O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

72 I SÉRIE-NÚMERO 3

O Orador: - O PSD e o governo já nos tinham habituado aos abusos de poder e à arrogância dos seus comportamentos, mas o que o líder do grupo parlamentar do PSD acabou por fazer ultrapassar tudo o que e admissível em política e violenta as mais elementares regras da convivência democrática e da educação cívica que devem existir entre todos quantos se dedicam à causa pública.

Aplausos do PS. Protestos do PSD.

O líder do grupo parlamentar do PSD foi deselegante, incorrecto e inconveniente ao aproveitar-se da ideia do Sr. Presidente da Assembleia da República em conferir solenidade à abertura de mais um ano parlamentar para desferir ataques pessoais, jamais ouvidos nesta Sala, contra o líder da oposição.

Vozes do PS: - Muito Protestos do PSD.

O Orador: - A maioria aritmética que detêm não legitima, nem ao Sr. Deputado Duarte Lima nem a ninguém, a violação das mais elementares regras de cortesia e conduta cívica contra qualquer cidadão, muito menos contra um

Deputado ou contra o líder

do maior partido da oposição.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O líder portou-se mal, mesmo muito

Protestos do PSD.

Deu um vergonhoso exemplo do que não deve ser o comportamento de um representante do povo português!

Protestos do PSD.

É bom, caso ainda o não tenha feito, que reconheça o seu erro e se apresse a pedir desculpas ao Engenheiro António Guterres.

Risos do PSD.

Mas, Srs. Deputados, a atitude desesperada e inoportuna do líder do grupo parlamentar do PSD não é um acto isolado: ela faz parte de uma campanha mais vasta de tentativa de ataque contra o PS e contra António Guterres!
Ontem, nesta mesma Sala, o Ministro Adjunto, usando da palavra a propósito da interpretação do PCP sobre a situação económica e social, em vez de responder às questões que legitimamente lhes tinham sido postas, enveredou também por atacar o PS e António Guterres.
Estas duas intervenções (a primeira à boleia de uma sessão solene e a segunda à boleia do Partido Comunista), vindas de quem vêm, ou seja, do líder do Grupo Parlamentar do PSD e do Ministro Adjunto, aliás (glosando a intervenção do Primeiro-Ministro ao Grupo Parlamentar do PSD feita dias antes, exprimem o pânico e o medo que pairam no interior do PSD e do Governo perante o crescendo de apoio popular que vai granjeando a alternativa liderada pelo PS.

Aplausos do PS. Risos do PSD.

O alarme tocou no Governo e no PSD: afinal a alternativa existe!

VV. Ex.as, hoje, estão muito nervosos, mas ainda vão levar mais !...
Incapaz de enfrentar e resolver os problemas que não previu, o Primeiro-Ministro expõe a público o seu nervosismo; incapaz de dar aos portugueses uma resposta de esperança face as angústias e inquietações, o Sr. Primeiro-Ministro lenta fazer uma operação de diversão e dá o exemplo e a ordem: "Ataque-se o PS, ataque-se António Guterres!".
Ao fazer isso, o PSD mostra, mais uma vez, que se tornou num partido sem ideias e, sobretudo, sem soluções para Portugal. A sua política é a conservação do poder pelo poder. Perdeu a alma e a única coisa que agora sabe fazer é atacar a oposição.
Mas, ao atacar o PS, o PSD confessa que há uma viragem a favor dos socialistas e reconhece que António Guterres se posiciona aos olhos dos portugueses como sério candidato a Primeiro-Ministro de Portugal.

Aplausos do PS. Risos do PSD.

O PSD e Cavaco Silva optaram claramente pela propaganda e pelo ataque pessoal. O País ficou a conhecer qual é a vossa estratégia!
Aos problemas concretos dos portugueses, os senhores do PSD dizem nada!
Agora só lhes interessam duas coisas: António Guterres e o PS! Diga-se o que for preciso, desrespeite-se sem qualquer decouro a verdade, utilizem-se todos os argumentos.
Aos que procuram emprego ou temem a perda dos seus postos de trabalho, responda-se atacando o PS; aos empresários que têm as suas empresas em asfixia financeira, responda-se denegrindo o líder do PS; aos agricultores que olham o futuro com desespero, responda-se culpando Mário Soares pelo que fez em 1985; aos que se indignam com a completa desorientação que o vosso Ministro da Educação impõe ao sistema educativo, aponte-se o dedo acusador para o PS e para António Guterres.

O líder do PS até é culpado por falar bem demais.

Pois fiquem desde já avisados: o PSD Cavaco Silva e o Governo não nos intimidam.
Não temos medo da vossa campanha, como no passado não tivemos medo das campanhas contra nós lançadas antes e depois do 25 de Abril.
Estamos tranquilos e serenos. Nós avisámos a tempo. Chamámos a atenção para a crise, enquanto os senhores se riam e nos apelidavam de profetas da desgraça e de miserabilistas.
Nós falámos e continuamos a falar a verdade.
Para o PS o combate ao desemprego é uma prioridade e a resposta aos dramas sociais que o desemprego gera um imperativo moral.
Para o Primeiro-Ministro uma taxa de desemprego de 6 %, aliás ultrapassada, é "um enorme sucesso" deste Governo. A escolha para os portugueses está a partir de agora muito simplificada.
A vossa obsessão pelos números e pelas estatísticas cegaram a vossa sensibilidade para compreenderem os problemas sociais e humanos.
Os senhores estão esgotados, pararam no tempo, já não têm soluções e os portugueses estão a aperceber-se disso.
O Primeiro-Ministro perdeu a autoridade!
Teve que dar cobertura na televisão a atitudes antidemocráticas de Alberto João Jardim e anti-portuguesas de Jaime Ramos.