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1120 I SÉRIE - NÚMERO 34

A Sr.ª Helena Roseta (Indep.): - Peço a palavra, Sr. Presidente, para interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Helena Roseta (Indep.): - Sr. Presidente, fiz na passada terça-feira uma interpelação à Mesa, tendo-me o Sr. Presidente esclarecido que a questão da guerra do Golfo não estava incluída no período da ordem do dia. Volto a perguntar à Mesa se o período da ordem do dia das próximas sessões plenárias incluirá ou não essa questão.

O Sr. Presidente: - Sr.ª Deputada, à medida que os agenciamentos das matérias vão sendo feitos, vai também sendo dada, pela entidade competente, publicidade desses agendamentos. No boletim informativo da sessão de hoje são publicitados os agendamentos já concretizados.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. José Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Jorge Sampaio...

Vozes do PS: - Oh, ora essa!...

O Sr. Luís Geraldes (PSD): - Tenham calma!

O Orador: -... - lastimo que ele não esteja presente em pessoa, mas está-o decerto institucionalmente, pois de outra forma não seria de entender em quem deseja a presença assídua do Sr. Primeiro-Ministro nesta Assembleia - vai-se embora na próxima semana...

O Sr. Luís Geraldes (PSD): - Que pena!...

O Orador: -.... e nós não queríamos que isso acontecesse sem o interpelarmos com muita clareza e frontalidade, em nome do respeito que nos merece como pessoa, como cidadão e como político, mas também em nome do respeito a que nos obriga o PS, pelo seu insubstituível papel na solidez do regime democrático.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado Jorge Sampaio, abandonando a presidência da Câmara de Lisboa, veio aqui fazer o quê? Trazer uma ideia nova ao País? Apresentar uma proposta concreta para a governação? Anunciar uma postura diferente, construtiva e útil do PS sobre os grandes problemas nacionais ou mundiais?
Não! Nada! O Sr. Deputado Jorge Sampaio veio à Assembleia da República fazer um discurso com a mesma finalidade com que, de madrugada, foi afixada a sua fotografia do «Agora Nós». A infelicidade da operação tribunícia ultrapassa a do cartaz publicitário.
O Sr. Deputado veio pregar a transparência. Pois bem, diga-nos quanto gastou a Câmara de Lisboa, ou o PS, sob a sua liderança com anúncios de promoção, cartazes e edições de luxo.

O Sr. António Domingues de Azevedo (PS): - E quanto gastou o Governo com o PSD? Milhões!

O Orador: - O Sr. Deputado veio pregar o parlamentarismo, preconizando a presença aqui semanalmente do Sr. Primeiro-Ministro. Pois bem, diga-nos se tenciona vir semanalmente ao Parlamento. O PSD declara-se pronto a aprovar todas as alterações legais necessárias para o efeito.

O Sr. Deputado veio pregar a cidadania. Pois bem, diga-nos por que nomeou representantes seus para a preparação do congresso do PS, os célebres «comissários», que tantos protestos ocasionaram no seu partido.
O Sr. Deputado veio pregar o diálogo. Pois bem, diga-nos por que não o pratica. E sabe quantas são as queixas dentro do seu próprio partido e fora dele!
O Sr. Deputado veio afirmar que é preciso pôr termo ao carnaval ideológico. Ora, hoje o PS, ideologicamente, está em pleno e eufórico carnaval.
O Sr. Deputado veio dizer quem é que acha dever ser da direita, do centro-direita, da esquerda e do centro-esquerda. Pois bem, diga-nos então por que não é o PS de coisa nenhuma.
O Sr. Deputado garante que «não é a maior ou menor quantidade do voto comunista em Portugal que influencia a posição dos socialistas». No entanto, foi decerto a quantidade do voto PS que o influenciou a si e à sua «evolução sem abdicações».
O Sr. Deputado vangloria-se de pertencer à maior família política internacional e revela-nos que a tem utilizado para ajudar o Governo nos bons resultados das cimeiras europeias. Entende-nos essa sua ingénua crença no inter-nacionalismo. Pois bem, sugerimos-lhe que peça à família que dê direito de voto aos emigrantes portugueses ao menos nas eleições autárquicas.
O Sr. Deputado declara que «os partidos têm de pôr à prova a sua flexibilidade, o seu espírito consensual e o seu empenhamento patriótico». Pois bem, Sr. Deputado, declare aqui mesmo, se a coragem e a coerência não lhe desfalecem, o seu apoio à política do Governo neste transe tão difícil da guerra do Golfo.
O Sr. Deputado veio aqui dizer-nos uma verdade muito amarga: que sé difícil olhar para o mundo sem descobrir um número crescente de incertezas». Mas será por isso que o PS hoje, sob a sua liderança, não é mais do que uma enorme, atribulada, angustiante e confrangedora incerteza?
O Sr. Deputado comunicou-nos que o seu partido vai «definir, em diálogo com os agentes económicos, sociais e políticos, uma estratégia nacional de modernização e desenvolvimento», que vai «desenhar para o País um modelo de especialização produtiva», que vai «definir um modelo de sector empresarial do Estado», etc.
Pois bem, Sr. Deputado, vá e depois volte. Nós queremo-lo aqui para a semana!

Aplausos do PSD.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Maia Nunes de Almeida.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Martins.

O Sr. Alberto Martins (PS): - Sr. Deputado Silva Marques, começaria por lhe agradecer, em nome da minha bancada, ter aceite o convite que dirigimos aos diversos grupos parlamentares, tendo respondido, desta feita, pelo PSD, no sentido da valorização da vinda do Sr. Deputado Jorge Sampaio à Assembleia. V. Ex.ª fê-lo e, para nosso bem, do modo desastrado que acabámos de presenciar, como aliás não poderia ser de outra forma.

Vozes do PS: - Muito bem!