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0653 | I Série - Número 019 | 02 de Novembro de 2001

 

Defesa Nacional em seis anos, Sr. Primeiro-Ministro! Quatro ministros da Administração Interna em seis anos! -, V. Ex.ª e o seu Governo, que, em vez de darem força e autoridade à polícia, se afastaram desta e lhe retiraram essa mesma força e autoridade.

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - Isso não é verdade!

O Orador: - Também foram VV. Ex.as que desmotivaram as nossas forças policiais ao não terem cumprido ainda aquilo que foi, por exemplo, aprovado por esta Assembleia em matéria de subsídio de turno e piquete. E mantêm uma dívida de aproximadamente 14 milhões de contos aos serviços de Assistência na Doença aos Militares da Guarda Nacional Republicana.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - É desleixo!

O Orador: - Portanto, o que se passa, Sr. Primeiro-Ministro, é que, em matéria de segurança, talvez partilhemos os mesmos princípios, mas temos modos diferentes de os aplicar.

Protestos do Deputado do PS Osvaldo Castro.

Quero dizer-lhe que, por isso mesmo, estamos disponíveis para discutir, em concreto, as medidas que sugere, dentro do princípio geral de conciliação entre o interesse essencial de segurança e o respeito escrupuloso pela liberdade, o que deve fazer-se no respeito absoluto da lei e da Constituição. Nada autoriza a violação da lei e da Constituição. Não há qualquer conveniência que o autorize! Mas também lhe digo que terá sempre o PSD a não abdicar do seu direito de oposição - mais, do seu dever de oposição - e a não ceder perante nenhuma pressão de unanimismo fácil, que, isso sim, seria um prejuízo sério à nossa democracia.
Só hoje, com uma oposição responsável, que não abdique desse seu direito e dever, é que temos a garantia de, amanhã, termos um governo responsável, que, infelizmente, continua a faltar no nosso país.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, o Sr. Deputado Durão Barroso já disse, por mais de uma vez, que tinha perdido a sua paciência comigo!

Vozes do PS: - Oh!…

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Não fique triste!

O Orador: - Quero dizer-lhe com sinceridade que, por muito difícil que, por vezes, seja, eu não vou perder a minha paciência consigo!

Risos do PS.

Nem hoje!

Aplausos do PS.

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): - Que condescendente!

O Orador: - Em primeiro lugar, respeito a agenda deste Parlamento. O CDS-PP pediu um debate de urgência sobre esta matéria.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Exactamente!

O Orador: - Foi resolvido, em Conferência dos Representantes dos Grupos Parlamentares, que esse debate não se realizaria e que o tema seria abordado na minha vinda aqui, ao Parlamento. Eu sujeitei-me à agenda do Parlamento; quem não se sujeitou à agenda do Parlamento, foi o Sr. Deputado Durão Barroso.

Vozes do PSD: - Não é verdade! Isso não é verdade!

Aplausos do PS.

O Orador: - Em segundo lugar, gostaria de dizer que, em matéria de sistemas de informações e de forças de segurança, tenho muito orgulho nas mudanças de orientação que foram impressas ao passarmos de um governo do PSD para um governo presidido por mim.

A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): - E nós temos vergonha!

O Orador: - Quero dizer-lhe com sinceridade que as forças de segurança hoje têm um envolvimento de cultura democrática, têm uma Inspecção-Geral da Administração Interna em funcionamento, têm uma lógica de comando que lhes é transmitida pelo Governo, que pouco tem a ver com o que acontecia durante o governo do PSD, que sujeitou as forças de segurança a situações extremamente delicadas, porque as sujeitou a poderem ser vistas pela população não como defensoras dos seus direitos mas como instrumentos de repressão política do Governo em circunstâncias de duvidosa razoabilidade.

Vozes do PS: - Muito bem!

Protestos do PSD.

O Orador: - Tenho muito orgulho nessas mudanças, e as forças de segurança revêem-se nelas. Tenho acompanhado a forma como as forças de segurança hoje actuam na defesa da tranquilidade pública, e elas são um orgulho para o País, reconhecido em relatórios internacionais e traduzindo uma evolução que considero da maior importância. E espero que, um dia (mais tarde ou mais cedo isto acontecerá), quando houver em Portugal uma mudança de governo, esse ganho, essa mudança, essa transformação seja mantida e não se volte às práticas do passado.

Aplausos do PS.

Da mesma forma, posso garantir que os serviços de informações da República, sob minha orientação - e hoje vim aqui dizer que estou disposto a assumir responsabilidades acrescidas neste domínio -, nunca serão utilizados para finalidades políticas ou partidárias em Portugal e que serão um instrumento da defesa das liberdades e da democracia, um instrumento da defesa colectiva de todos nós.

Aplausos do PS.