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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 182 3586

Eu não esperava a intervenção de V. Ex.ªs, neste sentido, e, por asso, aprovei-to a oportunidade para que esta minha declaração feita ao Sr. Deputado Magalhães Moto fique-a constar das actas desta cessão, até pelo que ela tem de lisonjeiro para ele, na medida em que revela bem o bom conceito em que o tenho.
Quanto ao mais, escusado será dizer que estou absolutamente solidário com a opinião que V. Ex.ª acaba de expressar mesta sua primorosa intervenção, no que julgo estar a ser acompanhado por toda a Câmara.
Muito obrigado.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Salazar Leite: - V. Ex.ª, dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Salazar Leite: -Srs. Deputados: Eu não' quis, de modo algum, interromper o Sr. Deputado Cotta Dias, porque quis também ouvir com cuidado e com toda a atenção as explicações que ele nos trouxe sobre o problema que ontem aqui se levantou e no qual não intervim directamente para que se não fosse Levantar questão a margem de um dos pontos que foi citado pelo Sr. Deputado durante essa discussão.
É evidente, Sr. Deputado Cotta Dias, que mão posso deixar de estar inteiramente de acordo com as observações feitos por V. Ex.ª, ontem, assim como mão posso deixar de lhe agradecer as elucidações que nos quis trazer e que vieram justificar, já não digo a indignação, porque indignação talvez não caiba bem dentro da maneira como nós nos devemos portar no mundo tão conturbado como o de hoje, e em que o sangue-frio está na base de todos os nossos raciocínios, mas, com espanto, admiro-me como haja a possibilidade de vir defender a apresentação de uma peça que eu não conheço inteiramente, mas cujas primeiras páginas de leitura (não a vi) me fizeram pô-la, de parte, um pouco talvez enojado, porque lançava porá a cena pública alguns dos mais graves problemas que afectam a Humanidade.
Eu não censuro, até acho que há toda A vantagem em que nos lugares apropriados estes problemas sejam discutidos em tese para que possam ser transmitidos, e por todos os meios, as conclusões das pessoas que os estudam e que, normalmente, devemos levar àqueles que não têm possibilidade de fazer um estudo detalhado do problema. Mas defender em público vícios, deficiências morais de uma sociedade que nós vemos dia a dia cada vez mais conspurcada, lançar para ò público como que o elogio do emprego de drogas narcóticas e de outra natureza, apresentar a outrem cenas que encaminham toda a acção de uma peça no sentido pornográfico, parece-me profundamente descabido e que merece - essa sim - profunda indignação e profundo desprezo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E nesse sentido, Sr. Dr. Cotta Dias, que eu me atrevi a pedir-lhe autorização para o interromper e de pedir àqueles que me escutam que tenham bem

presente que, se alguma vez pudemos falar dos malefícios das drogas (que hoje são tão propagados através do Mundo), venham a saber que as grandes potências estão extremamente preocupadas com a evolução que está tomando o uso e o abuso das drogas, chegando-se a afirmar que em alguns países tomou características de epidémico.
Qualquer luta, qualquer possibilidade que tenhamos de entravar a marcha, cada vez mais rápida, desse movimento, é sempre bem vinda, e não devemos nunca permitir que se possa vir a público fazer a apologia de qualquer dessas drogas, que, seguramente, estão provocando o desequilíbrio moral dentro da população deste universo.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Magalhães Mota: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com certeza.

O Sr. Magalhães Mota: - Tendo a oportunidade que V. Ex.ª me dá, eu gastaria só um minuto num ligeiro esclarecimento.
O primeiro ponto - que eu breio ter deixado ontem bem claro -, é que não discutia duas coisas. A decisão - primeiro ponto -, e portanto julgo que não tem qualquer correspondência com aquilo que eu ontem tenha dito, qualquer espécie de apologia da droga. Por amor de Deus ... não vamos pensar nisso!
Segundo ponto: também não discuti a existência de uma comissão de exame e verificação de espectáculos. Não discuti estes dois pontos. Limitei-me a salientar três questões, e exclusivamente essas.
Primeira, que considerei positiva: saber-se que tinha havido uma peça proibida, que tinha sido proibida e por quem. Considerei isso um facto positivo, esclarecedor no ambiente nacional e um progresso assinalável em relação a uma situação difusa.
Segundo ponto: considerei que os motivos da proibição não poderiam ter sido, como se alegou, uma entrevista dada por um dos elementos ligados ao espectáculo.
Terceiro ponto: lamentei, e nesse ponto tive algumas concordâncias, o atraso da decisão.
Por aqui me fiquei. Não queria deixar de vincar este esclarecimento, que me parece extremamente importante, e, portanto, era apenas isto que gostaria que ficasse sublinhado. E também eu me congratulo com o facto de a opinião pública receber hoje mais esclarecimentos, o que talvez até devesse ter sido feito há mais tempo.

O Sr. Duarte do Amaral: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com certeza.

O Sr. Duarte do Amaral: - O Sr. Deputado Magalhães Mota tem dado a esta Casa uma noção muito profunda da sua inteligência e do seu senso. E longe de nós pensar, e ele mesmo ontem aqui o sublinhou, que é partidário da droga. Simplesmente, a sua intervenção levou as pessoas que a leram no jornal e que o ouviram aqui, o ilustre Deputado Cotta Dias e a mim próprio, a ter muita pena dessa intervenção, que na realidade, como disse-o nosso ilustre colega Cunha Araújo, não correspondeu à altura em que o Sr. Deputado Magalhães Mota tem situado as suas intervenções, muito apreciadas, mesmo que não se concorde com as suas posições ideológicas.
No fundo o problema é só este: o Sr. Deputado Magalhães Mota veio falar do processo da peça, sem conhecer as peças do processo ...

O Orador: - Sr. Presidente: Estou a terminar, mas não 'queria faze-lo sem me regozijar com as interrupções de que a minha intervenção foi objecto. Mas, se me é per-