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2526 | I Série - Número 045 | 30 de Janeiro de 2004

 

A trágica morte de Miklos Fehér, carinhosamente conhecido por Miki, deixou os desportistas, os cidadãos portugueses e o mundo em profundo luto e gerou uma onda de solidariedade que ultrapassou as paixões clubísticas.
Faleceu, antes de mais, o homem de apenas 24 anos, estimado por amigos e colegas, reconhecido pelos seus treinadores e dirigentes.
Faleceu o homem com nobreza de carácter e reiteradas provas de abnegada dedicação e persistência.
Faleceu igualmente o jogador, cujo valor rapidamente ultrapassou as fronteiras da Hungria, seu país natal, e cativou a simpatia de todos os adeptos de futebol, tendo chegado a envergar a camisola de grandes clubes portugueses como o Futebol Clube do Porto, o Sport Comércio e Salgueiros, o Sporting Clube de Braga e o Sport Lisboa e Benfica.
Neste momento de pesar, a Assembleia da República não pode deixar de transmitir o seu choque, a sua consternação e a sua tristeza pelo sucedido, apresentando aos familiares e amigos de Miklos Fehér, bem como ao Sport Lisboa e Benfica, na pessoa do seu presidente, a expressão de sentidos pêsames.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, assinalo a presença, na galeria, dos convidados da Direcção do Sport Lisboa e Benfica e dos responsáveis dos órgãos sociais, que convidei especialmente para estarem presentes nesta ocasião.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, queria dizer que esta intervenção não é fácil, logo à partida, porque não é habitual que a Assembleia da República assinale com um voto de pesar a morte de alguém tão mais novo do que nós e mais novo do que o mais jovem dos Deputados desta Câmara.
Eu não conhecia pessoalmente Miklos Fehér, ainda que provavelmente, como muitos dos que estão nesta Sala, tenha por várias vezes gritado o seu nome, seja para o incentivar a correr atrás de uma bola, seja até, algumas vezes, para o criticar por não ter feito aquilo que eu considerava que deveria ter feito num determinado momento.
No entanto, e porque penso que, como todos os portugueses, nós vivemos aquela tragédia intensamente e sentimos uma emoção…, como disse um jovem adepto, "sentimos uma emoção como se fosse alguém da nossa família".
Não é normal a morte de alguém tão jovem, não é normal a morte em directo e há um contraste violento entre a imagem de vitalidade do jogador, que até o seu último sorriso transmitiu, e a sua queda fatal.
Perante isto, Sr. Presidente, e perante a emoção que percorreu o País, queria registar, como pudemos assistir, a comoção de milhares e milhares de portugueses. Esta morte comoveu o País, no seu todo, e milhares de pessoas desfilaram perante o seu cadáver no Estádio da Luz.
Queria ainda registar que isso demonstra a sensibilidade do nosso povo, bem como o carinho que o nosso povo tem pelo futebol, pelos seus intérpretes e por este jogador malogrado, obviamente, em particular.
Para terminar, Sr. Presidente, queria assinalar, perante esta tragédia, dois pontos que me parecem relevantes.
Em primeiro lugar, que assistimos comovidos e angustiados a uma tragédia em directo, mas que o canal de televisão responsável pela transmissão fê-la com uma enorme dignidade respeitando a dor e aquele momento tão difícil, o que é raro e nos impressionou positivamente.
Em segundo lugar, que por um momento as guerras tão artificiais e estéreis do futebol se esqueceram, sendo que todos os clubes, inclusive o arqui-rival do Benfica, estiveram presentes e apenas existiu solidariedade.
Termino, Sr. Presidente, deixando uma palavra de solidariedade à família do falecido e duas palavras finais: uma, para o Benfica e seus dirigentes, que gostaria que fosse também, muito em particular, para os seus jogadores e equipa técnica - "Até terça-feira, porque a vida tem de continuar"; e a última, obviamente, para o jogador e para a sua memória, esperando que ele seja recordado pelo seu imenso talento - "Até sempre Miklos Fehér".

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Lello.

O Sr. José Lello (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Miklos Fehér faleceu ali, com um sorriso gaiato e feliz nos lábios, no relvado, que era o seu espaço de eleição, a razão maior da sua vida, no País que o acolhera quase menino e onde aprendera a ser quase um dos nossos.
O Miki deixou-nos na pujança da sua juventude e o futebol ficou mais pobre sem ele.
Atleta de excepção, ele foi um jogador empenhado numa carreira em que primou pela qualidade no