações e repercussões mais vastas, sucessos, cuja apreciação me permito fazer, tirando deles ilações que, embora subjectivas não deixam de estar no espírito de muitos portugueses.

A vinda ao Algarve do Sr. Dr. João Salgueiro, ilustre Subsecretário de Estado do Planeamento Económico, para ouvir opiniões e sugestões emitidas pelos representantes qualificados das mais diversificadas actividades, deverá ter os mais auspiciosos reflexos no progresso e desenvolvimento futuro da província.

Inventariadas as nossas potencialidades e carências, justo á que estes factores se integrem nas coordenadas do próximo Plano de Fomento.

Para além do contínuo e progressivo desenvolvimento turístico, tudo quanto os Algarvios pretendem, desde a criação de um parque industrial, naturalmente indicado entre Toro e Olhão, ao aproveitamento do minério nefelínico de Monchique na indústria do alumínio; desde n extracção do sal-gema e a exploração do cobre, de que é tão rico o Algarve, u reorganização, fomento e revitalização das conservas de peixe; desde a utilização dos produtos agrícolas com fins industriais a melhoria da rede hospitalar e assistência; desde o aproveitamento das arguas e calcários na indústria de cimentos à demarcação da nossa zona vitivinícola; desde a criação dos estudos superiores às infra-estruturas necessárias a todo este complexo programa, ressalta, como ponto principal de partida e condição sine qua non, o fornecimento de energia eléctrica acessível e a preços idênticos aos facturados no Porto, por exemplo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Como a coisa se processa neste momento o não há maneira de vermos eliminada esta causa de discriminação económica e social, dá origem a que muitas zonas do País, só por este motivo, se vejam pura e simplesmente excluídas de qualquer tentativa de desenvolvimento e progresso.

Parece-me, portanto, pertinente que mais uma vez chamemos a atenção para este momentoso problema e solicitemos com veemência a sua solução definitiva.

Permito-me ainda observai- no pendor das grandes necessidades que sejam, represadas as águas no Sotavento algarvio, não apenas pura combater malefícios da erosão, mas porque a existência de largas áreas de sapal susceptíveis de recuperação agrícola e o aumento substancial e progressivo dos regadios justificam a irntplantaçao de borragens.

O fenómeno, porém, vai muito mais longe e há-de atingia profunda e duramente as gentes que aqui mourejam ou que por via do turismo aqui venham, em vilegiatura, se a seu tempo não tomarmos as providências adequadas.

É que a água do subsolo escasseia assustadoramente por virtude de uma extracção constante para alimentação das plantas e das pessoas, o que nos obriga a procurá-la a profundidades cada vez maiores.

É ainda sintoma evidente do que digo e da bem a nota da gravidade do fenómeno o dramático abastecimento do precioso liquido no Verão de algumas populações e a dificuldade encontrada pela Direcção dos Serviços de Salubridade em descobrir mananciais susceptíveis de, pelo seu caudal e potabilidade, poderem garantir com segurança o abastecimento atitual, quanto mais futuro, das populações.

Ora, qualquer Plano de Fomento deve ser um projecto concreto de realidades existentes, quer estas traduzam abundâncias, quer signifiquem necessidades que se hão-de ajustar harmonicamente no desenrolar da sua execução. Isto quer simplesmente dizer que as grandes linhas mestras e os empreendimentos estatais ou particulares nelas inseridos hão-de forjar-se mais à base de racionalismos científicos do que por mera influência dos próceres políticos.