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14 | I Série - Número: 067 | 4 de Abril de 2008

O Sr. João Semedo (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Bloco de Esquerda traz hoje, a esta Câmara um problema que se vive no Porto, mas que respeita a todo o País e que traz os portugueses e o País preocupados.
O mandato de Rui Rio como Presidente da Câmara Municipal do Porto está a aproximar-se do fim.
Correndo contra o tempo e antes que seja tarde, para Rui Rio este é o tempo de garantir e fechar os grandes negócios que sempre foram a sua principal, mesmo que bem escondida e melhor disfarçada, motivação para o governo da cidade do Porto.

O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Não é o estilo dele!

O Sr. João Semedo (BE): — Para Rui Rio, para o PSD e para o CDS-PP, seu aliado na Câmara Municipal do Porto, a alma do negócio é, hoje, a alma da cidade, a sua memória, a sua história, o seu património.

Vozes do BE: — Muito bem!

O Sr. João Semedo (BE): — Ontem, o Palácio do Freixo e o Teatro Rivoli; hoje, o Mercado do Bolhão; amanhã, o Mercado do Ferro, o Mercado do Bom Sucesso, o Palácio de Cristal, o Pavilhão Rosa Mota.
Sem ideias, sem projectos, sem competência para renovar a cidade, Rui Rio está a «esquartejar» o Porto, a vender a cidade à peça, a entregar as jóias da coroa aos grandes grupos económicos e financeiros, fazendo do negócio com os influentes interesses imobiliários a marca da sua passagem pela Câmara.

Aplausos do BE.

Estes negócios são a obra, o resultado, que Rui Rio tem para exibir.
É uma marca que certamente fica bem a quem não esconde a ambição de por um dia estar à frente dos destinos do PPD/PSD. Mas é uma marca que fica muito mal a quem recebeu a responsabilidade de governar o Porto, de servir a cidade e quem nela vive e trabalha.
O Mercado do Bolhão não é apenas o que dele se pode ler em qualquer guia turístico. O Bolhão é a alma da cidade, é o coração do Porto, é a memória que atravessa muitas e sucessivas gerações de portuenses e que lhes constrói e reconstrói a sua identidade.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!

O Sr. João Semedo (BE): — Em nome de uma falsa modernidade, construída sobre um património que quer destruído, Rui Rio entregou o Bolhão à empresa TramCroNe, empresa holandesa bem conhecida pelos bons negócios que tem conseguido fazer com o património público.
O que Rui Rio pretende e se prepara para permitir é a demolição de todo o interior do mercado, o que arrastará inevitavelmente a desfiguração da sua fachada. Tudo isto para transformar um espaço público de características ímpares, um património de muitas e únicas histórias de vida das gentes do Porto, em mais uma impessoal e vulgaríssima catedral de consumo, igual a tantas outras que nos últimos anos cresceram como cogumelos em todas as cidades deste país.
Creio não ser necessário dizer que tudo isto é feito em nome da rentabilidade económica, essa nova filosofia que se insinua e impõe como uma moda a que todos supostamente estamos obrigados a aderir, apenas para esconder o mesmo resultado de sempre. Sempre o mesmo resultado: mais negócio, mais lucros para os grandes investidores. E também sempre o mesmo resultado e os mesmos beneficiados. E igualmente sempre os mesmos prejudicados: naturalmente, o património de todos e o interesse público dos cidadãos.
Quem troca o bem comum e a memória de uma cidade pelo negócio, pelo lucro de alguns, não pode ganhar o respeito de uma cidade.
Ganhar umas eleições não transforma os autarcas em donos das cidades. Ganhar umas eleições não é uma carta-branca para privar os cidadãos dos lugares que fazem e constroem a sua cidade.