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4 DE JUNHO DE 1985 3323

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, está reaberta a sessão.

Eram 17 horas e 25 minutos.

Em presença do acontecimento que vitimou um dos nossos companheiros, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage, para ler um voto de pesar, subscrito por deputados do PS.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados:

Voto de pesar

Faleceu o deputado Catanho de Menezes, vítima de doença prolongada, que não abandonou até ao último momento as bancadas parlamentares numa comovente dedicação ao exercício do seu mandato.
Deputado desde a primeira legislatura, a sua constante presença na Assembleia da República caracterizou-se por uma relação de amizade e cooperação com todos.
Mereceu o respeito dos companheiros e camaradas de partido, e entre todos os deputados soube ganhar admiração. Deu testemunho de uma vivência política que deve ser um exemplo e inspiração para todos.
Travou, desde a juventude, um combate firme e coerente pela democracia, e deu um contributo decisivo à fundação do Partido Socialista, no qual desempenhou os mais altos cargos de direcção.
Catanho de Menezes integra-se numa geração que fez a transição da ditadura para a democracia sem ódios ou rancores, ajudando assim à criação de um ambiente ético e moral favorável à consolidação da vida democrática.
A Assembleia da República presta-lhe sentida homenagem, garantindo que o seu exemplo e a sua vida passarão a fazer parte do património moral deste órgão de soberania, ao qual consagrou muita dedicação e muito saber.
A Assembleia da República manifesta aos seus familiares a mais profunda solidariedade neste momento de dor.

O Sr. Presidente: - Vamos votar.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

O Sr. Presidente: - Porque a Mesa pretende solidarizar-se com o voto que foi lido pelo Sr. Deputado Carlos Lage em relação ao companheiro que perdemos, e em homenagem àquilo que ele foi e ao que deu a este Parlamento, convido os Srs. Deputados a acompanhar-nos num minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado José Vitorino.

O Sr. José Vitorino (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Vivemos um momento de pesar e prestamos uma homenagem justa e merecida ao nosso companheiro Catanho de Menezes que, desde a Assembleia Constituinte, aqui desenvolveu a sua actividade de uma forma assídua e empenhada.
Membro fundador do Partido Socialista, como aliás já foi dito, democrata de sempre, homem bom, homem de consenso e homem de fino trato, que irradiava simpatia e simplicidade para com os parlamentares de todos os partidos, em cada um de nós fez e deixou um amigo.
Diria que perdemos um democrata, perdemos um amigo e, deste modo, a Assembleia e a democracia ficaram mais pobres. Neste momento, e sobretudo a partir de agora, tenhamos, ao menos, a capacidade e a dignidade de o saber honrar, continuando a sua luta pela defesa da democracia e do regime e pelo bem-estar do povo português.
O PSD apresenta as suas condolências à família e ao Partido Socialista, que também ficou mais pobre.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É talvez um lugar-comum dizer que há momentos em que não encontramos palavras para traduzirem aquilo que é nosso sentimento. Mas, porquê, Sr. Presidente, Srs. Deputados, recusar o lugar-comum quando é afinal, ele que em determinados momentos melhor corresponde àquilo que sentimos?
Com a morte do Sr. Deputado Catanho de Menezes perco não apenas um colega com o qual, ao longo dos anos e através de um convívio quase diário, se foram estabelecendo laços de simpatia e amizade, perco não apenas um camarada, mas, e acima de tudo, um amigo muito querido, alguém em relação ao qual se foi, ao longo de muitos anos que se perdem já na minha memória, estreitando uma amizade construída numa luta diária, numa luta comum. Catanho de Menezes era alguém que os Srs. Deputados conheceram, de uma extrema simplicidade e de uma enorme modéstia. Simplicidade e modéstia essas, que só tinham um paralelo no empenhamento total com que ao longo da sua vida se dedicou à causa da democracia e da liberdade.
É que por detrás da sua modéstia e da sua simplicidade havia a intransigência total de alguém que nunca proeurou na vida política nem benesses nem as luzes da ribalta, mas apenas a conquista daquilo que para ele eram valores fundamentais.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero terminar dizendo apenas que é com uma grande emoção que eu e os meus camaradas nos associamos ao voto de pesar apresentado pelo Partido Socialista.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Beiroco.

O Sr. Luís Beiroco (CDS): - Sr. Presidente. Srs. Deputados: É com alguma emoção que a nossa bancada se associa ao voto que foi apresentado pelo Partido Socialista.
Queremos com isso prestar homenagem à memória de um colega nosso que era um grande democrata, que foi um grande combatente pela liberdade, um grande dirigente de um partido democrático, mas queremos, sobretudo, prestar a nosso homenagem a alguém com quem privámos durante largos anos, alguém que sempre manifestou não apenas a maior simplicidade e a