71 | I Série - Número: 017 | 7 de Novembro de 2008
É isto que faz o Orçamento do Estado para 2009, como já ficou cabalmente demonstrado, ou seja, apoiar as famílias e as empresas.
Eis, pois, a proposta de Orçamento do Estado para 2009. Com ela, e com as medidas que ao mesmo tempo o Parlamento está a tomar sob proposta do Governo, o País sabe bem que, com a maioria e o Governo do PS, o Estado diz: «Presente!». Ou seja, investe, incentiva e apoia quando Portugal tem de enfrentar os efeitos de uma séria crise internacional.
Mas o País sabe mais. Sabe, por exemplo, que o Estado usará todos os meios legais ao seu alcance para impedir qualquer problema no sistema bancário que afecte o interesse dos depositantes, dos clientes.
Aplausos do PS.
Em tempos de incerteza e de instabilidade financeira, o País sabe que tem um Governo firme no seu rumo.
Esse rumo é ser responsável nas contas públicas, intransigente na defesa do interesse público, apoiar as famílias, as empresas e o emprego.
Mas o que fica a saber o País da oposição? Sim, porque esta é também a hora de a oposição se definir, isto é, de se definir na sua atitude, nas suas propostas, no seu sentido de responsabilidade.
Ora, o que mais imediatamente salta à vista de todos é a «cegueira» que o preconceito provoca nos partidos da oposição.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Todos, em todo mundo, compreendem a raiz e a dimensão mundial da crise financeira actual. Todos? Não! Num pequeno país chamado Portugal, há, pelos vistos, 109 bravos e intrépidos Deputados que acreditam que a crise nasceu não em Wall Street mas na residência oficial de S. Bento e que o responsável por ela não é o subprime mas o nosso Primeiro-Ministro.
Aplausos do PS.
Alguém, lá fora, compreende a enorme angústia do Deputado Louçã, como ainda ontem vimos, porque, no Orçamento, faltava a palavra «recessão»? Que angústia provoca a ausência da palavra «recessão» no Orçamento! Como se atreve o Governo a apresentar uma proposta de Orçamento do Estado para 2009 que não dê por imediatamente garantida e comprovada a recessão da economia do País?
O Sr. Luís Campos Ferreira (PSD): — Com este bardo como Ministro, não vai lá!
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Hoje, de manhã, tivemos de assistir à triste cena protagonizada pelo partido de direita, o tal que aceita ser de direita, que se diz tão defensor da autoridade do Estado e da segurança dos bens das pessoas e que, irresponsavelmente, quis fazer-se aqui porta-voz de insinuações e de rumores.
Aplausos do PS.
Parece que não foi só um banco que ficou com capitais próprios negativos. O mesmo parece ter sucedido também ao sentido de responsabilidade de alguns.
Depois, não posso deixar de denunciar as manifestações de hipocrisia política, tantas elas são! A oposição à nossa esquerda foi lesta em falar dos interesses dos trabalhadores e dos depositantes do BPN. Mas não é que votou contra a nacionalização do banco?!
O Sr. José Junqueiro (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Que pensarão os trabalhadores e os depositantes do BPN? Que singular maneira de defender os interesses dos trabalhadores e dos depositantes do BPN!