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19 | I Série - Número: 108 | 18 de Julho de 2008


importantes, que têm a ver com as áreas do trabalho, da qualidade de vida, da habitação, dos serviços públicos, e que estão em franco progresso de desagregação e de desqualificação.
Quanto a esta ideia peregrina que o Dr. Vítor Constâncio aqui trouxe, fundada no exemplo que referiu da central da Finlândia, afinal de contas, a própria Finlândia está a concluir que não é solução, porque os custos da construção deste reactor dito de terceira geração dispararam muito para além do orçamento previsto e as condições de segurança hoje continuam a ser da maior gravidade.
Estamos, portanto, diante de uma solução que não é solução alguma, porque o que o nuclear representa hoje é uma fonte de energia extremamente cara e perigosa.

O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Alda Macedo (BE): — Concluo, Sr. Presidente, dizendo que, no futuro, quando a ciência resolver estes dois problemas, cá estaremos para discutir uma hipótese desta natureza. No entanto, Sr.ª Deputada, não considera que falar, hoje, de uma solução cara, perigosa, que não tem a menor razão de ser e não resolve os problemas do nosso país é uma forma de desviar a atenção daquilo que é o mais importante?

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Alda Macedo, concordo com as considerações que fez relativamente a esta matéria.
De facto, é inqualificável que tenhamos sempre os olhos postos nalguns países da União Europeia como exemplos para tudo e para mais alguma coisa, mas em relação aos salários nunca pomos os olhos em lado algum, porque, se fizermos comparações, vemos como somos miseráveis.
Quanto a esta matéria, devíamos olhar, por exemplo, para a Alemanha, a Espanha, a Suécia e outros países para perceber a inversão que estão a fazer na sua opção do nuclear e para, de uma vez por todas, entendermos que há opções que devem ser seguidas e nas quais se deve apostar e outras que, liminarmente, não cometemos o erro de as fazer então e não devemos cometer o erro de as fazer agora.
A aposta está, de facto, na eficiência energética! É porque quando falamos da eficiência energética não estamos a falar de fundamentalismos, estamos a falar numa lógica actual de uma sociedade de consumo exagerado, de uma redução razoável e sustentável relativamente a esses padrões em termos energéticos. É nisto que se deve basear a eficiência energética.
Temos um plano que não está minimamente a ser executado, temos medidas que não estão a ser executadas, mas deviam, e há estudos que demonstram que, caso esta razoabilidade fosse aplicada, estaríamos facilmente em condições de reduzir em 30% o nosso consumo energético. Isto é altamente esclarecedor quanto a algumas prioridades que não têm sido seguidas.
Para além disso, a nossa aposta deve ser na diversificação das energias renováveis, mas naquelas que são eficazes quanto aos objectivos que queremos cumprir, sem nunca, mas nunca, esquecer aquele sector que tem sido sempre esquecido, que é, justamente, o dos transportes, como já tive oportunidade de referir!

O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Sr.ª Deputada, de facto, sabemos que o Dr. Vítor Constâncio, inclusive como Governador do Banco de Portugal, tem feito muitos jeitos ao Governo, designadamente em muitas posições que tem tomado, e o Governo tem sido muito pouco peremptório relativamente à sua posição quanto ao nuclear. É porque, há uns bons meses atrás, tivemos aqui oportunidade de questionar o Sr. Primeiro-Ministro quanto a essa matéria, tendo, a partir daí, ficado gravada a «cassete»: «o nuclear não está na agenda do Governo». Mas aproxima-se uma nova legislatura e o Governo está a abrir todas as portas para que o nuclear se «abra» numa próxima legislatura.