23 | I Série - Número: 077 | 26 de Abril de 2008
Mas se a União Europeia é a âncora da nossa modernidade, a língua portuguesa é sem dúvida a âncora da nossa universalidade. Por isso, não pode nem deve ser esquecida quando se celebra o 25 de Abril, Dia da Liberdade, que a reconciliou com o Mundo e os vários povos que nela se exprimem e tornou possível a criação harmoniosa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, cujos Embaixadores cumprimento.
De há muito a língua portuguesa devia ter justificado, em Portugal, a definição de um enquadramento institucional e de uma atribuição de recursos à altura da responsabilidade da tarefa…
Aplausos do PS.
…tendo a coragem de começar por confessar a incipiência, o amadorismo e a falta de meios com que o assunto é tratado, sobretudo quando comparado com o modelo em vigor noutros países com responsabilidades semelhantes.
Apelo para que, finalmente, o tema seja estudado em toda a sua extensão e possam ser tomadas medidas adequadas antes de iniciarmos a presidência portuguesa da CPLP, no próximo mês de Julho, com a Cimeira prevista para Lisboa. A consolidação e difusão da língua portuguesa no Mundo é um factor indispensável de democracia internacional a que não podemos ficar alheios e em que nos devemos empenhar seriamente nos próximos dois anos de presidência portuguesa da CPLP.
Sr. Presidente da República, Sr. Primeiro-Ministro, Sr
.as e Srs. Deputados, Ilustres Convidadas e Convidados: Uma palavra de conclusão.
Palavra de saudade, por todos quantos não viveram o suficiente para ter chegado com vida ao esplendor da liberdade.
Palavra de lembrança, por todos quantos lutaram pela democracia sem nunca saberem se sairiam ou não vitoriosos dessa contenda.
Palavra de profundo respeito, por todos quantos sofreram nas expulsões do emprego público, no exílio, nas deportações, nas prisões e na tortura, ou danificaram a saúde e mesmo perderam a vida para pôr fim a uma ditadura anacrónica.
Palavra de homenagem — sempre! — aos militares que, em 25 de Abril de 1974, ergueram as armas tãosó para entregar ao povo português o direito de escolher livremente e o poder de decidir em política unicamente pela arma do voto.
Palavra final de louvor ao povo português, pela elevada inteligência com que sempre e, por várias vezes, usou o poder do voto para consolidar instituições democráticas representativas e garantir políticas pacificadoras, erradicar a violência política, moderar extremos e seguir em frente, afirmando o País reconciliado, plural e empreendedor de que todos nos orgulhamos e queremos legar com confiança às novas gerações portuguesas.
Viva o 25 de Abril! Viva Portugal!
Aplausos do PS e de Deputados do PSD, de pé.
Para dirigir uma mensagem à Assembleia da República, e, por seu intermédio a todos os portugueses, vai usar, em seguida, da palavra o Sr. Presidente da República.
O Sr. Presidente da República (Aníbal Cavaco Silva): — Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr.
Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Celebramos hoje, uma vez mais, o aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974. Não vou repetir o que aqui afirmei no ano passado, apenas direi que me impressiona que muitos jovens não saibam sequer o que foi o 25 de Abril nem o que significou para Portugal.
Os mais novos, sobretudo quando interrogados sobre o que sucedeu em 25 de Abril de 1974, produzem afirmações que surpreendem pela ignorância de quem foram os principais protagonistas, pelo total alheamento relativamente ao que era viver num regime autoritário.
Não posso deixar de recordar, Srs. Deputados, que, quando o 25 de Abril ocorreu, uma parcela substancial da nossa população nem sequer era nascida. Quem viveu a revolução, tem a tendência para não se lembrar disso, julgando que essa data, fixada no tempo, possui uma perenidade eterna.