28 | I Série - Número: 090 | 1 de Junho de 2007
organizados…
O Sr. António Filipe (PCP): — Anda obcecado com o Partido Comunista Português!
O Orador: — … acabam sempre por se confrontar com a realidade e terminam sempre no momento em que é publicada outra sondagem na qual o Governo apresenta um confortável apoio social.
Aplausos do PS.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Só faltou o «deixem-me trabalhar!»!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Está mais papista do que o Cavaco!
O Sr. Presidente: — Para replicar, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, estava a ouvi-lo e lembreime de uma frase de um trabalhador agrícola que dizia (e isto aplica-se bem a esta situação concreta) o seguinte: «O Sr. Primeiro-Ministro pode dizer cem vezes a palavra açúcar que não adoça a boca a ninguém» —…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Orador: — … isto tendo em conta a realidade que hoje a maioria dos trabalhadores e do povo português vive.
Quanto à forma como tratou a greve geral, fê-lo, de facto, numa posição arrogante e num estilo claro, para além de denotar alguma ignorância — e não se ofenda, pois, tendo em conta o tema, até acho que devia aproveitar as novas tecnologias para adquirir conhecimento, particularmente no que diz respeito ao sindicalismo e à história do movimento operário e sindical, em relação às greves gerais.
Aplausos do PCP.
Quanto ao tema, quero fazer uma correcção. Nós não desvalorizamos o tema; o Sr. Primeiro-Ministro é que o desvaloriza, porque vem aqui discutir um tema para desviar a atenção dos portugueses dos problemas reais que sentem, em relação ao emprego, à saúde, à segurança social, à precariedade e ao aumento do custo de vida, por culpa e responsabilidade do seu Governo.
Nós não falamos em nome de todos os trabalhadores, mas não abdicamos, sejam eles comunistas… Aliás, o senhor cometeu aqui um erro grave que tem a ver com o seguinte: sabe o que é que, antes do 25 de Abril, o governo de então fazia a todo aquele que lutava? «Chapeava-o» de comunista,…
O Sr. Alberto Martins (PS): — E não só!
O Orador: — … porque lutava, porque fazia uma greve, porque protestava. E não era verdade, porque, muitas vezes, muitos trabalhadores, não sendo comunistas, lutavam claramente — e isto, independentemente do papel do nosso partido. E essa concepção de que esta greve geral foi feita pelos comunistas, apenas pelos comunistas, demonstra a sua «miopia política», cujas consequências, depois, veremos. Outros governos o fizeram, Sr. Primeiro-Ministro, não está a dar-me novidade nenhuma, mas, mais cedo ou mais tarde, acabaram por ver que a luta dos trabalhadores e as greves gerais então realizadas, afinal, acabaram por ter efeitos.
Nesse sentido, assumimos claramente o seguinte: sim, Sr. Primeiro-Ministro, renovamos o compromisso com os trabalhadores, com os seus interesses e com os seus direitos, independentemente da sua opção política e ideológica. É assim a nossa natureza, é assim a nossa identidade e assim continuaremos a lutar e a solidarizar-nos com eles, seja agora, seja no futuro próximo.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Já agora, responda à pergunta sobre a saúde!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, respondo já a essa sua pergunta.