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17 | I Série - Número: 108 | 18 de Julho de 2008


fraca, enfraquece esse objectivo e deixa muita margem de manobra para que a pressão dos desejosos investidores pró-nuclearistas se faça sentir e para que partidas e contra-partidas se comecem a formar. A população, em Portugal, precisa de estar muitíssimo atenta! Curiosamente, do sector que mais contribui para a nossa dependência do petróleo e para as alterações climáticas, os transportes, esses investidores não falam, nem reivindicam soluções. Mas falam Os Verdes e, por isso, aqui anuncio que as nossas jornadas parlamentares, a realizar nas próximas segunda e terça-feira, serão dedicadas justamente ao tema dos transportes e no início da próxima sessão legislativa traremos um conjunto de propostas concretas para discutirmos com todos os grupos parlamentares.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Eduardo Martins.

O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, ao contrário do que é costume, desta vez não a felicito pela oportunidade do tema, porque, como já disse a Dr.ª Manuela Ferreira Leite, caímos no logro de estarmos a refazer a discussão do nuclear afastando-nos, desde ontem, da discussão central sobre a situação gravíssima por que o País passa, como se, porventura, uma central nuclear que já existisse neste momento nos tivesse feito a vida algo diferente no último mês; como se uma central nuclear tivesse impedido o bloqueio dos camionistas; como se uma central nuclear tivesse evitado a paralisação do País pela alta dos custos do petróleo.
Uma central nuclear não tinha evitado tudo isso e nós também esperamos que a expectativa do Governador do Banco de Portugal não seja a de uma crise que dure 12 anos, porque esse é o período que levaria a construir uma central nuclear!! Mas parece-me que o tema não deve ser tabu e, de uma vez por todas, deve ser discutido, porque a tecnologia nuclear há-de ter futuro que não o dos reactores que estão ser feitos na Finlândia, mas há-de ter futuro, repito, e há-de ser importante. É uma tecnologia que com outro nível de segurança não deixará de estar presente no nosso mix energético no futuro. 20 anos é pouco tempo e é o tempo que se prevê para que a fusão rápida possa estar a funcionar, pelo que não devemos voltar aos anos 60 e pensar que o nuclear é todo igual, mas também não devemos «comer gato por lebre» e ir a correr atrás de um reactor igual àquele que na Finlândia está a custar o dobro do previsto e a dar mais problemas do que aqueles que se pensava.
Ainda assim, Sr.ª Deputada, é evidente que aquilo que o mercado da energia, em particular da electricidade, precisa vai além do mercado energético concorrencial: vai precisar, essencialmente, da substituição de um motor de combustão. Precisamos, com certeza, de várias coisas para as quais o Governo anterior procurou trabalhar… Passamos a vida a ouvir dizer que este Governo fez uma grande aposta nas energias renováveis, sem dúvida que fez alguma e sem dúvida ela ver-se-á no futuro, agora, quando se diz que este ano há mais 43% de energia renovável na rede, é bom que se perceba — e nós temos obrigação de percebê-lo! — que isso corresponde a nem uma licença emitida por este Governo, porque estas coisas levam o seu tempo!...

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, queira concluir.

O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Sr.ª Deputada, como lhe dizia, precisamos de um mercado concorrencial, verdadeiramente concorrencial, que ainda não temos; precisamos do desenvolvimento do mix energético; precisamos de eficiência energética; precisamos seguramente de várias coisas antes do nuclear, mas fico sempre perplexo com esta visão panglossiana de Os Verdes, porque eu penso que ainda não houve uma forma de produção de energia que não tivesse sido aqui atacada por Os Verdes.
Há três semanas, Os Verdes disseram aqui ao Primeiro-Ministro que nós não podíamos fazer o plano nacional de barragens. Ora, nós de energia precisamos e vamos precisar cada vez mais. Fico esperançado de que desta vez, das Jornadas Parlamentares de Os Verdes, não saia mais uma reflexão cândida de optimismo que não tem correspondência com a realidade — e a Sr.ª Deputada concordará que alguma coisa temos de fazer, mas seguramente que, neste momento, não é o tempo oportuno para nos fixarmos numa discussão que nos distrai do essencial.

Aplausos do PSD.