38 | I Série - Número: 071 | 12 de Abril de 2008
Sabe, Sr. Deputado, é falso o que o senhor diz. É falso! É mentira! E o senhor utiliza a falsidade e a mentira para dizer que há um conúbio entre o Conselho de Ministros e o conselho de administração de uma grande empresa. Qual conúbio, Sr. Deputado? Em que é que se baseia para dizer uma coisa dessas? Sabe, Sr. Deputado, o que realmente a sociedade portuguesa e a política portuguesa não aguentam são esses seus tiques de pesporrência e de autoridade moral superior para fazer julgamentos sumários relativamente aos outros.
Aplausos do PS.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não, Sr. Deputado! Nós não queremos isso!
Aplausos do PS.
E depois, ainda por cima, comporta-se como um fariseu que «lança lama» para cima das pessoas e depois diz que não é nada de pessoal. Não, não é nada com a pessoa! É com as regras, não com a pessoa!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Disse bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — «Não é com o Jorge Coelho, é com as regras» — diz ele. Isso é apenas fariseísmo, Sr. Deputado, e faz-me lembrar aquele autor que um dia escreveu a uma pessoa dizendo: «Olhe, meu caro amigo, quero informá-lo de que decidimos matá-lo, mas saiba que não vai nisto nada de pessoal». É exactamente o mesmo que Francisco Louçã faz várias vezes nestes debates.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Insinua, recorre, com arrogância, à política de «lançar lama» para cima dos outros, faz insinuações sem fundamento, com o único objectivo de atacar pessoalmente os outros.
Aplausos do PS.
E depois, Sr. Deputado, esse tique de superioridade moral é apenas insuportável.
Sr. Deputado, não aceitamos que o senhor se queira transformar numa espécie de patriarcado moral da política portuguesa…
Vozes do PS: — Era o que faltava!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … nem no inquisidor-mor! Não lhe aceitamos lições de moral! Se há lições de moral a dar, faça favor de as dar ao seu partido e não aos outros, porque isso não é bonito! Jorge Coelho cumpriu todas as regras, saiu há sete anos do Governo. E o que é que faz o Bloco de Esquerda? Para o atacar pessoalmente, faz aquilo que o Sr. Deputado Francisco Louçã acabou de fazer. E mais: veio imediatamente propor que o período de nojo, o período em que um membro do Governo, depois de estar em funções governativas, não pode nem deve exercer funções em empresas que tutelou, passe para 10 anos.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Como João Cravinho!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E por que não para 20? E, já agora, Sr. Deputado, o melhor era dizer-me: «Olhe, o senhor, que é Primeiro-Ministro, depois de deixar de ser Primeiro-Ministro, não poderá mesmo fazer nada».
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É já para o ano!