49 | I Série - Número: 017 | 7 de Novembro de 2008
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Sr. Presidente, peço desculpa, mas desta vez foi expresso: «partido dos contribuintes não cumpridores».
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Outra vez?!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, vou dar-lhe a palavra para, presumo, defesa da honra.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Outra vez? Isto não é um debate entre o PP e o Sr. Ministro!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Peço aos Srs. Deputados que sejam breves, pois há ainda três pedidos de esclarecimento ao Sr. Ministro e creio que devíamos concluir esta fase dos nossos trabalhos antes de os interrompermos.
Sr. Deputado Paulo Portas, vou dar-lhe a palavra para defesa da honra, mas peço-lhe uma especial concisão.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Sr. Presidente, serei breve.
Sr. Ministro das Finanças, quero apenas dizer-lhe que institucionalmente, como Presidente do CDS, não lhe admito que diga o que disse sem resposta. Porque, Sr. Ministro, não é o CDS, é o Sr. Provedor de Justiça que afirma que a administração fiscal — que, quando cumpre o seu papel é inteiramente, defensável e elogiável — está a pisar o risco, e a pisar o risco desde que VV. Ex.as entraram no Governo! A pisar o risco quando faz penhoras ilegais; quando faz penhoras de salários acima do montante previsto na lei; quando faz penhoras de outros bens por mais tempo do que a lei permite; quando retém ilegalmente as reclamações dos contribuintes; quando cobra juros ilegais! Isto não é o CDS que diz, é o Provedor de Justiça!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Lamento profundamente que nem um relatório do Provedor de Justiça, sobre o cumprimento dos deveres pela administração fiscal, o Sr. Ministro das Finanças tenha lido e retido!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Portanto, Sr. Ministro, não venha, aqui, acusar uns de defenderem os que cumprem e outros de defenderem os que não cumprem! Queremos uma legislação que se aplique com justiça e uma administração fiscal que ande em cima dos que não pagam, em vez de andar a criar problemas aos que pagam ou que num momento, que é o que estamos a discutir, têm uma dívida em IVA que vão pagar, pela qual vão pagar juros de mora, e que os senhores ainda querem agravar com uma coima no montante da totalidade do imposto ou do seu dobro! É disso que estamos a falar! Aliás, permita-me, Sr. Ministro — e vou terminar —, que lhe dê um exemplo. Imagine que essa empresa vendeu um bem ao Estado e que o Estado se atrasou a pagar-lhe. Essa empresa deve IVA, essa empresa vai pagar juros de mora, essa empresa ainda leva com multa e, porém, a responsabilidade não é dela, é do Estado!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e das Finanças para dar explicações.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, em primeiro lugar, e para que fique claro, quero dizer que não baixarei os braços»