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30 I SÉRIE — NÚMERO 88

Portugal já não tolera mais este Governo do Partido Socialista, do que Portugal precisa é de políticas alternati- Risos do PS. vas como as do CDS-PP.

Chega de fazer o debate do virar à esquerda, está na O Sr. Manuel dos Santos (PS): — Exactamente! hora de virar ao centro-direita.

O Orador: —Desta vez foi-se até ao ponto de se as-Aplausos do CDS-PP. sumir, com alguma falta de pudor — reconheça-se —, as dores dos pobres socialistas, pretensamente trucidados no O Sr. Octávio Teixeira (PCP): — Ainda mais?! seu Congresso, para além, é claro, de se insistir nos habi- tuais apelos para que as nossas bases adiram às progressis-O Sr. Presidente: —Para uma intervenção, tem a pa- tas causas do Bloco. Pelos vistos, Srs. Deputados do Bloco

lavra o Sr. Deputado António Reis. de Esquerda, nada aprendestes com as malogradas expe- riências do passado, como também, afinal, nada esqueces-O Sr. António Reis (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primei- tes das vossas vetustas cartilhas ideológicas...

ro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Depu- tados: O que fez correr os Deputados do BE atrás da pere- Risos do PS. grina ideia desta moção de censura? Porque optaram por uma arma tão pesada — a «bomba atómica» parlamentar Mas se a gota de água precipitou em vós esta irreprimí-—, quando tinham à sua disposição outras formas de afir- vel tentação de influenciar internamente o PS, o copo, esse mação crítica, provavelmente mais eficazes e sobretudo estava já cheio, segundo outras declarações, de uma ava-mais adequadas à sua capacidade de influência nos rumos liação global da governação do PS que, no mínimo, não da governação? prima pela originalidade.

Será que o Bloco de Esquerda, ao fim de quase dois Fomos, assim, acusados de «governar à direita com anos de actividade parlamentar — pontuada aqui e acolá palavras de esquerda» ou «em nome da esquerda», coisa por iniciativas com algum eco e repercussão na opinião que «a velha direita poderia fazer de modo mais competen-pública —, se deslumbrou com os seus êxitos reais ou te» e fomos até — pasme-se — acusados de governar com virtuais e começou a sonhar alto com a possibilidade de se «fúria cavaquista»,… converter no eixo de uma alternativa de poder?

Risos do PS. O Sr. Fernando Rosas (BE): — Olhe que não, Sr. De-

putado! Olhe que não! … o que, aliás, não se coaduna lá muito bem com a ideia de «crise de governação por esgotamento», lançada no O Orador: —Este seria, em rigor, o objectivo natural texto da moção. Fúria e esgotamento são psicologicamente

de um instrumento como a moção de censura. No presente estados de alma contraditórios. caso, porém, salta aos olhos a sua flagrante contradição Este tipo de linguagem não era, até aqui, habitual na com a genética aversão ao poder de um partido que procu- boca dos dirigentes do Bloco de Esquerda, mas, pelos rou afirmar a sua diferença pela paixão de ser oposição e vistos, deixaram-se agora contaminar pelos velhos clichés nunca querer ser mais do que oposição. do PCP, quando a este último lhe dá para zurzir no Gover-

Temos, pois, de ir buscar a outro lado a motivação im- no do PS. pulsionadora desta moção de censura. A crer nas declara- ções dos principais dirigentes do Bloco de Esquerda, a Risos do PS. moção teria sido antes o resultado da gota de água que para eles foi o Congresso do PS, acusado de não ter passa- O Sr. Octávio Teixeira (PCP): — Alto lá!. do de um simples momento de «caça interna às bruxas» e de criação de bodes expiatórios para «ocultar a mudança O Orador: —Estou sempre a ouvir o vosso secretário-de natureza de um partido socialista num partido de gestão geral acusar-nos de governarmos à direita! do capitalismo selvagem»! A haver, pois, crise, esta é afinal uma crise de imagina-

ção do Bloco, o que não deixa de surpreender em quem Risos do PS. tinha até agora feito tanta gala no culto desta faculdade psicológica... Confesso que, ao ouvir e ler estas últimas palavras, tive Bem pode o Bloco esfalfar-se em arranjar provas para a

de esfregar bem os olhos, não fosse dar-se o caso de estar a tal governação de direita com mais ou menos fúria cava-evocar em sonho episódios e expressões de há dezenas de quista. Não é acenando-nos com a Lei da Programação anos atrás! Militar ou com a Lei de Bases da Saúde que nos conven-

É que não esqueço que, já antes do 25 de Abril, a ex- cem de semelhante pecado,… trema-esquerda acusava os socialistas exactamente desta mesma tremenda patifaria e com os mesmíssimos termos! O Sr. Fernando Rosas (BE): — Então, é com quê? Como não esqueço que em pleno PREC se sucediam tam- bém as tentativas de influenciar por dentro o PS — e logo O Orador: —… até porque, em matéria de defesa na-no seu I Congresso na legalidade — para o transformar no cional, o Bloco continua preso ao velho e primário senti-chamado «partido verdadeiramente socialista». mento anti-NATO dos anos 60 e, quanto à Lei de Bases da