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10 I SÉRIE-NÚMERO 1

homem generoso que sabia dar a entregar-se aos outros amigos.
Além disso, ele foi um homem extremamente importante na geração de Coimbra de 62, não só porque teve a coragem de lançar através da sua belíssima voz os poemas da resistência de então, como também teve a coragem nesse tempo de gravar em disco poemas de Manuel Alegre, o que era um acto de extrema coragem naquela altura, e de pôr a efígie do poeta na própria capa do disco.
Foi ele que deu e construiu a primeira canção da resistência em 62 com a «Trova do vento que passa». Foi ele que deu esperança com o seu o canto a milhares de portugueses e fez despertar para a liberdade muitos e muitos daqueles que só através do seu canto tiveram acesso.
Adriano foi, além disso, um renovador extraordinário do próprio fado de Coimbra; renovou-o por dentro, não artificialmente. Embora com a forma tradicional do fado, ele foi o primeiro a inserir-lhe poemas de liberdade, poemas progressistas.
Eu não estava preparado para intervir, no entanto não queria deixar de aqui dizer estas singelas palavras de homenagem a um grande amigo, a um grande português, a um grande homem, que foi Adriano Correia de Oliveira.

Aplausos do MDP/CDE, do PS, do PCP. da ASDI. da UEDS, da UDP e de alguns senhores deputados do PSD.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, e está na Mesa um requerimento, assinado por diversos senhores deputados do Partido Comunista Português, solicitando o prolongamento do período de antes da ordem do dia.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra para dizer que retiramos o requerimento. Na altura apresentámo-lo na convicção de que, havendo um grande número de declaração políticas, não tínhamos oportunidade no período normal de antes da ordem do dia prestar homenagem à memória de Adriano Correia de Oliveira, homenagem que acabou de ser feita pelo meu camarada José Manuel Mendes.
Como já não temos razão para pedir o prolongamento do período de antes da ordem do dia, retiramos o requerimento.

O Sr. Presidente: - Com certeza, Sr. Deputado.

O Sr. Vilhena de Carvalho (ASDI): - Sr. Presidente, também peço a palavra para me associar à homenagem que vem sendo prestada a Adriano Correia de Oliveira.

O Sr. Presidente: - Faça favor. Agradecia-lhe que fosse breve.

O Sr. Vilhena de Carvalho (ASDI): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Queria apenas, muito singela e brevemente, tanto mais que comungo inteiramente das palavras sobretudo proferidas pelos Srs. Deputados Natália Correia e José Manuel Mendes, deixar bem expresso o meu sentimento pessoal e da minha bancada e associar-me a essas palavras da saudade proferidas em honra e elogio do malogrado Adriano Correia de Oliveira.
O seu canto, a sua mensagem, a sua luta, foi voz de poetas, mensagem de esperança, luta por um tempo e um pais diferente.
Por tudo isto, a sua partida é já saudade. Por tudo isso, merece a nossa dor.

Aplausos da ASDI, do PSD, do PS, do PCP, do PPM, da UEDS, do MDP/CDE e da UDP.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, peco a palavra para me associar igualmente à homenagem que está a ser prestada a Adriano Correia de Oliveira.

O Sr. Presidente: - Agradecia que também fosse breve, Sr. Deputado.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não pensava intervir por uma razão simples: é que me reconheço, assim como o meu partido, integralmente, nas intervenções aqui proferidas, designadamente pelos Srs. Deputados Manuel Alegre, Natália Correia e José Manuel Mendes.
Não queria, no entanto, que alguém, injustamente, pudesse interpretar o nosso silêncio de outra fornia que não fosse realmente a nossa total identificação com as palavras que aqui foram expressas.
A minha bancada associa-se, portanto, à homenagem que aqui foi prestada. Pessoalmente associo-me a essa homenagem e faço-o com a convicção de que todos os democratas portugueses saberão receber nas suas mãos o testemunho que Adriano Correia de Oliveira nos deixou e saberemos continuar o combate, que foi o seu e ao qual dedicou toda a sua vida.

Aplausos da UEDS, do PSD, do PS, do PCP, do PPM, da ASDI, do MDP/CDE, e da UDP.

O Sr. Presidente: - Tem agora a palavra, para uma declaração política, o Sr. Deputado Lemos Damião, a quem agradeço a gentileza de ter esperado tanto tempo.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Por iniciativa da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) celebrou-se, no passado dia 16, o Dia Mundial da Alimentação.
Na realidade, tal dia não teve outra finalidade que não fosse chamar à atenção dos homens de todo o mundo para aquilo que os cientistas consideram ser, provavelmente, a aproximação de um verdadeiro cataclismo.
Muito embora cientistas e técnicos internacionais afirmem que, neste momento, o globo produz os bens essenciais necessários para alimentar a humanidade, não deixam, porém, de fazer uma chamada de atenção para a distribuição desornada e desequilibrada a que se assiste.
Acentua-se cada vez mais o fosso existente entre países ricos e pobres.
Enquanto os primeiros aliam à sua alta potencialidade económica técnicas altamente sofisticadas, os segundos não conseguem superar uma agricultura tradicional que lhes come a carne e pouco ou nada lhe dá como recompensa.
Enquanto uns são excedentários de bens essenciais que lhes permite desbaratar alimentos e sofrer doenças