50 | I Série - Número: 099 | 3 de Julho de 2009
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Mais: continuam a falhar e falham todos dias! Falham a um ritmo e a uma intensidade que — é imperioso dizê-lo — tornam já penosa e altamente lesiva do País a sua subsistência em funções. É este o estado da Nação.
Primeiro, foi mais uma contradição: o adiamento do TGV, que até aí era o alfa e o ómega da modernização do País e da superação da crise, mas que, num ápice, foi engolido pelo novo argumento do escrúpulo democrático.
Em suma, o que era a prioridade das prioridades do Ministro Mário Lino converteu-se, pela boca do Primeiro-Ministro, em mais um dos já proverbiais anúncios do PS.
Cuidado, todavia, com as aparências, já que o Governo é fértil em querer parecer: o anúncio do adiamento do TGV é, ele mesmo, equívoco, pois ninguém sabe que indemnizações podem estar prometidas e comprometidas no caso de haver uma rescisão da decisão. Mas como o Governo nunca se preocupa com a factura que deixa aos vindouros, também não se estranha o silêncio do Governo sobre esta questão. Não se estranha, mas aqui se repudia e aqui se denuncia.
Ficámos, entretanto, há dois dias, a saber que o mesmo argumento serve agora também para o aeroporto, que foi muito convenientemente adiado pelo Ministro que mais se desmente e foi desmentido neste Governo: o Ministro Mário Lino.
Num Governo que se distinguiu, na tradição populista-propagandista dos executivos Guterres, por se deixar guiar pelas sondagens é já patente o oportunismo da resposta às sondagens que mostram que a grande maioria dos portugueses questiona a valia e a oportunidade dos mega-investimentos públicos.
Aplausos do PSD.
Como os portugueses, já muito castigados pelos desvarios dos executivos de Guterres, agora estão largamente contra as obras faraónicas e os megaprojectos, há que simular, em vésperas de eleições, que, afinal, esses investimentos não são para ser feitos. Mas, desengane-se Sr. Primeiro-Ministro: os portugueses acabam de mostrar nas urnas que não se deixam enganar pela demagogia.
Agora, o tal argumento democrático já só não vale — vá lá saber-se por quê! — para a mais inacreditável obra dos longos 11 anos de governos socialistas: a terceira auto-estrada Lisboa/Porto, a «auto-estrada cor-derosa».
Vozes do PSD: — Exactamente!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Como é possível, num País com os problemas de Portugal, com a densidade de auto-estradas existente, com a desigualdade gritante entre o litoral e o interior, construir na faixa litoral do País a terceira auto-estrada paralela, a ponto de, em certos troços, os três corredores distarem apenas 3 a 4 km entre si? Também aqui lutaremos até ao fim, em nome do bom senso, em nome dos direitos das gerações futuras, em nome do combate ao desperdício e ao esbanjamento: haveremos de conseguir travar a «auto-estrada corde-rosa».
Aplausos do PSD.
O Governo, que, ainda que pelas más razões, cedeu no TGV e no aeroporto, também há-de ceder na «auto-estrada rosa».
Mas, como se isto não bastasse, veio ainda o caso do estranho negócio da goldenshare PT-TVI.
Primeiro, embora houvesse negócio, o Primeiro-Ministro, com honras de jura parlamentar, não sabia de nada nem — dizia ele — tinha que saber. Depois, foram as juras públicas feitas à medida dos mais altos quadros da PT, para quem nem havia negócio, nem havia conhecimento por parte do Primeiro-Ministro.
Depois ainda, foi o Primeiro-Ministro que — segundo o próprio, não sabia de nada nem tinha de saber — resolveu proibir o negócio, o tal de que não tinha conhecimento nem supostamente tinha de ter.
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Tal e qual!