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29 DE JANEIRO DE 1985 1741

popular mais impressionantes da história da luta pela democracia no Brasil. E assim se abrem hoje animadoras perspectivas democráticas para o país nosso irmão que sentimos como se nossas fossem também.
Em V. Ex.ª, Sr. Presidente Tancredo Neves, saudamos a nova face do Brasil, como expressão que é dos seus novos rumos democráticos. Bastante seria dizer que, além da formação moral e intelectual demonstrada no seu percurso cívico e político, as suas raízes democráticas estão implantadas na boa terra mineira, onde ainda hoje se ouvem os ecos de Gonzaga e seus companheiros, tronco do movimento autonomista brasileiro, terra de onde, no Império e na República, saíram alguns dos mais notáveis homens públicos do Brasil e alguns dos mais significativos movimentos contra os excessos cesaristas.
É em liberdade e na democracia que o relacionamento entre os povos se pode expandir sem reservas e com maior proveito mútuo. As fases conturbadas da nossa história recente não favoreceram o estabelecimento da cooperação ao nível desejado pelos nossos sentimentos comuns. As restrições e dificuldades do passado têm agora melhores condições para ser ultrapassadas e, em vários domínios, estabelecerem-se relações frutuosas que enriqueçam as vidas colectivas dos nossos dois povos.
Mas, para além do passado, da cultura, da língua, do sentimento, igualmente hoje nos aproxima um posicionamento semelhante no contexto da ordem económica internacional de que derivam idênticas dificuldades e desafios. Os crescentes desequilíbrios mundiais,
Mudados os tempos, está V. Ex.ª na mesma cidade onde tão felizes decisões tiveram raízes e em véspera de assumir o mandato presidencial, talvez na conjuntura mais grave que foi dado viver aos homens.
Aquilo que esperamos, aquilo de que estamos certos é de que nesse planalto de Brasília, onde os Brasileiros construíram uma cidade inspirada pelo sonho de São João Bosco, na crença de que representava a primeira pedra da nova civilização universal, em paz, justiça e amizade, a acção de V. Ex.ª será digna e merecedora de que, não apenas um novo chefe de Estado de Portugal, mas os chefes de Estado dos países de língua portuguesa, todos juntos, lhe possam acrescentar o agradecimento de António José de Almeida por lhe ter sido dada a oportunidade e a honra de alargar e consolidar connosco, na paz, o convívio internacional do espaço cultural que é o nosso, e dele com as restantes áreas do Mundo.
Estamos certos de que encontrará sempre aqui, deste lado do oceano moreno, que é o mar que nos liga, a resposta autêntica de quem começou a aventura de nós todos. Mas terá sempre na sua própria Pátria o apoio da colónia portuguesa, esse grupo exemplar de trabalhadores do Brasil, que nos procuram com a obra ali realizada e que o povo brasileiro honra quando não os distingue dos seus naturais.
Fazemos votos para que o mandato de V. Ex.ª, tão corajosamente assumido nas circunstâncias de hoje, corresponda aos seus nobres desígnios, aos interesses do Brasil e aos anseios de nós todos. Que a divisa da vossa bandeira se transforme em regras vividas por todos os que falam português e que o termine, podendo afirmar que contribuiu decisivamente para a ordem e o progresso dos povos e para a paz da Humanidade.
Que mais uma vez e justificadamente, por causa da sua acção, todos possamos de novo agradecer ao Brasil, não já a decisão de se tornar independente, mas a de Ter assumido, com autoridade exemplar, as responsabilidades que lhe couberam no concerto das nações, alargando e consolidando a paz e a prosperidade dos povos.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: Tem a palavra o representante do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): Sr. Presidente eleito da República Federativa do Brasil, Sr. Presidente da Assembleia da República, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores: Vivemos com grande alegria esta oportunidade de o saudar com muito respeito e amizade, Sr. Presidente Tancredo Neves, tão poucos dias depois da sua memorável eleição, de saudar na sua pessoa o povo irmão do Brasil e de saudar o processo democrático brasileiro que V. Ex.ª simboliza.
Acompanhámos nós os comunistas portugueses - com a solidariedade mais activa, os sofrimentos sem nome e a luta destemida do povo brasileiro, durante as duas décadas de opressão e ditadura.
Seguimos depois com a maior emoção as grandes acções e manifestações populares pelas eleições directas que mostraram ao Mundo a vitalidade da Nação brasileira e constituíram uma tão potentosa afirmação de vontade colectiva que não podiam deixar de influen-