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25 DE JANEIRO DE 1991 1121

O Sr. Luis Geraldes (PSD): - Muito mal!

O Orador: - Devo dizer que a proposta política de diálogo que o meu camarada Jorge Sampaio apresentou à Assembleia tem a ver com as necessidades dos Portugueses. Nas duas intervenções que aqui produziu, o meu camarada Jorge Sampaio...

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Mas é mesmo camarada?...

O Orador: - Sim, é camarada. O Sr. Deputado também já os teve, mas dispensou-se disso em tempo oportuno, sendo certo que na altura os seus camaradas eram mais estalinistas.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Eu não fui pedir perdão e fazer vénias ao Américo Tomás!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O grande problema dos antigos devotos, Sr. Deputado, é o de continuarem sempre com uma margem de religiosidade impagável.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Dizia eu que as questões aqui colocadas pelo secretário-geral Jorge Sampaio, nos dois discursos que proferiu, foram basicamente a das presidenciais e o novo ciclo que elas abrem e a da Europa. São duas questões de fundo a que o Sr. Deputado Silva Marques não respondeu e relativamente as quais o PSD pouco tem a dizer, não tem família, tem poucas ideias e «dor de cotovelo» por não ter família ao nível europeu.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Tem ainda uma outra «dor de cotovelo»: a do pluralismo interno que existe no Partido Socialista. Nós, no Partido Socialista, caracterizamo-nos pela singularidade de existir um debate aberto, livre e em absoluto disponível.

O Sr. Fernando Gomes Pereira (PSD): - Que o diga o deputado Amónio Barreto!...

O Orador: - No PSD, quando alguém discorda é expulso. No Partido Socialista isso não se faz.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado Silva Marques distribuiu palavras e foi, mais uma vez, histriónico e funâmbulo. Desta vez foi um pouco ferrabrás, mas de poche, e por isso não acertou no alvo.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. José Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Alberto Martins, não quereria prolongar a discussão, porque há que dar tempo ao Sr. Deputado Jorge Sampaio, secretário-geral do PS, e ao próprio PS para reflectirem. Visto que estão a definir as coisas, há que lhes dar tempo.
Esperemos que pelo menos para a semana tenham já alguma coisa de concreto dessa definição.
Sabemos que o mundo é difícil. Diria, com toda a franqueza, que compreendo o Sr. Deputado Jorge Sampaio quando diz solhamos o mundo com uma crescente incerteza)». De facto, o mundo é muito difícil e a questão do modelo ainda o ó mais.
O que nos comove bastante é sobretudo a afirmação «não foi a quantidade do voto que nos fez mudar, foi uma evolução etérea, independentemente do voto». É claro que alguns mudaram antes de haver eleições no País. O que é curioso é que outros o fizeram precisamente a partir do momento em que começou a existir direito a voto.
Permito-me assinalar que, para além do Sr. Deputado Jorge Sampaio, o Sr. Deputado Alberto Martins já que tomou a palavra, e não queria deixar de pôr em relevo a sua personalidade política também foi um dos que evoluiu, decerto, sem qualquer influência da quantidade do voto.
O que é curioso é que só depois de o PS se ter afirmado como um grande partido ele veio a ser procurado por outrem que sempre esteve fora do PS e contra o PS. Decerto que a reflexão que entretanto ocorreu nada teve a ver com a influencia quantitativa do voto!

Risos do PSD.

Espero que a mesma reflexão, assim como os trouxe ao PS na altura das vacas gordas do voto, não os faça abandonar o partido no caso de umas vacas magras do voto e que o facto de o poder não estar assim tão próximo para o PS não obrigue esses intrépidos filósofos da reflexão política a perderem a esperança e o entusiasmo da reflexão. Espero, por isso, que se mantenham no PS por muitos e bons tempos e não o abandonem, sobretudo com a precipitação com que a ele aderiram.
Reconheço que as atribulações da vida e as incertezas do mundo trazem muitas surpresas à vida política, mas espero que as surpresas se vão atenuando e que cada um do nós se mantenha, do forma perdurável, nas suas opções de fundo.
Sr. Deputado, quanto a diálogo e a reflexão geral já estamos bem doseados. O que desejamos são respostas concretas, embora com a atribulação da incerteza. Fiz um desafio ao PS em nome da Pátria, e de Portugal, acima de tudo, pois foi o Sr. Dr. Jorge Sampaio quem disse que em primeiro lugar está a Pátria; e está correcto, porque nós sempre o afirmámos.
Então, Srs. Deputados, se estão libertos de condicionantes partidárias, façam uma declaração formal e pública, aqui ou fora daqui, de que o PS apoia a política do Governo nesta tão difícil situação da guerra do Golfo. Os senhores até hoje ainda não a fizeram e isso só mostra que os senhores, uma vez mais, afirmam mas não praticam, conversam mas não realizam, e é isso, hoje, que marca uma grande diferença entre os sociais-democratas e os socialistas.
Sr. Deputado Alberto Martins, não quis prolongar as minhas questões concretas, mas acrescento-lhe uma: os Srs. Deputados, para além de apoiarem a política do Governo na questão do Golfo, apoiam também a política do Governo relativamente a outras matérias da maior imponência nacional, como seja a relação com os países de expressão oficial portuguesa? Apoiam a política do Governo, por exemplo, ao pretender que sejam levantadas as sanções à África do Sul como forma de incentivar o processo evolutivo que ali está em curso?