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I SÉRIE - NÚMERO 34

nidade Europeia, dando origem ao serviço noticioso Euronews, onde, espantosamente, a língua portuguesa, pura e simplesmente, não aparece.
Queria recordar àqueles que estão mais distraídos que o português é a terceira língua da Comunidade mais falada em todo o mundo e é, em termos absolutos, a quinta língua mais falada no mundo.
Nada disto tem a ver, evidentemente, com a subestimação e a possibilidade, em paralelo (e uma coisa não exclui necessariamente a outra, bem pelo contrário), do acolhimento que nos merece esta petição do Movimento Esperantìsta - aliás, se o Sr. Presidente e os Srs. Deputados me permitem, aproveito para saudar este Movimento, uma vez que muitas das pessoas ligadas a ele se encontram, neste momento, nas bancadas reservadas ao público -,...

Aplausos gerais.

... pelo que, da parte do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, queremos deixar bem claro que a introdução do ensino do esperanto a nível curricular opcional, a pretexto, no bom sentido, da reforma do sistema educativo, merece todo o acolhimento.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lélis.

O Sr. Carlos Lélis (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Por acasos, acertos, desacertos da vida profissional e da vida parlamentar, coube-me em sorte, hoje, a petição sobre o Esperanto. Acontece que em anos anteriores, na Universidade de Clermont-Ferrand, onde trabalhei algum tempo, havia uma cátedra de Esperanto e pude pessoalmente criar laços de amizade com o seu titular. Por essas razões e outras, até culturais, não tenho qualquer preconceito ou qualquer pressuposto desfavorável a este assunto.
O objecto da petição visa realizar uma experiência piloto em seis turmas do ensino secundário do nosso país, com as vantagens que a petição enumera e que as suas quase 3000 assinaturas procuram reforçar.
Os peticionários apresentam argumentos a montante e a jusante, com razões, aliás, excelentemente produzidas, razões que pecam talvez mais por excesso do que por defeito. E as ideias, como as pessoas, às vezes são vítimas das suas próprias qualidades.
Aqui, a ideia de uma língua internacional ou supranacional, instrumental, propedêutica, como o esperanto, tem uma aura da utopia - sublinho, da utopia - que acompanha muito boas causas.
Se, por definição, utopia é o que não tem lugar, o esperanto ganhou terreno com a flexibilidade dos seus étimos e dos seus afixos, com a criatividade verbal concedida aos seus utentes, com a sua gramática simplificada, reduzida a uma folha A4, e com as suas regras, só 16, sem excepções - repito, sem excepções.
Mas, na aldeia global em que a comunicado nos situou, já não estamos sós. A Europa a duas velocidades é uma expressão que já não colhe, tecnicamente. Em Bruxelas e em Estrasburgo, fixam-se directivas. Acompanhámos diligências na UNESCO para que a língua portuguesa fosse considerada língua de trabalho e temos ainda a lembrança das dificuldades e do tempo que gastámos e em que nos empenhámos para que essa implantação do português como língua de trabalho se tornasse viável.
Dar expressão concreta à petição teria também o propósito de contrariar qualquer monolinguismo que confronte o inglês ou qualquer hegemonia cultural. Mas também acreditamos, sabemos e defendemos que espaço linguístico é o resultante de um processo histórico afirmativo, pela afirmativa, pela afirmação.
O português, como quinta língua mais falada no mundo e com cerca de 200 milhões de falantes no ano 2000, não está assim tão mal, se compararmos com outras áreas em que, na ordem de selecção e de enumeração, o nosso lugar como país tem muitos mais algarismos.
Parece ainda, sem termos feito uma consulta prévia ao Ministério da Educação, que a reforma do sistema educativo tem, hoje, já demasiadas vertentes, demasiadas preocupações e perturbações para os alunos, para os professores, para os encarrregados de educação. De tal forma que o sistema educativo se tornou - permitam-me uma expressão rápida - um sistema nervoso.
Hoje, em tempo de União Europeia, a nível de quadros, quem não dominar mais de duas línguas, estará, com certeza, desfavorecido no confronto com outros técnicos e com a circulação de quadros qualificados neste espaço de trabalho ...

O Sr. Presidente: - Queira terminar, Sr. Deputado.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
Pergunto aos peticionários: quererá a Comunidade Europeia adoptar supranacionalnente o esperanto como língua instrumental comum, poupando até nas traduções, salvaguardando línguas com menor implantação?
Sabemos mesmo que, no Parlamento Europeu, 65 Deputados são favoráveis a essa ideia. Mas, com realismo, não há qualquer directiva e as esperanças dos peticionários, quando invocam este apoio, invocam, sobretudo, e crescem, nas omissões. Ora, hoje não estamos sós nesse mercado comum, não avançamos, nem inovamos sozinhos.
Finalmente, para destino desta petição, sugiro que os peticionários escolham o Parlamento Europeu como sede própria para a audição dos seus argumentos. Se optarem por essa sede própria, sempre haverá uma sede, sempre haverá um lugar para a sua utopia, utopia em sentido real,...

Vozes do PCP: - Ó Sr. Deputado!

O Orador: - ... para que essa utopia possa vingar. Mas não aqui, em nossa opinião; não aqui, com todos os acenos de simpatia; não aqui, apenas por falta de condições práticas e políticas.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Martins.

O Sr. André Martins (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Como sabemos, ao longo da História do Homem, a língua tem sido também um factor de domínio, de aculturação, nas relações entre os povos. Por isso, pensamos que esta proposta deverá ser bem aceite pelo Ministério da Educação, até porque, como consta da própria petição, e, se me permitem, passaria a ler um excerto:

Tal como a ecologia é a resposta conseguida para o problema da preservação do ambiente, bem se