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1742 I SÉRIE - NÚMERO 44

ciar de forma decisiva todos os acontecimentos posteriores da vida política do Brasil.
Vimos com satisfação que tiveram intervenção destacada no movimento pelas «directas já» e depois no movimento de apoio à candidatura de Tancredo Neves, figuras das mais salientes da cultura, da ciência, das artes, das letras, do teatro e da televisão do Brasil, que gozam de grande prestígio em Portugal e têm um lugar de simpatia no coração do povo português.
No momento em que festejamos o regresso do Brasil aos caminhos da democracia não temos dúvida que o processo democrático brasileiro vai ter que enfrentar sérias dificuldades e obstáculos, mas estamos plenamente confiantes que a vontade inquebrantável já demonstrada pelos democratas e povo do Brasil será bastante para superá-los e ultrapassá-los.
Notamos com particular simpatia o sentido de grande dignidade nacional de que o processo brasileiro está imbuído e a ideia básica que o acompanha de que na nova democracia do Brasil todas as forças e correntes de opinião, políticas e sociais, devem ter possibilidade de se organizar e de se exprimir.
Trata-se de dois ensinamentos que aprendidos nós dias dolorosos da ditadura serão fundamentais para assegurar o florescimento e a consolidação da liberdade.
Esperamos de todo o coração que a feliz evolução da situação política brasileira favoreça de modo sério a cooperação em todos os domínios entre Portugal e o Brasil.
Há muita coisa a fazer! Do lado português também! Por isso garantimos, da parte do PCP, os melhores esforços para que este objectivo seja atingido.
Desejamos a V. Ex.ª, Sr. Presidente, e ao povo brasileiro os maiores êxitos nesta nova caminhada.
Que fortifique o processo democrático do Brasil!
Que fortifique a amizade entre os democratas, os povos e os Estados de Portugal e do Brasil!

Aplausos do PCP, do PS, do PSD, do MDP/CDE, da UEDS, da ASDI e do Sr. Deputado Independente António Gonzalez.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o representante do Grupo Parlamentar do Partido Social-Democrata, Sr. Deputado António Capucho.

O Sr. António Capucho (PSD): - Sr. Presidente da Assembleia da República, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Membros do Governo, Sr. Presidente eleito da República Federativa do Brasil: A visita de V. Ex.ª a Portugal e a presença nesta Assembleia da República foram e serão decerto sublinhadas por palavras sem dúvida sinceras mas talvez marcadamente protocolares.
Palavras sinceras de todos os que pretendem significar agradecimento pela vinda, regozijo pela eleição e, principalmente, esperança num futuro democrático e próspero para a Nação irmã.
Permita-nos, no entanto, que não sigamos por aquela via mais formal; que não nos demoremos a relembrar tudo aquilo que nos irmana, como a história e a língua comum; que não formulemos votos de entendimento fecundo nos vários campos que podem e devem aproximar mais os dois povos; que nem sequer nos detenhamos a salientar o papel da laboriosa comunidade portuguesa fixada no Brasil. Tudo isso é ou deve ser adquirido.
Permita-nos, antes, em nome do Partido Social-Democrata, nesta breve mas sentida saudação, que nos limitemos a testemunhar a V. Ex.ª que o desespero pelo golpe militar de há 20 anos, deu lugar, também entre nós, primeiro à esperança face às promessas e aos sinais de abertura política e, finalmente, ao entusiasmo pela democratização plena que a eleição de V. Ex.ª representa após o período de transição.
Transição apesar de tudo pacífica e, por isso, não deve ser esquecido o papel dos que cumpriram as promessas formuladas, especialmente o Presidente João Figueiredo. Como não pode ser esquecido o contributo essencial do povo brasileiro em todo este caminho culminado na eleição de V. Ex.ª
Para o êxito desta eleição V. Ex.ª terá congregado todos aqueles que admiram o político lutador de há 50 anos pela democracia e pela liberdade, mas talvez também tenha concitado a adesão daqueles que o reconhecem como homem prudente, negociador e consensual, sem abdicar dos princípios que sempre defendeu. .
Esperamos sinceramente que V. Ex.ª possa também congregar amanhã todos os Brasileiros à volta da reconstrução democrática e da reconstrução económica do Brasil, inseparáveis uma da outra, tal como V. Ex.ª terá referido durante esta viagem à Europa.
Permita-me, para terminar, que enderece a V. Ex.ª, Sr. Presidente Tancredo Neves, votos sinceros de muitas felicidades no cumprimento do elevado cargo para que foi eleito, felicidades extensivas a todo o Brasil Pátria irmã e ao seu povo.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o representante do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr. Presidente eleito da República Federativa do Brasil, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Deputados: Há quase 500 anos um cronista escrevia ao seu rei, dando-lhe, maravilhado, a nova do achamento. De certo modo, é a mais bela carta de amor da nossa língua. Com a descoberta do novo mundo nascia um amor novo: amor de povo a povo, amor de pátria a pátria, o mais difícil, o mais raro, o mais precioso.
Perdoe V. Ex.ª, Sr. Presidente Tancredo Neves, se evoco o passado para saudar a grande pátria do futuro, que é a sua - nossa pátria irmã. Somos um povo que ainda está a voltar aqui, carregado de seus encontros e desencontros, de seus deslumbramentos e de seus naufrágios, um povo que traz consigo a ternura que deixou repartida pelo vasto mundo, um povo sentimental, sobretudo em se tratando de reuniões de família. E que outra coisa é esta senão uma reunião de família, um reencontro de família na liberdade, no civilismo e na democracia?
Por isso, esta ternura e esta emoção herdadas de Pêro Vaz de Caminha, por isso este nosso maravilhamento perante essa outra forma de descoberta que é a chegada de um povo à democracia. Agora que a terra é toda uma, não há aventura mais exaltante do que a de um povo que constrói por suas próprias mãos a liberdade. No Brasil, como há 10 anos em Portugal, o povo é de novo sujeito do seu destino. Por suas