51 | I Série - Número: 099 | 3 de Julho de 2009
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Coisa que fez (a acreditar nas suas próprias palavras) pelos maus motivos, mas infelizmente os motivos de sempre: a sua imagem pessoal, a sua inusitada tomada de posição individual sobre a linha editorial de órgãos de comunicação social.
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Isso!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Mas, pior ainda — e a merecer denúncia séria e grave neste Parlamento — é o comportamento politicamente promíscuo dos mais altos quadros da PT, que, na qualidade de administradores de empresas com supervisão do Estado, interferem activamente no debate político.
Dantes eram os políticos que se convertiam em administradores empresariais, agora são os administradores de empresas que se convertem em políticos! Não se trata de coisa inédita neste consulado do PS: já a vimos na pré-campanha das europeias, quando o presidente da AICEP entrou no debate político para atacar despropositadamente o cabeça-de-lista do PSD, que levou ao episódio célebre e caricato — bem posso dizê-lo — da «papa Maizena».
Que fique claro para todos e de uma vez por todas: cada um é responsável por si, mas, em democracia, não é salutar que quadros empresariais submetidos a tutela, mais forte ou mais frágil, do Estado entrem na luta política.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Se querem fazer política profissional que se assumam como políticos e que se sujeitem a esse estatuto.
Sabemos bem que o fazem em socorro desesperado do Governo. Mas mal anda um Governo que já não se basta a si próprio, para quem não chega o partido que o apoia e precisa da bengala e da muleta corporativa dos administradores de empresas para fazer luta política!
Aplausos do PS.
Ponhamos os nomes às coisas: a aliança Granadeiro-PS-Governo ė prejudicial para a democracia e para a autonomia própria do sector empresarial»
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — » e, em particular, para a autonomia estratégica da PT.
Aplausos do PSD.
Protestos do Deputado do PS Jorge Strecht.
E, por isso, temos de perguntar, não podemos deixar de perguntar: agora já vale tudo? Vai ou não o Governo e o PS demarcar-se desse tipo de promiscuidade político-corporativa-empresarial? Vai ou não demarcar-se?! A desorientação não se fica por aqui.
O Primeiro-Ministro desmente, em pleno Parlamento, o Ministro da Agricultura acerca do afastamento de mais um arguido no caso Freeport e nada sucede.
O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Muito bem!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Ouvidas as declarações do Ministro — o pior Ministro da Agricultura de todos os tempos —»