13 | I Série - Número: 030 | 22 de Dezembro de 2007
O Sr. António Chora (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, quero falar-lhe sobre o Arsenal do Alfeite. Mais uma vez, esta matéria é de grande delicadeza, pois estamos a falar de uma instituição com mais de 1200 postos de trabalho.
Segundo notícias vindas recentemente a público, o Governo terá já recebido as conclusões do estudo que encomendou sobre o Arsenal do Alfeite, no entanto, se as conclusões do estudo são conhecidas o mesmo não se pode dizer quanto às medidas que o Governo pretende levar a cabo. De facto, o estudo aponta até no sentido de uma possível privatização do Alfeite, que pode ser total ou parcial. Outra possibilidade é a sua gestão segundo critérios empresariais.
Em Julho, o Sr. Ministro referiu à comissão de trabalhadores que logo que recebesse o relatório da reestruturação do Alfeite dar-lho-ia a conhecer e que os trabalhadores seriam os primeiros a ser informados do seu conteúdo e das decisões que viessem a ser tomadas. No entanto, até hoje, e já depois de recebidas as conclusões do estudo, os trabalhadores ainda não foram ouvidos. Ou seja, parece que, até agora, o Sr.
Ministro ainda não cumpriu a palavra dada na altura.
Segundo notícias divulgadas o fim-de-semana passado, o estudo refere que o Arsenal deve ser extinto, dando lugar a duas empresas industriais. Mais se refere que ficarão concluídas em seis meses as medidas da área social e de recursos humanos. Por isso, pergunto-lhe o seguinte: quando vão os trabalhadores ser ouvidos? Que medidas vão efectivamente ser tomadas? Que vai acontecer a estes trabalhadores? Será que se está à espera que primeiro esteja tudo decidido da parte do Ministério para depois envolver os trabalhadores? Estas são as questões que lhe deixo, Sr. Ministro, porque parece-nos que as medidas devem ser concretas e ter em mente a defesa dos trabalhadores e do seu futuro como profissionais altamente reconhecidos que são. Gostaríamos, por isso, de ter uma resposta da sua parte a estas questões.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Defesa Nacional.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Chora, já tivemos oportunidade de falar sobre esta matéria e queria dar-lhe detalhe sobre ela, fazendo apenas duas notas prévias.
A primeira delas é para dizer-lhe, em relação a notícias que apareceram na comunicação social que davam a privatização do Arsenal do Alfeite como uma das vias para a solução daquele problema, que o relatório citado na comunicação social não é aquele que conheço.
Não está prevista — quero desmentir isso categoricamente — a privatização. Estamos a falar de empresarialização mas não de privatização,…
O Sr. António Filipe (PCP): — Isso é como o código postal: «é meio caminho andado»!
Risos.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — … de uma empresarialização que pode ficar no âmbito do sector público.
A segunda nota é para dizer que aquilo que afirmei aqui, e que reafirmo, é que falarei imediatamente com os trabalhadores quando houver uma decisão final sobre aquele relatório. E aí poderemos conversar. Neste momento, não tenho ainda a possibilidade de ter essa decisão. O relatório está no Ministério das Finanças e da Administração Pública, na Secretaria de Estado da Administração Pública, onde justamente os aspectos de natureza social estão a ser equacionados e acautelados.
E, portanto, é essa a razão pela qual ainda não falei com os trabalhadores, mas, quando eu receber esse parecer e quando puder fazer a avaliação global, os trabalhadores serão informados e falarei com eles. Esse é um dado que queria deixar aqui.
Quanto à concepção, julgo que todos compreendemos que o Arsenal foi feito, em 1931, para um tipo de Marinha e num tipo de economia que hoje não existe. E se persistirmos naquele modelo aquilo a que vamos assistir é ao definhamento, ao estiolamento do Arsenal. Portanto, temos de o adaptar e de o reestruturar.
Fazendo o quê? Empresarializando, tendo em vista um objectivo fundamental, que é a manutenção dos navios da armada, e, se houver capacidade sobrante — e a qualidade dos estaleiros indica que há capacidade sobrante —, poder também vender outros serviços para fora.
A segunda questão é acautelar a situação dos trabalhadores. Essa é uma preocupação que o Ministério tem, e é por isso que neste momento estamos a conversar com o Ministério das Finanças e da Administração Pública para estudar essa situação de maneira a acautelar a posição dos trabalhadores.
E, finalmente, temos de tornar os estaleiros economicamente sustentáveis. Essa é a preocupação. Não é acabar com os estaleiros, é torná-los sustentáveis; esse é o objectivo!