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77 | I Série - Número: 017 | 7 de Novembro de 2008

essa a diferença política essencial em relação à proposta alternativa da direita.
Em relação à proposta alternativa das forças que julgam que estão à esquerda do PS, a diferença essencial é que a vossa proposta para os serviços públicos é a de que eles fiquem na mesma, que continuemos a assistir ao processo de entropia, sem mudar, sem transformar, sem lhes trazer mais recursos, mais organização, mais eficiência e mais impacto, sem os colocar ao serviço das pessoas.
Os senhores, nos serviços sociais públicos, só pensam nas corporações que eles podem alimentar; não pensam nas famílias, nas comunidades, isto é, nas trabalhadoras e nos trabalhadores que eles devem servir.
Por isso é que a questão política é essencial neste Orçamento do Estado e por isso é que a única visão do mundo que hoje surge aos olhos de todos, capaz de apetrechar as economias e as sociedades europeias para superar a crise é a visão do mundo construída em torno do modelo social europeu.
Bem sei que os senhores consideram que a União Europeia tem uma natureza, uma vocação imperialista e que nos devíamos retirar da zona euro e os senhores não gostam que eu o recorde, mas recordarei.
Aquilo que vários governos de diversos quadrantes políticos hoje fazem é usar, justamente por referência, essa concepção europeia: investimento público, protecção social, melhor regulação.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos ao Sr. Ministro, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Luísa Mesquita.

A Sr.ª Luísa Mesquita (N insc.): — Sr. Presidente, penso que o Sr. Ministro concluiu há pouco a sua intervenção em relação aos Srs. Deputados Honório Novo e Luís Fazenda com uma afirmação que me parece crucial, dizendo que o debate mais importante ao longo do ano nesta Casa é o do Orçamento do Estado, porque define as políticas públicas e as acções e as medidas dos governos perante as políticas.
Diria — e com certeza que o Sr. Ministro está de acordo — que também essa definição de políticas e de medidas, acções e opções, define e caracteriza também o Governo do Partido Socialista. Como dizia outro dia um conhecido cronista do «reino» socialista, define também a «verdadeira revolução socialista» que está em marcha desde 2005 e que vai continuar muito para além de 2009.
Nesse sentido, Sr. Ministro, recordo um estudo da OCDE, que deve conhecer, que diz que a distribuição da riqueza no nosso país faz de Portugal o terceiro país mais desigual entre os países da OCDE e que mais desiguais do que Portugal só o México e a Turquia.
Essa realidade evidencia uma série de fragilidades do modelo económico e social e, Sr. Ministro Santos Silva, não há propaganda que desminta esta realidade.
Desde a década de 80, tal como diz este relatório da OCDE, que se têm vindo a agravar as desigualdades em Portugal e imagine que só entre a década de 70 e a de 80 elas foram minoradas e que, a partir da década de 90 e até aos nossos dias, a realidade é confrangedora — e chamo a atenção para a taxa de pobreza entre as crianças que é de 17%.
Diz ainda que para resolver o problema em Portugal é preciso travar o desfasamento entre os salários e o capital e é preciso garantir emprego e salários que permitam às pessoas manterem-se fora da pobreza.
Depois dedica alguns parágrafos à educação e era sobre a educação que gostaria que o Sr. Ministro me esclarecesse duas matérias que têm a ver com as políticas públicas e as acções.
Com certeza que o Sr. Ministro subscreverá a minha afirmação de que um País que não investir a sério na educação, desde o pré-escolar ao ensino superior, e na investigação e na ciência não deixará de ser um país pobre, e que o ensino superior em Portugal, apesar do aumento previsto para o Orçamento para 2009, continua a ser um Orçamento de subfinanciamento, porque esquece que o subfinanciamento vem desde o início da década de 2000.
Ora, os estudos feitos internacionalmente apontam para o seguinte: é preciso aumentar inevitavelmente as propinas e o mais rapidamente possível; é preciso diminuir drasticamente os trabalhadores docentes e não docentes nas universidades e nos politécnicos; é preciso não garantir aos bolseiros um contrato de trabalho; é preciso que continuem com bolsas, nos seus locais de investigação, durante duas ou três décadas, porque essa precariedade «alivia» as instituições científicas.
O que lhe quero perguntar, Sr. Ministro, é se subscreve as propostas destes relatórios internacionais.