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3324 I SÉRIE - NÚMERO 89

maior afabilidade nas relações humanas dentro e fora desta Casa, mas também a alguém que soube sempre manter uma tolerância verdadeiramente exemplar no convívio com pessoas que não perfilhavam as suas ideias.
Creio que é esta a melhor homenagem que neste momento lhe podemos prestar.
Por isso, quero, em nome do Grupo Parlamentar do CDS, apresentar as nossas condolências à família do Sr. Deputado Catanho de Menezes e também ao Partido Socialista. Sabemos que a Assembleia da República ficou mais pobre e mais pobre ficou também a democracia portuguesa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Foi com grande emoção que soubemos da notícia do falecimento do Sr. Deputado Catanho de Menezes e que nos associámos e votámos o voto apresentado pelo PS.
Todos conhecemos, e pessoalmente conheci muito cedo, muito jovem ainda, o nome de Catanho de Menezes como um lutador antifascista, um activo participante das comissões democráticas da luta contra o fascismo e um defensor dos presos políticos no Tribunal Plenário de Lisboa, um homem de grande solidariedade para com os presos políticos, sempre atento, sempre militante em sua defesa.
Depois, tivemos com ele um largo convívio aqui na Assembleia desde a Constituinte e somos daqueles que também devemos testemunhar a sua enorme modéstia, a sua grande simplicidade, mas também o seu valor. Com tudo isto, creio que era, para todos nós, uma grande referência da luta antifascista e dos valores da luta pela liberdade e pela democracia.
Por isso mesmo, nos associamos às palavras aqui proferidas pelos deputados da bancada do PS e por todos os Srs. Deputados. Também nos inclinamos com muito respeito, com muita mágoa, com muito desgosto, ante a memória de Catanho de Menezes.
Endereçamos à sua família as condolências e a solidariedade da bancada do PCP e dirigimos também à bancada do PS na Assembleia da República os nossos protestos de solidariedade, a nossa firme determinação de lutarmos para que a memória de Catanho de Menezes permaneça na consciência e no conhecimento dos democratas, sobretudo das novas gerações de democratas.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Raul Castro.

O Sr. Raul Castro (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Habituámo-nos a considerar o deputado Catanho de Menezes hoje, infelizmente falecido, como alguém que já nos distantes anos 40 ao nosso lado lutou no MUD/Juvenil pelo advento da democracia em Portugal.
Trata-se não só, já aqui foi referido, de alguém que como deputado o foi desde o tempo da Assembleia Constituinte, mas também de um democrata, de um resistente antifascista, desde esses distantes e difíceis anos, em que juntamente com outros democratas se empenhou pelo restabelecimento da democracia em Portugal.
Por isso, o MDP/CDE associa-se inteiramente ao voto de pesar apresentado pelo PS e exprime a esse partido e à família de Catanho de Menezes o profundo pesar pelo seu desaparecimento, prestando a merecida homenagem à sua memória.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Magalhães Mota.

O Sr. Magalhães Mota (ASDI): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Também nós nos curvamos, respeitosamente, perante a memória do nosso companheiro Catanho de Menezes e apresentamos á sua família e ao PS as nossas condolências.
Creio, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que talvez esta hora em que a morte de um colega, e porque não dizê-lo de um amigo de quase todos nós, nos junta e nos reúne, seja a altura para fazer também alguma reflexão e dizer que Catanho de Menezes pôde ser, para muitos de nós, alguma coisa de muito especial na vida política portuguesa.
Quando muitas vezes aquilo que se convencionou chamar classe política é acusada de se cooptar, de procurar sempre pôr-se em evidência, de procurar sempre exibir-se, Catanho de Menezes pôde mostrar a diferença de alguém que, muito discretamente, muito serenamente, sem que ninguém desse por ele, sempre esteve presente em todos os momentos difíceis, em todas as dificuldades e sempre soube afastar-se na altura dos triunfos, na altura em que se procuram os que se evidenciam e na altura em que se busca a fácil partilha das glórias ou das vitórias.
Creio que o exemplo de quem se apaga, de quem voluntariamente se apaga e que por isso mesmo sabe e tem a consciência profunda de que com ele ou sem ele as coisas devem fazer-se e prosseguir, merece ser realçado.
sse exemplo de profunda humildade de um homem, de um homem que todos nós quantos com ele privámos e que conhecemos mais de perto sabíamos do seu autêntico tamanho, soube, apesar de tudo, apagar-se para que outros brilhassem, para que outros pudessem ocupar lugares, para que outros pudessem evidenciar--se. Porque, esse exemplo é raro, creio que merece, de algum modo, ser reflectido.
Creio que muitas pessoas não terão, precisamente por estas qualidades, reparado em Catanho de Menezes. Mas aqueles que viveram épocas difíceis, aqueles que o conheceram ao longo dos anos, aqueles que puderam beneficiar da sua amizade, sabem da sua presença, da sua força e do que ele valia.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, em virtude do falecimento do Sr. Deputado Catanho de Menezes, iremos interromper esta sessão.
Amanhã não haverá Plenário, em sinal de luto pela morte do nosso companheiro Catanho de Menezes, cujo corpo está depositado em câmara ardente, na sede do Partido Socialista, no Largo do Rato.
Srs. Deputados, a nossa próxima sessão plenária terá lugar na próxima quarta-feira, dia 5, pelas 10 horas, prolongando-se até às 18 horas, com período de antes da ordem do dia e a conclusão da discussão dos diplomas agendados para hoje, isto é, apreciação do projecto de lei n.º 28/III, apresentado pelo PCP, que