42 | I Série - Número: 079 | 3 de Maio de 2008
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Fernando Santos Pereira (PSD): — O PSD está aqui para votar o voto de pesar, apresentado pelo CDS-PP, relativamente ao Cónego Melo, uma pessoa que teve um obra social relevante, ligada às artes,…
Vozes do PCP e do BE: — Às armas!
O Sr. Fernando Santos Pereira (PSD): — … nomeadamente às artes sacras. Foi determinante na recuperação da Sé de Braga, foi presidente da Turel–Turismo Religioso, foi um português distinguido, enquanto bracarense, pela Câmara Municipal de Braga com a medalha de ouro da cidade e distinguido pelo Sr. Presidente da República Dr. Mário Soares com a Comenda da Ordem de Mérito.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Fernando Santos Pereira (PSD): — Portanto, perante uma personalidade destas, o Partido Social Democrata vota favoravelmente o voto apresentado, respeitando a sua memória depois da morte, que é uma boa tradição democrática desta Casa e que o Partido Social Democrata também quer honrar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Strecht.
O Sr. Jorge Strecht (PS) — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Partido Socialista jamais votaria contra o pesar pela morte de alguém.
No entanto, quero salientar que este voto não é inócuo nem foi apresentado de uma forma inócua. O próprio CDS-PP sabe que assim foi, porque teve o cuidado de retirar um parágrafo do texto inicial do voto, onde se falava do Cónego Melo como um homem de Abril. Ora, Srs. Deputados, para nós, Abril é só para os que fizeram Abril, e não é para mais ninguém.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Não era isso que dizia o voto!
O Sr. Jorge Strecht (PS) — Portanto, não contarão connosco para nenhum tipo de instrumentalização que possa, directa ou indirectamente, consagrar quem, por essa razão, não pode ser consagrado.
O nosso sentido de voto é, pois, inequívoco: não estamos — nem o faríamos — em condições de votar contra o pesar pelo falecimento de um homem, mas também não aceitamos qualquer tipo de instrumentalização.
O Sr. João Semedo (BE): — Que trapalhada!
O Sr. Jorge Strecht (PS) — A guerra que aqui hoje ouvimos, travada entre a bancada mais à direita e as bancadas pretensamente mais à esquerda, é uma guerra que tenta fazer a revisão da história, tanto por uns como por outros.
Vozes do PS: — Muito bem!
Protestos do BE.
O Sr. Jorge Strecht (PS) — Nós não aceitaremos essa revisão, portanto não acompanharemos qualquer das bancadas.