38 | I Série - Número: 098 | 2 de Julho de 2009
Façamos bem o retrato do que é hoje a situação dos portugueses.
Os portugueses conhecem demasiado bem o que é viver em situação de crise. O que não aceitam é a irresponsabilidade de medidas que não são capazes de responder às prioridades fundamentais, e não aceitam a injustiça. Não aceitam que, no momento em que as coisas começam a pesar sobre diferentes grupos sociais, o Governo seja tão solícito a responder aos principais grupos de interesses do mercado. E tem sido essa a resposta do Governo.
Mas gostava de lhe colocar uma questão que creio que é fundamental para que os portugueses saibam exactamente o que está em jogo para as próximas eleições.
Quero que responda a um jovem de 21 anos que concluiu os 3 anos iniciais de formação superior, a quem se pede 3000 € para frequentar mais 2 anos de formação superior e que sabe que, ao contrário do passado, vai hoje pagar o dobro ou o triplo por uma formação de 5 anos.
Quero que responda a esse jovem que sabe que, quando entrar no mercado de trabalho, vai estar sujeito a uma precariedade que será eterna.
O Sr. Ministro e a bancada do Partido Socialista disseram aqui que a crise está a acabar, que há «uma luz ao fundo do túnel». Digam a este jovem exactamente onde está essa «luz».
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Victor Baptista, para responder, tem a palavra.
O Sr. Victor Baptista (PS): — Sr. Presidente, se a minha intervenção não foi perceptível para a Sr.ª Deputada, a deficiência não é minha nem, naturalmente, desta bancada. E, Sr.ª Deputada, quero dizer-lhe que a sua é uma espécie de «teoria da morte anunciada» — ainda agora deu um ar da sua graça e já está com uma arrogância monumental.
Vozes do PS: — Exactamente!
O Sr. Victor Baptista (PS): — Aguarde! Quanto a esse jovem de que falou, diga-lhe que, em 2005, havia 710 000 pessoas qualificadas empregadas e que, no 4.º trimestre de 2008, havia 803 000 pessoas com qualificações que estavam empregadas. Diga-lhe que o Governo criou 42 800 empregos para pessoas qualificadas.
Bem sabemos que é difícil, que há problemas. Não temos a menor dúvida! Mas diga-lhe a verdade e não faça demagogia, porque o que o Bloco de Esquerda faz, em Portugal, é apenas demagogia!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Diogo Feio.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Ministros, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro Teixeira dos Santos, este debate a que temos assistido é, verdadeiramente, um sinal dos tempos.
V. Ex.ª sabe bem que sempre discordámos, e bastante, das suas políticas. Temos tido aqui grandes discussões em lados totalmente diferentes. Mas também sabe, Sr. Ministro, que a bancada do CDS-PP sempre reconheceu, discordando de V. Ex.ª, que V. Ex.ª era de uma linha discreta neste Governo. Enquanto colegas seus «malhavam» na oposição, outros decretavam o fim da crise e V. Ex.ª sempre manteve uma postura de sobriedade. Mas, hoje, o Sr. Ministro foi o contrário disso.
Coloquei-lhe uma pergunta sobre a COSEC. V. Ex.ª irritou-se, disse que não foi colocada. Até estava no Twitter — veja o que valem as novas plataformas! —, antes das 4 da tarde, a pergunta que lhe fiz! O meu colega Mota Soares colocou-lhe uma questão em relação aos prémios quanto a certos institutos públicos, falou de toda a função pública, e eu coloquei-lhe uma pergunta sobre a política fiscal, a que V. Ex.ª entendeu que não devia responder.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Respondi!