74 | I Série - Número: 044 | 2 de Fevereiro de 2007
ambiental deve estar integrada; ao peso que projectos megalómanos como a OTA e o TGV têm nesta componente de valorização do território; à forma como vamos perder, ao nível de programações ambientais, tratamentos, abastecimento, monitorização, requalificação e à forma como perdemos –tendo ganho um retrocesso – no apoio comunitário a uma agricultura mais sustentável, designadamente nas medidas agroambientais.
Lamento também que o Sr. Ministro do Ambiente não tenha traçado claramente os objectivos daquela que é apresentada pelo Governo como uma sétima prioridade para este QREN, que é justamente a valorização do ambiente e a promoção do desenvolvimento sustentável, o que nos leva a crer que esta área ainda está um pouco obscura no que se refere aos objectivos traçados pelo Governo.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Alda Macedo.
A Sr.ª Alda Macedo (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Concluindo o raciocínio que suspendi há poucos minutos, retomo o problema da confusão que tende a gerar-se no debate entre dois conceitos muitos diversos, o da coesão e o da competitividade.
Foi aqui defendido — e bem — que não existe possibilidade de resolver o problema das assimetrias de desenvolvimento e, portanto, da coesão territorial, se não se promover a competitividade, mas é preciso perceber que a competitividade se dirige, essencialmente, para aquilo que é o papel das empresas e a coesão dirige-se, essencialmente, para aquilo que é a equidade de direitos, a equidade de acesso aos bens e serviços pelas populações.
E é ao nível da resolução destes problemas da coesão territorial, no sentido da igualdade de direitos de acesso, que o QREN fica longe daquilo que são as necessidades de definir, no plano nacional, uma rede de equipamentos que garanta, seja qual for a modalidade destes equipamentos, que as pessoas gozam desta equidade e igualdade de direitos no acesso a bens, serviços e equipamentos.
Aliás, surpreende-me que o Sr. Deputado Mendes Bota, na sua defesa denodada do Algarve, como aqui hoje mais uma vez fez, não tenha chamado a atenção para um dos problemas que se coloca ao nível do que é o programa operacional para o Algarve e que tem que ver com o facto de que todos os eixos que estão integrados neste programa operacional são eixos que se dirigem para aquilo que é o litoral do Algarve.
Ora, o Algarve não é só litoral, o Algarve tem interior, tem montanha e tem uma ruralidade muito empobrecida, fortemente abandonada e sem infra-estruturas e recursos que lhe permitam aceder, com um mínimo de dignidade, àquilo que são serviços e equipamentos absolutamente centrais.
E este problema que se põe para o Algarve, põe-se para outras regiões do nosso país, porque este problema do peso da interioridade é uma das grandes fragilidades que não é devidamente tomada em conta.
Na verdade, quando o Sr. Ministro Nunes Correia, há pouco, nos falava do colégio ministerial que agora vai gerir aquilo que são os programas operacionais temáticos e vai chegar a um concerto daquilo que é a definição dos investimentos, no sentido de chegar a um concerto equilibrado de prioridades, ele sabe que o que tem neste colégio de ministros é uma competitividade entre aquilo que são as áreas sectoriais de cada um deles, sobre onde é que vai haver um hospital, um tribunal ou uma estrada.
E este é que é o grande problema da governabilidade do QREN, ou seja, conseguir introduzir uma lógica de planeamento para o território concebendo aquilo que é o mapa nacional dos serviços essenciais, no sentido de conseguir garantir que, do ponto de vista nacional, esses serviços fundamentais são garantidos, com dignidade, às pessoas.
Com isto não estou a querer dizer, Srs. Ministros e Srs. Deputados, que cada cidade tenha de ter o seu hospital especializado. Não é disso que se trata mas, sim, ao nível da sub-região, de conseguir gerar aquilo que são as relações necessárias não só entre os municípios e os agrupamentos de municípios mas também entre os diferentes ministros, para que, a não haver o hospital, haja pelo menos a estrada, haja pelo menos o comboio, haja pelo menos a acessibilidade. E esta convergência das políticas sectoriais não está plasmada naquilo que são os eixos integrados no QREN, essa resposta é uma resposta que também não é dada pelo Governo.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Muito bem!
O Orador: — Portanto, ao longo deste debate, vamos acumulando um conjunto de matérias que ficam por clarificar, que ficam por responder, que ficam por esclarecer e são matérias absolutamente centrais em relação àquilo que pode ainda ser introduzido, nesta fase, como correcção ao que se espera que venha a ser não a última oportunidade mas a oportunidade de desenvolvimento para o País.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Muito bem!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Abel Baptista.