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26 DE MAIO DE 2001 5

passasse o mesmo que com as estradas. Tudo novinho em o Governo tenha feito deliberadamente esta escolha. Seria folha, que é assim que nós, os ricos, fazemos as coisas!… preciso, mesmo para um partido de oposição, ter uma visão

Sr. Presidente e Srs. Deputados, se nenhuma destas inteiramente maniqueísta e sectária do Governo para, com áreas — transportes suburbanos de Lisboa e Porto, recu- sinceridade, descortinar tais motivações por detrás das peração e manutenção da rede rodoviária ou revitalização acções governamentais. da rede ferroviária — constituiu até hoje a aposta priori- tária do Governo em matéria de transportes, então talvez O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): — Muito bem! tenhamos de concluir que o que está no coração da polí- tica de transportes dos governos do Engenheiro António O Orador: — Não! O Governo não pode ter conscien-Guterres são mesmo os investimentos gigantes, os mega- temente optado pelo conforto e ultramodernidade no trans-projectos do novo aeroporto, da nova ponte e essa fanta- porte dos segmentos mais altos do mercado de passageiros siosa e inexplicável ideia de levar um TGV a casa de em detrimento das necessidades da maioria dos cidadãos, cada português. do País e da sua economia.

O que estará por detrás desta estonteante sucessão de Risos do CDS-PP. anúncios de projectos fabulosos há-de ser, com toda a certeza, outra razão. Muito provavelmente, essa razão há-O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): — A minha casa dis- de residir numa certa incapacidade para resistir ao apelo e

penso! à sedução da promessa de modernidade que aqueles pro- jectos encerram. Quem poderá pedir a um Governo, que O Orador: — Aquilo que o Governo verdadeiramente periodicamente sofre angústias sobre a sua popularidade,

quer é gastar o que temos e o que não temos, 3000 ou 4000 para desprezar estas possibilidades tão fáceis de afastar os milhões de contos nessas promessas de futuros fantásticos. pensamentos dos cidadãos dos aspectos sombrios…

Aplausos do CDS-PP. O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): — Exactamente! Mas, se é assim, então esta interpelação tem um exacto O Orador: — … das promessas não cumpridas e das

sentido de urgência, porque estaremos na hora de obrigar o expectativas não realizadas e de os povoar com sonhos Governo a explicar-se e a explicar esta autêntica inversão sobre um futuro, um pouco fantástico, é certo, mas com tão de prioridades. Explicar por que é que as empresas públi- óbvias vantagens sobre esta actualidade pouco entusias-cas que fazem o transporte marítimo e terrestre de passa- mante? geiros — a CP, a REFER, o Metropolitano de Lisboa, a Carris, a Transtejo e os STCP, para já não falar dos opera- O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): — Muito bem! dores privados — acumulam um passivo tão grande, qual- quer coisa como 1200 milhões de contos, que já nem do O Orador: — Quem poderia acusar o Governo de ter Estado são. São dos credores,… intencionalmente investido a fantástica soma de 400 mi-

lhões de contos na modernização do percurso ferroviário O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Muito bem! da Linha do Norte, para chegar hoje à conclusão de que apenas 20% dessa modernização está concluída e de que o O Orador: — … que o mesmo é dizer do sistema fi- objectivo de alta velocidade está hoje reduzido à meta de 2

nanceiro nacional, o que, a prazo, tememos que signifique horas e 30 minutos… dos grandes bancos europeus. Explicar por que é que estão paralisados quaisquer projectos de melhoria de rede ferro- O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): — É incrível! viária na Área Metropolitana de Lisboa, condição indis- pensável para qualquer tipo de aproximação à solução dos O Orador: — … como duração mínima para a viagem défices do seu sistema de transportes, e o mesmo se pode entre Lisboa e Porto, e que, ainda assim, terá de investir dizer da Área Metropolitana do Porto. Explicar por que é mais 400 milhões de contos? que para cumprir o Plano Nacional Rodoviário 2000 em qualquer prazo que não sejam décadas é necessário adoptar O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): — É inacreditá-esquemas de financiamento que manietam a capacidade vel! financeira do sector dos transportes a partir de 2005. Explicar por que é que não há dinheiro para viabilizar e O Orador: — Não, não podemos chegar tão longe. Se melhorar o transporte ferroviário naqueles percursos em tudo isto se passa, a conclusão tem de ser bem mais pro-que a procura suplanta várias vezes a oferta e em que a saica e simples. Poderão dizer que é uma conclusão des-falta de alternativa obriga os utentes a suportar condições moralizante para quem se preocupa com a coisa pública, de utilização em tantos casos degradantes. Explicar, no mas é a única conclusão a que realisticamente podemos fundo, por que é que não é possível melhorar um bom chegar observando tudo o que se tem vindo a passar. pedaço — digo eu, um pouco — as condições de transpor- A conclusão é a de que, passados seis anos e três te diário da imensa maioria, por que é preciso empregar o ministros, os Governos do Sr. Eng.º António Guterres, dinheiro que temos para propiciar condições ultramodernas pura e simplesmente, perderam o controlo do sector dos para o transporte de uma minoria. transportes. Em rigor, as prioridades não estão invertidas,

Sr. Presidente e Srs. Deputados, há, evidentemente, que porque não há nenhuma prioridade. A regra é a de tentar acreditar que não é assim. Não se pode realmente crer que chegar a tudo e a todos, mesmo que isto seja manifesta-