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20 DE OUTUBRO DE 1982 5

gamento das emissões para o dia inteiro com início às 8 horas da manhã!
Parecendo apenas mais um escândalo de incoerência e irresponsabilidade, muito, pelo contrário, esta medida tem a ver directamente com os propósitos terroristas do Governo: lançar uma campanha concertada que influencie decisivamente as eleições autárquicas, que serão uma burla se não derrubarmos antes este bando de salteadores, e sirva de cobertura ideológica à ofensiva terrorista cujos sinais evidentes foram dados há 2 dias por Freitas do Amaral e Angelo Correia, depois, certamente, de se aconselharem com o seu patrão Carlucci.
As ameaças proferidas por aqueles 2 espantalhos são intoleráveis e têm como alvo principal a luta do movimento sindical unitário e a luta dos trabalhadores em defesa dos seus direitos. Os democratas e antifascistas têm de manifestar a sua total indisponibilidade para continuarem a aturar toda a espécie de dislates e aleivosias com que os governantes deste país nos brindam à falta de capacidade governativa.
Os trabalhadores, a classe operária à frente, terão que demonstrar a estes senhores que não toleram as suas provocações, que não temem as forças repressivas com que a AD conta para fascizar o regime e que também dispõem de «grandes remédios para grandes males» - não é só o Sr. Ângelo Correia. Derrubar, à cacetada se for preciso, o Governo que pretende preparar o terreno para impor o pacote laborai contra os trabalhadores, a liquidação das nacionalizações a fascização do regime com a violência terrorista.
É em todo este contexto que o general Eanes, depois de ter anunciado a sua disponibilidade para enviar tropas portuguesas para a Namíbia e/ou Angola, recebe Frank Carlucci.
A burguesia portuguesa anseia por voltar a pôr os pés em África e anima-se com esta perspectiva de enviar tropas, pelas vantagens políticas que daí tirará.
Vantagens a vários níveis - aprofundar as possibilidades de explorar os mercados africanos das ex-colónias pelo caminho aberto por Eanes e Balsemão e criar um pólo de diversão que lhe permita aliviar um pouco a pressão com que a luta dos trabalhadores no interior do País começa a sufocá-la.
Ao mesmo tempo criará uma dinâmica de preparação militar, aliada à mitologia do apoio da retaguarda, que lhe permita reforçar a cobertura às medidas terroristas de Angelo Correia e Freitas do Amaral contra a classe operária e os trabalhadores que «sabotariam» o esforço nacional!
As justificações adiantadas de que se tratará de cumprir resoluções da ONU para garantir a paz e a independência da Namíbia não podem servir para iludir o povo português.
As forças de interposição da ONU não têm servido para garantir a paz nas várias zonas do globo onde têm sido usadas e são normalmente submersas pelos interesses das grandes potências em confronto.
Desde há muito que a independência da Namíbia está estabelecida por resolução da ONU, sempre violada pela África do Sul, e sem que os Estados Unidos da América e outras potências ocidentais as tenham feito cumprir pelos meios pacíficos aconselhados - as sanções económicas, boicote total e mesmo o corte de relações diplomáticas, etc.
Pelo contrário, da mesma forma que Israel, o Governo terrorista e racista da África do Sul tem disposto de toda a liberdade de acção para atacar e invadir a República Popular de Angola, sob os protestos platónicos de alguns governos que para compensar lhes fornecem armamento e tecnologia avançada, apoiam os fantoches de Savimbi e tentam liquidar forças patrióticas da SWAPO.
A dependência da burguesia portuguesa dos jogos de interesses do imperialismo onde busca lamber as migalhas não pode comprometer os trabalhadores nem o povo português. A ligação entre as acções do Governo AD e do general Eanes em África e as actuais disputas imperialistas é por demais evidente.
Além disso, o interesse da burguesia portuguesa em estreitar relações com os novos países africanos não obedece a nenhuns propósitos humanitários e muito menos visa reparar os crimes cometidos pelo colonialismo - o seu objectivo é recuperar vantagens políticas e económicas perdidas com a independência daqueles países.
Por isso a UDP apela aos trabalhadores, ao povo português, para recusarem peremptoriamente que os seus filhos sejam envolvidos em aventuras imperialistas e neocolonialistas e sirvam de carne para canhão, como já serviram durante a guerra colonial. A UDP opor-se-á por todas as formas a que 95 filhos do povo português sejam de novo enviados para África.
Aos portugueses interessa também saber qual é a posição dos outros partidos.
Carlucci, o Governo AD e Eanes formam uma aliança sinistra que nada de bom pode trazer para o nosso povo e que nada tem a ver com os anseios de paz e liberdade dos povos do mundo, nomeadamente os povos de Azânia, Namíbia e Angola.
Antes, pelo contrário, os seus negócios significam ameaça para a paz e a liberdade.
É a luta revolucionária e anti-imperialista que trará a paz, a liberdade e a felicidade aos povos.
Para o nosso povo. na nossa terra, essa luta passa pelo derrube dos salteadores que estão no Governo e pela mudança do regime.

Uma voz do PSD: - Ainda vais lá parar!

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Tito de Morais.

O Sr. Presidente: - Também, para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Zita Seabra.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sou eu o primeiro deputado a usar hoje da palavra, após a trágica morte de Adriano Correia de Oliveira. Não queria deixar de prestar, desde já, uma comovida homenagem de dolorosa saudade ao combatente antifascista, companheiro de luta, cantor, camarada e amigo que o Adriano foi sempre.
Dedico-lhe estas breves palavras, pois o meu camarada José Manuel Mendes fará uma intervenção, especialmente em nome da minha bancada, para homenagear Adriano Correia de Oliveira.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Iniciam-se hoje os trabalhos parlamentares da III Sessão Legislativa. Em nome do Grupo Parlamentar do PCP abriremos os trabalhos desta sessão, reservando as reuniões plenárias dos próximos dias 9, 10 e 11 de Novembro para o debate e votação dos projectos lei n.ºs 307/II, 308/II e 309/II, relativos à defesa da maternidade, ao planeamento familiar e educação sexual e à legalização da interrupção voluntária da gravidez.