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9 DE DEZEMBRO DE 1982 809

que a Inglaterra, no Governo da Sr.ª Thatcher, passou de uma inflação de dois dígitos para uma inflação de um dígito que deve estar este ano pela ordem dos 8%, e todas as coisas indicam que para o ano estará na ordem dos 5%. Além disso, aumentou-se substancialmente o poder competitivo da indústria britânica que hoje está exportando muito mais do que antigamente.
Portanto, não se verificou uma falência completa em opinião pública dentro da Inglaterra não obstante haver provavelmente uma grande massa de ingleses contra isso -, e as sondagens de opinião pública mostram que a Sr.ª Thatcher continua a gozar de mais popularidade do que qualquer outro líder em potência dentro de Inglaterra, seja mesmo no Partido Socialista ou até no jovem Partido Social-Democrata.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Pinto Nunes, igualmente para formular pedidos de esclarecimento.

O Sr. Pinto Nunes (PSD): - Sr. Deputado Almeida Santos, sobre o burilado primoroso da oratória de V. Ex.ª já tudo foi dito e só me resta acrescentar qualquer coisa. Assim, gostaria de chamar a sua atenção para o seguinte: depois de apreciado o conteúdo em que V. Ex.ª se limitou a tentar dourar algo que essencialmente é serôdio sobre o que ontem foi dito, pareceu-me que estamos perante uma montra com uma embalagem dourada extremamente apreciável e eu aprecio uma embalagem dourada -, mas mais nada do que isso.
As teses sobre as quais V. Ex.ª se demorou foram ontem todas rebatidas pelo Sr. Ministro das Finanças ao fim de 2 horas de intervenção neste Plenário.
Nada mais há a acrescentar. Tudo a que se tem assistido posteriormente não passa de aspectos de sector, todos eles pobremente aqui abonados.
O Sr. Deputado verberou actuações, inumerou falhanços, reconheceu atenuantes de forma muito simpática - o que também há que registar.

O Sr. António Arnaut (PS): Então não conhece o crime!

O Orador: - Sr. Deputado António Arnaut, isso é da competência jurídica de V. Ex.ª
No entanto, não ficou nada dito sobre o que o Partido Socialista poderia acrescentar. E, Sr. Deputado Almeida Santos, perdoe-me que lhe lembre que neste momento há que ter em conta a experiência de partidos socialistas na Suécia, onde imediatamente após a dissolução do poder foi feita uma desvalorização de 16%. Em relação a Espanha, posso facultar-lhe uma entrevista do indigitado Ministro das Finanças do Governo de Filipe Gonzalez, onde todas as medidas são mais conservadoras, mais liberais e mais retrógradas para usar a terminologia de V. Ex.ª - do que as que o Governo se propõe introduzir através do OGE de 1983, que V. Ex.ª também tão curiosamente zurziu.
Vale a pena que VV. Ex.ªs leiam esta entrevista que se refere a quando o Sr. Ministro indigitado se propõe reduzir de alguns pontos o nível salarial relativamente à inflação, quando se propõe ir mais além do défice do orçamento da Espanha, que dobrou no último ano, quando se propõe tomar um conjunto de medidas em que tem esperança que os resultados venham a ser compensadores.
Perdoem-me que insista em exemplos de outros países, mas se recordarmos o que foi a actuação do Partido Socialista quando foi governo não estamos nada longe do quadro atrás descrito.
Quando se acompanha os resultados da política do Sr. Mitterrand - que aprecio em termos de boa vontade -, que depois de ter dito que reabsorveria o desemprego o viu crescer neste último ano em muito mais de, salvo erro, 14% pois já ultrapassou os 2 milhões e tal de desempregados -, e quando procura tomar medidas que dão os resultados económicos que são do conhecimento geral, gostaria de perguntar a V. Ex.ª como é que o Partido Socialista se propõe a ser tão optimista. Ou será que a vossa prudente recusa em definir um horizonte temporal corresponde à tal prudência que é, com certeza, apanágio de V. Ex.ª
Finalmente, em relação ao arreganho citado por V. Ex.ª nas relações entre os órgãos de soberania, também gostaria que me dissesse se o Partido Socialista se sente tão à-vontade quanto isso para modificar esse tipo de arreganho nas relações internacionais.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro para os Assuntos Parlamentares.

O Sr. Ministro para os Assuntos Parlamentares: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Uso da palavra para formular um protesto em nome do Governo.
Não vou falar da consideração e do respeito que merece o Sr. Deputado Almeida Santos, nem do brilho oratório que normalmente coloca nas suas intervenções, embora não deixe de lamentar o facto de num debate de política económica se verificar a ausência de vozes de economistas prestigiados do Partido Socialista que poderiam acrescentar ao brilho oratório de V. Ex.» a sua experiência governativa e o conhecimento que têm agora de dados económicos da realidade portuguesa.

Aplausos do PSD e do Sr. Deputado Luís Coimbra (PPM).

Sr. Deputado Almeida Santos, em primeiro lugar protesto porque V. Ex.ª aludiu à conjuntura internacional, mas fugiu a analisar as políticas económicas que neste momento estão a ser desenvolvidas pelos países da OCDE. Valeria a pena ver a convergência larga que existe entre a tipologia dessas políticas e a política seguida pelo Governo.
Em segundo lugar, V. Ex.ª enumerou um elenco de preocupações, de dúvidas ou de críticas sobre forma interrogativa que são contraditórias. V. Ex.ª elegeu como objectivo a prioridade do emprego e ao mesmo tempo apontou como críticas medidas que têm a ver com o equilíbrio financeiro interno-externo, sabendo perfeitamente que a prossecução de uma política expansionista no domínio da produção e do emprego teria consequências que iriam agravar os sintomas que já considerou graves em termos de desequilíbrio financeiro e monetário interno-externo.
Aliás, economistas socialistas prestigiados têm preconizado medidas restritivas, nomeadamente concernentes à manutenção do equilíbrio externo, que teriam custos graves em termos da prossecução da política de emprego e de expansão da produção de que V. Ex.ª falou.
Em terceiro lugar, V. Ex.ª, sobre forma interrogativa, fez acusações que não são verdadeiras. E vou escolher