45 | I Série - Número: 017 | 7 de Novembro de 2008
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Ouço isto, permanentemente, da parte da bancada do PP, e tenho de o aguentar, mas o Sr. Deputado, de facto, é muito sensível, quando alguém lhe responde um pouco nos mesmos termos.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — É para registar a diferença!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Registo essa sensibilidade, Sr. Deputado, mas não deixarei de»
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Asfixiar!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — » lutar contra o incumprimento, de evitar abusos no domínio do sistema fiscal, porque esta é das maiores vergonhas que herdámos, que foi a complacência com o não cumprimento e a desculpabilização.
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — O que o Sr. Deputado está aqui a fazer é a defender um regime de complacência e desculpabilização pelo incumprimento das obrigações fiscais,»
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Diga isso ao Supremo Tribunal!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — » ignorando e desrespeitando todos os contribuintes que, com muito esforço e sacrifício, têm vindo, no dia-a-dia, a cumprir as suas obrigações fiscais.
Aplausos do PS.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Diga isso ao Supremo Tribunal!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, vamos prosseguir com os pedidos de esclarecimento.
Tem a palavra o Sr. Deputado Eugénio Rosa.
O Sr. Eugénio Rosa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro de Estado e das Finanças, gostaria de lhe colocar uma questão sobre benefícios fiscais. Não vou suscitar-lhe, de novo, o problema da banca, que paga metade da taxa legal de IRC — estou à espera que o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais me forneça elementos que prometeu e ainda não recebi —, mas quero colocar-lhe uma questão relativa aos benefícios fiscais e a um ponto muito concreto do relatório do Orçamento do Estado.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ouça, ouça!
O Sr. Eugénio Rosa (PCP): — Em 2009, apesar da crise, o volume de benefícios fiscais é enorme, ultrapassando os 3100 milhões de euros. A parte de benefícios fiscais ligada às empresas, ou seja, no âmbito do IRC, é superior a 2200 milhões de euros.
Estive a fazer uma pesquisa no Diário da República e constatei que, em 2008, só até Setembro, o Governo já tinha aprovado, em Conselho de Ministros, 17 resoluções onde concedia benefícios a grandes empresas.
Depois, cruzei esse dado com um outro que consta do relatório do Orçamento do Estado para 2009, segundo o qual, relativamente aos grandes investimentos, ou seja, associada às grandes empresas, a despesa fiscal é de apenas 10 milhões de euros.
A questão que coloco ao Sr. Ministro é a seguinte: poderá dizer-me quanto é que vão custar, em termos de perda de receita fiscal, as 17 resoluções do Conselho de Ministros que foram aprovadas em 2008? Há uma resolução, a que concede um grande benefício à Galp, que é a Resolução do Conselho de Ministros n.º 55/2008, em que estimei que o benefício atinja mais de 200 milhões de euros.