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83 | I Série - Número: 089 | 5 de Junho de 2009

já do tempo de Simonetta, pensado por quem gosta da cidade de Lisboa, da cultura e dos museus desta cidade.

O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Zita Seabra (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Esse projecto passaria, quando muito, por alargar o Museu Nacional dos Coches para as instalações militares que já pertenceram ao palácio e foram cavalariças do picadeiro.
Não, à boa maneira socialista trata-se de gastar milhões num projecto megalómano, adjudicado sem concurso público. Um edifício de raiz com andares e ponte sobre o comboio, que «a Ordem é rica e os frades são poucos».
O PSD vota, assim, favoravelmente, e sem hesitar, a resolução proposta pelo PCP e espera que alguém trave este caro devaneio a tempo e horas.
Os museus de Lisboa precisam de obras de conservação e de modernização urgentes, e nem dinheiro têm para os funcionários que abrem a porta. O património da cidade precisa de continuar a ser restaurado, em vez de ser vendido ao desbarato pelo Estado. Vejam a «dança de serviços» a que esta obra de 30 milhões de euros já deu origem, com a passagem deste museu daqui para ali, deste arquivo de um lado para o outro, e do outro espólio para sabe-se lá onde, numa «dança» paga pelos contribuintes.
O Museu Nacional de Arte Popular fechou e morreu, triste e ingloriamente, às mãos desta megalomania e de um projecto multimédia chamado Museu do Mar e da Língua Portuguesa. Podiam fazê-lo exactamente igual e pô-lo na Internet, que nós veríamos o museu multimédia em casa, como já acontece noutros países com outras colecções. Mas não, são 30 milhões de euros! Que bom!.. E assim, «por cima das nossas cabeças», impedindo-nos de ver a funcionar aquela cultura que gostaríamos de ver.
E aqueles que passam a vida a pedir ao PSD que dê exemplos de obras públicas desnecessárias, inúteis e sem sentido, e desastrosas, aqui têm um exemplo eloquente: o futuro Museu dos Coches de Lisboa.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Nós acompanhamos a pretensão do projecto de resolução que agora discutimos e que, no essencial, visa suspender a decisão de construir um novo Museu dos Coches e abrir um processo de discussão pública sobre o assunto.
De facto, a decisão de construir um novo Museu dos Coches peca, desde logo, porque carece de justificação no que se refere às necessidades da sua construção e muito menos sobre a sua natureza prioritária perante outras necessidades de investimento no sector.
Mas esta decisão de construir um novo Museu dos Coches mostra também que falta ao Governo uma perspectiva estratégica no que diz respeito à política museológica e cultural.
Na verdade, e ao contrário dos restantes museus, o Museu Nacional dos Coches não possui grande expectativa de crescimento. Sendo assim, faria mais sentido que, a construir-se um museu de raiz, fosse outro museu, que não o dos Coches.
Depois, refira-se que o Museu Nacional dos Coches é, actualmente, o museu mais visitado da rede do Instituto dos Museus e da Conservação. E uma das razões do sucesso do Museu Nacional dos Coches relativamente ao seu número de visitantes prende-se exactamente com o facto de se encontrar inserido no espaço do antigo Picadeiro Real. Transferi-lo para um espaço moderno poderá, naturalmente, fazer com que a colecção perca uma parte significativa do seu actual encanto.
Fala-se que o número de visitantes com o novo museu poderá atingir um milhão, mas não existe qualquer base para se poder afirmar que o número de visitantes possa crescer tanto. Trata-se, segundo alguns especialistas, de uma miragem, idêntica à que fazia a previsão de que o Museu do Côa teria mais visitantes do que a Torre de Belém.