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1124 I SÉRIE - NÚMERO 34

problema em Lisboa. Então, pergunto-lhe qual seria a situação nos outros hospitais se a urgência do Hospital de São Francisco Xavier não existisse.
A segunda questão a que me quero referir, esta sim tipicamente terceiro-mundista, de que V. Ex.ª terá sempre cuidados primários e cuidados diferenciados, leva-o a bater numa nova solução que foi engendrada - a dos CATU -, que aqui, pura e simplesmente, procurou desfazer. Assim, pergunto-lhe se o seu proteccionismo paralisante que o leva a criticar a solução dos CATU e a engendrar soluções perfeitas o levaria também, no espaço que medeia entre essas soluções perfeitas a não fazer nada, pura e simplesmente.
A terceira questão constitui, Sr. Deputado, uma contradição evidente do seu discurso, quando diz que o Governo sofre de variadíssimas coisas, nomeadamente de hospitalite aguda, porque as obras de hospitalile aguda de que o Governo sofre é que são politicamente rentáveis. Por isso, pergunto-lhe se V. Ex.ª desconhece que, no ano económico de 1991, ficam prontos mais de 100 centros de saúde em Portugal e se desconhece que com o dinheiro que se gasta num hospital médio seria possível fazer entre 60 e 100 centros de saúde e o que é que, em sua opinião ou na opinião do seu partido, é politicamente mais rentável: fazer 60 a 100 inaugurações pelo País ou fazer uma só num grande hospital num grande centro.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. José Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Rui Cunha, gostaria apenas de colocar-lhe uma questão que respeita não propriamente à matéria específica a que acabou de referir-se, mas à matéria geral da ética e do exemplo da incoerência, pelo que, neste sentido, pergunto: o que é que o Sr. Deputado pensa sobre os tempos de antena na televisão da responsabilidade e suportados pela Câmara Municipal de Lisboa para divulgação das suas iniciativas?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Filipe Meneses Lopes.

O Sr. Luís Filipe Meneses Lopes (PSD): - Sr. Deputado Rui Cunha, creio que V. Ex.ª escolheu o dia aziago para fazer esta intervenção, porque, felizmente, hoje, tanto eu como o meu companheiro Nuno Delerue estamos de posse de alguns documentos que lhe podemos mostrar e que podem envergonhar o Sr. Deputado e o Partido Socialista.

Protestos do PS.

Quer em relação aos cuidados primários, quer em relação a todas as outras matérias da governação, VV. Ex.ªs não têm qualquer razão para falar. De facto, herdámos um sistema mau - o vosso - e temos vindo a geri-lo com grande capacidade e qualidade. Mas, Srs. Deputados, não vamos ficar pelos adjectivos, vamos mostrar factos.
VV. Ex.ªs perguntam: o que é que fizemos a esses cuidados primários? Procurámos dotá-los do pessoal indispensável para que funcionassem de forma digna em termos quantitativos.

Vozes do PS: - Quando?

O Orador: - Quando?! Posso mostrar-lhes alguns gráficos, Srs. Deputados, e dar-lhes até o exemplo dos médicos. Existem, neste momento, em Portugal, 7800 médicos colocados nos cuidados primários. Destes, 3200 foram colocados pelo Secretário de Estado do PSD, Paulo Mendo, 4000 durante os Governos do Professor Cavaco Silva e só cerca de 600 aquando da governação socialista, quando o Dr. Maldonado Gonelha era ministro.
Mas posso ainda referir outros aspectos. Quanto aos centros de saúde construídos em Portugal para servir o vosso modelo, olhe aqui para este gráfico, Sr. Deputado, e tenha vergonha! Como pode ver, esta «coisinha pequenina», aqui à esquerda, corresponde aos anos de 1982, 1983 e 1984 - anos da governação socialista- e a partir daqui, mais â direita, esta «coisa alta» corresponde aos Governos do Professor Cavaco Silva.
Como já referiu o meu companheiro Nuno Delerue - e o Sr. Deputado João Camilo abanou a cabeça, o que significa que até nas estatísticas o PCP começa a estar um pouco «por baixo» -, este ano, em centros de saúde e em extensões...

O Sr. João Camilo (PCP): -Ah, ah, ah!!!

O Orador: - Ah, ah, ah!!!, que grande diferença, Sr. Deputado João Camilo!
Como ia dizendo, este ano vão ser inaugurados não 111, como referiu o meu companheiro Nuno Delerue, mas 127 novos centros de saúde. E as populações desta lista - que é quase a lista dos telefones - certamente não estão de acordo com o Sr. Deputado Rui Cunha e com o Partido Socialista.
Mas todos estes aspectos não coincidem com as afirmações que o Sr. Deputado produziu. Na verdade, nos últimos cinco anos os índices sanitários, em Portugal, evoluíram de forma extremamente satisfatória. Por exemplo, a mortalidade infantil -um dado muito importante a que o senhor se referiu atingiu os 19,19 durante a vossa governação e baixou para 16,78. Hoje, em Portugal, atinge os 12,1 e em muitos distritos do País, como por exemplo o de Coimbra, ronda já os 8,5/9, o que está muito próximo dos valores que podemos encontrar nos países mais desenvolvidos da Europa.
Passa-se o mesmo com outros índices, que aqui estão expressos, isto é, com a mortalidade neonatal, a mortalidade neonatal precoce, a mortalidade fetal tardia, a mortalidade perinatal e a esperança de vida ao nascer.
Quanto aos CATU, penso que VV. Ex.ªs pegam lambem no problema de uma forma errada. O Sr. Deputado Rui Cunha sabe que, em 1990, o número de urgências nos hospitais distritais e centrais, em Portugal, diminuíram? Portanto, aquilo que o Ministério da Saúde agora vai fazer...

O Sr. Rui Cunha (PS): - Diminuíram?!

O Orador: - Diminuíram, sim, Sr. Deputado! Posso dar-lhe os números para que o Sr. Deputado, da próxima vez, possa fazer uma intervenção mais bem feita.

Risos do PSD.

Com efeito, o que o Ministério da Saúde pretende não é dar já respostas em termos quantitativos à urgência, mas, sim, pôr as urgências mais próximo das populações; fazer com que os Portugueses, que tem de se deslocar ao Hospital de Santa Maria ou ao Hospital de São José, possam ter,