76 | I Série - Número: 017 | 7 de Novembro de 2008
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, em relação à previsão das políticas económicas, disse que havia um desconhecimento da borrasca internacional que se aproximou e que os partidos à sua direita e à sua esquerda não tinham razão nas críticas que fizeram. Ainda hoje de manhã, o Sr. Ministro de Estado e das Finanças me respondeu com uma alegoria à volta do Futebol Clube do Porto. Mas o Futebol Clube do Porto não está num bom momento e a sua proximidade com Jesualdo Ferreira não é a mais adequada neste contexto» Gostaria de responder ao Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares que, em Outubro de 2007, escarnecia dos textos de Francisco Louçã acerca da crise financeira que se aproximava» E escarnecia, como escarnece hoje da angústia e da recessão, com toda a ligeireza, com toda a leviandade, porque temos uma atitude profundamente séria sobre esse problema. Não estamos a fazer uma espécie de campeonato de declarações.
Para nós a política não é isso. Para nós a política são as pessoas e as consequências sociais. E não é um pequeno jogo de bilhar político que o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares desenvolveu: «caiu a cartilha neoliberal, são aqueles, são os outros»« — e classifica, tem uma taxinomia para tudo.
Mas, devo dizer-lhe, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, ideologicamente V. Ex.ª é zero!
Aplausos do BE.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ohhh»! Eles são 100!!
Risos dos membros do Governo.
O Sr. Presidente: — Para responder aos pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Fazenda, não seriam precisos 5 minutos e 37 segundos para chegar a essa conclusão a que qualquer um chega. Até lhe digo mais: ideologicamente sou menos do que zero, Sr. Deputado, então comparado com V. Ex.ª»
O Sr. Luís Fazenda (BE): — O Sr. Ministro já me chamou reaccionário»
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Acho duas coisas muito interessantes: a primeira é que a minha intervenção os tenha perturbado tanto; a segunda é que o Bloco de Esquerda se faça de «virgem ofendida», dizendo «Ah, mas então num debate sobre Orçamento, alguém veio falar de ideologia?». Sr. Deputado, não há debate político mais central na vida parlamentar do que o debate sobre o orçamento, em particular este debate, neste tempo.
O que está em causa é saber quais são as políticas públicas e qual é a concepção das políticas públicas que estão mais bem apetrechadas para enfrentar a crise.
Essa é a questão central deste debate! E as políticas públicas que estão mais bem apetrechadas para enfrentar a crise não são seguramente os programas de economia planificada, Srs. Deputados! E não são também os programas neoliberais, não são também os programas de «Estado mínimo» e de mercados desregulados.
O Sr. Honório Novo (PCP): — E por isso privatizam tudo!»
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Mas também não são os programas de economia planificada. Deixe-me dizer-lhe, Sr. Deputado Honório Novo, com a sua autorização, que penso que errou o essencial. Como disse agora, como disse o Ministro das Finanças de manhã, como disse o Sr. PrimeiroMinistro ontem, queremos que o Estado não se retire das áreas sociais, do Serviço Nacional de Saõde,»
O Sr. Honório Novo (PCP): — Fale lá do hospital Amadora/Sintra!»
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — » da escola põblica, da segurança social pública e é