10 | I Série - Número: 108 | 18 de Julho de 2008
Não é facilitando, de forma artificial, as «qualificações», os resultados estatísticos que vamos melhorar verdadeiramente a qualificação dos portugueses.
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Tal e qual!
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — Deixo-lhe, por isso, Sr.ª Deputada, o seguinte apelo e repto: que, nas suas respostas, possa centrar-se naquelas que são, realmente, as grandes marcas deste Governo, que, infelizmente, são muito negativas para os portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Manuela Melo.
A Sr.ª Manuela Melo (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Duarte, muito obrigada pelas questões que colocou. Parto do princípio que os três aspectos que referiu são negativos e que todos os outros que referi são positivos. Muito obrigada, o balanço é bom!
Vozes do PS: — Bem lembrado!
O Sr. José Paulo Carvalho (CDS-PP): — Depende do grau de exigência!
A Sr.ª Manuela Melo (PS): — Em primeiro lugar, gostava de discutir com o Sr. Deputado a questão da crispação se fosse possível colocar lado a lado o que se passou este ano e o que se passaria se os senhores tivessem desmantelado a escola pública em seis meses. Gostava de saber qual era o clima de crispação que teria existido! Falei de alterações, e as alterações mexem sempre com as coisas que são habituais e, obviamente, criam algumas reacções. Mas daí até dizermos que há crispações vai uma grande distância!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — São só 100 000 professores!…
A Sr.ª Manuela Melo (PS): — E, sobretudo, o Sr. Deputado não falou de crispações anteriores, como aconteceu, por exemplo, aquando do lançamento do ano lectivo no tempo em que o senhor estava na secretaria de Estado ou dos exames que tiveram lugar nessa altura.
Portanto, quanto à crispação, não vale a pena falar.
O Sr. Deputado disse ainda que este terá sido um annus horribilis. Mas, tendo em conta os resultados que aqui referi, ele não foi mau como annus horribilis! Se ter mais alunos nas escolas, mais diversificação de projectos, melhores escolas, mais formação para os professores,…
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Qual é o país de que está a falar?!
A Sr.ª Manuela Melo (PSD): — … um Plano de Acção para a Matemática, um Plano Nacional de Leitura, etc., são coisas más, gostava de saber o que de bom o Sr. Deputado pode prever nos seus programas eleitorais, porque tudo isto está também nesses programas.
Finalmente, quando à indisciplina. Eis aqui um problema que preocupa toda a gente. A indisciplina vem de fora para dentro da escola, gera-se na própria escola por multiplicação de más práticas e é um problema que todos nós, seguramente, temos de enfrentar. É também uma indisciplina, sobretudo em algumas escolas, que vem do ambiente social — nos territórios educativos prioritários, por exemplo, detectou-se isso muito claramente —, mas ela não nos deve assustar. A indisciplina está muito relacionada com uma certa mudança do paradigma da escola pública, que deixou de ser homogénea e elitista para passar a ser multicultural e democrática.
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — É uma tese nova!