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12 I SÉRIE-NÚMERO 1

nome de uma liberdade que os povos livres desconhecem e em especial a humanidade dos Portugueses.
Porém, como se isto não chegasse, afirma-se despudoradamente que Timor-Leste se autodeterminou. Mas como e quando?
Mas onde e quando é que a invasão foi uma forma de autodeterminação?
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O povo de Timor-Leste continua sem escolher livremente o seu destino.
Queremos ardentemente que os povos livres do mundo e em especial os que passaram por essas metamorfoses exijam que se lhes proporcionem condições para que, em paz e liberdade, possam decidir se querem independência, absorção pela Indonésia ou ser território sob administração portuguesa, com estatuto idêntico ao de Macau.
Congratulamo-nos com as iniciativas da Assembleia da República, da Presidência da República e do Governo de Portugal, ao darem as mãos para que se faça justiça a quem tanto luta por ela.
Sim, mas não nos podemos esquecer que ainda hoje há timorenses que lutam na cordilheira de Ramelau, resistindo e morrendo heroicamente, sob o augusto testemunho de uma bandeira que simboliza quase S séculos de história e de cultura que as armas dos tiranos opressores não conseguem destruir.
Pelo respeito que nos merecem e pelo perpetuar dos exemplos de bravura que continuam a dar, apesar dos seus 300.000 mortos, façamos nós, Srs. Deputados, o que estiver ao nosso alcance para que jamais se extermine a nossa língua e o testemunho de um povo que insiste em não consentir ser amarfanhado e dominado pela força.
Permita-se-me lembrar os meus tempos de menino, em que na minha aldeia beira se apelava ao Criador para nos livrar da fome, da peste e da guerra. Hoje, apelamos para que Timor e todos os povos oprimidos sejam libertados dos invasores.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nos nossos dias, a atenção dos homens, mesmo a dos mais interessados pelo que se passa no mundo, está controlada e condicionada pelos grandes órgãos de informação. A nossa preocupação e sofrimento estão directamente ligados com aquilo que esses órgãos publicam e eles só dão relevo àquilo que desta ou daquela maneira preocupa as grandes potências.
Porém, esquecem ou subestimam, naturalmente, o que não as preocupa.
Só assim se compreende que todos os dias sejamos confrontados com imagens e notícias dramáticas que nos chegam, pondo-nos ao corrente das calamitosas guerras dos nossos dias - Beirute, Afeganistão, etc., etc., em detrimento de outras que para nós representam mais por nos dizerem directamente respeito.
E tal a força e o vício das grandes agências noticiosas internacionais que, se dúvidas tivéssemos, com o drama de Timor ficaríamos esclarecidos.
É bem verdade que não assumiu a imprensa escrita e falada a sua verdadeira dimensão, pois não chamou a atenção para o genocídio quase esquecido, sendo ele uma das grandes vergonhas da história contemporânea tão rica, de resto, em grandes vergonhas, deliberadamente escondidas.
Já que assim é, permita-se-me incentivar os órgãos de comunicação social portuguesa para ao menos eles não sejam cúmplices pelo silêncio e não deixem de denunciar, regularmente e com força, tão escandalosos e dramáticos acontecimentos.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Carlos Lage, poderá informar a Mesa das razões por que pediu a palavra?

O Sr. Carlos Lage (PS): - É para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Lemos Damião.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, uma vez que esgotámos o tempo destinado ao período de antes da ordem do dia, V. Ex.ª fica inscrito para a próxima sessão plenária.
O Sr. Deputado Mário Tomé também solicitou a palavra para esse efeito?

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Não, Sr. Presidente, foi para formular um protesto em relação à intervenção que acabou de ser produzida.

O Sr. Presidente: - Formulá-lo-á. Sr. Deputado, mas, pela mesma razão, só na próxima sessão. Fica inscrito.
E o Sr. Deputado Jorge Lemos, para que efeito se inscreveu?

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Foi para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Sr. Presidente, eu pergunto à Mesa se já tinha sido iniciada a primeira parte da ordem do dia de hoje.

O Sr. Presidente: - Não, Sr. Deputado.
Tratou-se de uma declaração política em que o orador se referiu a matéria do primeiro ponto da nossa ordem do dia, mas ele tem o direito de falar daquilo que quiser.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Sr. Presidente, de qualquer modo a minha bancada quer que fique registado que considera que a abordagem deste tema em declaração política numa reunião plenária em que o mesmo tema está agendado num ponto especifico da ordem do dia tem de ser, pelo menos, considerado como uma deslealdade em relação ao presidente da comissão eventual que irá apresentar o relatório sobre o problema.

Aplausos do PCP.

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Havia um acordo que não foi cumprido, Sr. Deputado Lemos Damião.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, não vamos agora abrir aqui um debate sobre essa questão.
De resto, qualquer deputado pode, no período de antes da ordem do dia, abordar o problema que quiser, esteja ou não relacionado com matéria agendada para o período da ordem do dia. Por isso mesmo o Sr. Deputado Lemos Damião abordou o problema que entendeu.