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30 DE MAIO DE 2001 31

Saúde, dá em ver fantasmas privatizadores onde eles não hoje o caso —, de qualquer forma ficaria, a partir de agora, existem. esclarecido. Isto a crer que no vosso congresso, de facto, a

linha vermelha tenha levado de vencida a linha negra! O Sr. José Barros Moura (PS): — Muito bem! Risos do PS. O Orador: —E, quanto à questão do aumento interca-

lar de salários, não podíeis ser mais irresponsáveis. Era de Tenho, aliás, a sensação de que o ambiente de que se novo a espiral inflacionista em acção, dando cabo do plano revestiu o vosso Congresso, com as pulsões emocionais de estabilidade, condição para a nossa manutenção no das bases em eufórica expressão, muito terá pesado na euro. vossa decisão de apresentar esta moção de censura, não

prevista inicialmente. Como se, de repente, tivesse regres-Vozes do PS: —Muito bem! sado a galope o longínquo clima das assembleias revolu- cionárias dos sovietes do povo, prontas para a conquista de O Orador: —Infelizmente, parece que os dirigentes e míticos Palácios de Inverno!

as bases do Bloco de Esquerda já perderam a memória do Mas cabe, então, perguntar-vos: é assim que quereis ser que é uma governação verdadeiramente de direita, de efec- a consciência crítica de uma esquerda moderna? É este, tivo furor cavaquista, e, por isso, não receiam dar o seu então, o vosso contributo para uma esquerda plural ou para contributo para que ela regresse um dia em força. A inge- a «casa comum da esquerda» de que falava, no seu discur-nuidade e o radicalismo purista de alguma esquerda sem- so de 25 de Abril, o Deputado Fernando Rosas? pre foram os melhores aliados da direita, como os recentes Com velhas receitas não se fabricam nem novas políti-resultados das eleições legislativas italianas acabam de cas nem as novas alianças que o futuro, porventura, recla-confirmar uma vez mais. mará.

Sr. Deputado Fernando Rosas, não foram os erros de Sob o manto diáfano da fantasia da panóplia de projec-governação da esquerda italiana, e alguns existiram, os tos fracturantes ou até de contributos para uma maior coe-principais responsáveis por aqueles resultados,… rência à esquerda do PS, na perspectiva de uma esquerda

plural moderna, não se esconderá, afinal, a nudez crua da O Sr. Fernando Rosas (BE): — Então, quem foi? verdade dos clichés dos velhos partidos de extrema- esquerda, cativos das pulsões revolucionárias de militantes O Orador: —… foi a divisão da esquerda, o que, num à conquista dos amanhãs que teimam em não cantar?

sistema eleitoral como o italiano, é fatal. Será que, afinal, o PCP, com todas as suas contradições e tensões internas,… Vozes do PS: —Muito bem! O Sr. Octávio Teixeira (PCP): — Outra vez?! O Orador: —Por isso vos aviso: se um dia a direita

regressar ao poder, ainda tereis saudades do PS no gover- O Orador: —… está bem mais próximo das exigên-no,… cias de uma esquerda plural moderna que o Bloco de Es-

querda pós-Convenção Nacional? Risos do PS. Eis as reflexões e interrogações que modestamente deixo à vossa meditação, Srs. Deputados do Bloco de

… apesar de todas as nossas insuficiências, que somos os Esquerda. primeiros a reconhecer, numa atitude de humildade demo- crática e nada cavaquista. Aplausos do PS.

Mas confesso-vos que, mais ainda do que as palavras dos dirigentes do BE, me irritaram as reacções entusiásti- O Sr. Presidente: —Para pedir esclarecimentos, tem a cas com que as bases os acicataram a irem mais longe no palavra o Sr. Deputado Fernando Rosas. radicalismo da linguagem.

O Sr. Fernando Rosas (BE): — Sr. Presidente, meu Risos do PS. querido amigo e colega António Reis, já contava também com a sua contribuição para este debate, que agradeço. Houve até quem gritasse a propósito da decisão de Não vou falar do Congresso do Partido Socialista por

apresentar esta moção: «Que se desligue a máquina!» — uma razão bastante mais prática do que aquela que o levou não sei se por generoso impulso eutanásico ou se por per- a falar da Convenção do Bloco de Esquerda, porque, na verso desejo da pena máxima. realidade, no vosso congresso nada se passou. As bases

não explodiram. E a única coisa que lá ouvi explodir, du-Risos do PS. rante a noite, perante uma plateia vazia, foi o Tino, de Rãs, a dizer umas coisas…, que não lhe tinham posto plateia Como se a alternativa a este Governo pudesse ser de para ele brilhar... Portanto, o problema que se passou no

imediato qualquer «casa comum da esquerda» liderada vosso congresso é que nada houve do ponto de vista da espiritualmente pelo poderoso Bloco. Quem tivesse dúvi- positividade das coisas, e o que houve foi mau. das de que o Bloco de Esquerda estaria disposto a juntar os seus votos a toda a restante oposição, mesmo que daí A Sr.ª Maria Celeste Correia (PS): — Olhe que não! resultasse a imediata queda do Governo — o que não é