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1084 I SÉRIE - NÚMERO 29

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Ainda se dizem sociais-democratas!

O Orador: - Hoje, em todo o País, ainda ninguém, rigorosamente, sabe o que o PSD quer. Na prática, perdeu a oportunidade de apresentar um projecto próprio, teve medo de explicitar o que pensava. Compreende-se que, sobre esta matéria, não lhe seja fácil acordar de uma longuíssima noite gótica. É difícil exigir um referendo sobre a regionalização a quem, sem referendo, tinha abruptamente decidido que esta não se faria.

O Sr. Jorge Lacão (PS): - Bem lembrado!

O Orador: - O que já não se compreende é a inexistência de coragem para dizer, tal como o PP, por exemplo, que é claramente contra. Mas compreende-se que o projecto de poder pessoal de um líder desenhe estratégias que lhe permitam a reconciliação com o seu fantasma e com a corte do seu fantasma. E que o carisma, essa qualidade que distingue um indivíduo dos demais, é um dom, não se apanha junto aos morangos nem aspergindo-se com água na corrente do Tejo...
O Governo exigiu o controlo e a transparência dos investimentos da Expo 98. Fê-lo por vontade própria, por obrigação de Estado, por indeclinável dever de transparência e respeito na utilização dos dinheiros públicos. Fê-lo reafirmando sempre a confiança em quem, na administração da Expo, era o primus inter pares. Respondeu mesmo, com, paciente tolerância, a quem, com arrogância e displicência, decidiu exteriorizar incómodo com o dever inalienável de dar a conhecer ao Governo, com prontidão e normalidade, o que lhe era solicitado. Como em tudo na vida, ninguém é insubstituível. Os portugueses conhecerão melhor, com naturalidade, a aplicação dos dinheiros públicos, ao arrepio das práticas de má memória que foram próprias ao Centro Cultural de Belém, e ficarão com a certeza tranquila de que a Expo abrirá no tempo certo, assegurando o prestígio de Portugal.

O Sr. Jorge Lacão (PS): - Muito bem!

O Orador: - A instabilidade social, a intranquilidade pública, a descrença no futuro, o confusionismo nas pessoas, o drama inculcado na análise prospectiva, a veiculação de sentimentos de insegurança, os ataques às reformas na educação, na segurança interna, na justiça ou na saúde, pretendem criar sentimentos de imobilismo ou pretensas crises de autoridade, não para beneficiar o País, não para melhorar a qualidade de vida das pessoas, não para traçar horizontes de esperança mas apenas, e tão-só, para promover o regresso ao poder de um partido anquilosado, que ainda se não reencontrou e que ainda não aprendeu a viver sem os aveludados gabinetes, sem séquitos de servidores, sem o estatuto que deslumbrou um partido e empobreceu um país.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O PS nunca se intimidará perante estes desafios; tem compromissos com o eleitorado que continuará a cumprir com determinação e continuará a assumir as decisões que outros, por falta de coragem e sentido de Estado, não assumiram.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Prosseguirá o diálogo, como meio privilegiado de consenso e de aprofundamento para as melhores soluções, mas decidirá sempre, com tranquilidade e com transparência, de acordo com o seu próprio calendário. E, confiando na serenidade, tal como no tempo, como bom conselheiro, o PS exorta o PSD a assumir, com nobreza, o papel de oposição firme mas construtiva, divergente mas verdadeira, inconformada mas com o sentido do País, em detrimento do discurso amargurado e derrotista, tantas e tantas vezes falado junto ao chão.
É tempo de o PSD pensar em apresentar contributos para o desenvolvimento do País, em vez de ocupar o seu tempo com encenações para a notoriedade pública de quem não chegou a tempo à sede própria do debate político.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado José Junqueiro, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Ferreira.

O Sr. Jorge Ferreira (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado José Junqueiro, achei extraordinário que V. Ex.ª, no dia de hoje, conseguisse fazer uma declaração política supostamente com importância e conteúdo, supostamente também dirigida a problemas políticos da actualidade e do País e tenha conseguido omitir uma referência que fosse ao problema da Expo 98. Recordo que, no início da tomada de posse deste Governo, existiu a dúvida sobre se o Governo do Partido Socialista reconduziria ou, pelo contrário, substituiria o Comissário Cardoso e Cunha à frente da Expo 98. O Governo do Partido Socialista optou por reconduzir o Engenheiro Cardoso e Cunha à frente da Expo 98 c, mais recentemente, o Sr. Primeiro-Ministro embrulhou publicamente essa recondução em papel de luxo, ao considerar o Engenheiro Cardoso e Cunha como o melhor Comissário para a Expo 98.
Não nos podemos esquecer de que outro ministro do Governo do PS surpreendeu o País há dois ou três meses, dizendo que a Expo 98 iria ser um "buraco" financeiro que o País iria pagar muito caro, criticando desta forma, por antecipação, as palavras do seu próprio Primeiro-Ministro, que considerava que o Engenheiro Cardoso e Cunha era o melhor gestor possível para a Expo 98.
Por outro lado, ficámos também a saber, há dias, que, pelas circunstâncias físicas do Sr. Ministro da Presidência, ele não estaria disponível para transportar "ao colo" uma estátua do Engenheiro Cardoso e Cunha, porque, aliás, já há muito tempo que o transportava ao colo - e disse isto até num tom galhofeiro, que nos parece um pouco desajustado com os problemas que o País tem na realização desta exposição e com a gravidade das situações que, também por culpa do Governo do PS, têm ocorrido no que diz respeito à Expo 98.
Evidentemente que mantemos as dúvidas que temos expressado sobre a viabilidade financeira da Expo 98, nos termos que foram prometidos ao País, de equilíbrio total entre as despesas e as receitas da exposição. Aliás, hoje, à hora do almoço, outro administrador da Expo 98, de quem, aliás, se fala como futuro comissário, deu uma entrevista a um canal de televisão, em que reconheceu que as receitas não vão equilibrar as despesas - e estou a falar do Dr. António Mega Ferreira.
Sr. Deputado, qual é a posição do Grupo Parlamentar do PS, desta vez, relativamente a este problema? Qual é o Ministro com que concorda: com o Primeiro-Ministro,