18 | I Série - Número: 008 | 1 de Outubro de 2010
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Paulo Portas, o Sr. Deputado desculpar-me-á mas vamos discutir os submarinos.
Vozes do CDS-PP: — Ah!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Desculpar-me-á, mas essa matéria é discutível. Compreendo que o debate seja incómodo para os senhores»
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Para mim, não é!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não é? Então, vamos discuti-la. E o Sr. Deputado não pretenda disfarçar o foco da discussão. A questão não ç a de saber se Portugal deve, ou não, ter capacidade submarina,»
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Curioso!»
O Sr. Primeiro-Ministro: — » tal como não discutimos se o País deve ou não ter TGV. Presumo que o Sr. Deputado, quando estava no governo, achava que devíamos ter TGV; simplesmente, o Sr. Deputado acha que este não é o momento para ter o TGV.
Pois o que lhe digo é exactamente o mesmo: tambçm acho que devemos ter submarinos;»
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Ah!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » o que acho ç que ç completamente contraditório que o Sr. Deputado, num ano de crise, tenha decidido, naquele ano, comprar os submarinos. É porque, antes, não estava decidido.
Aplausos do PS.
E o Sr. Deputado desengane-se porque não foi o governo em que estive»
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Foi, foi!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » que decidiu abrir o concurso para os submarinos.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não, foi o governo anterior.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Ah!»
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, quero apenas manter o rigor das coisas.
Agora, o problema não é esse, Sr. Deputado. O problema é quando um governo decide tornar prioritária uma aquisição ou tornar prioritário um processo.
Com que autoridade moral é que o Dr. Paulo Portas se afirma para pedir o adiamento da construção do TGV, se, na altura de uma recessão económica, não teve a coragem de dizer que talvez se pudesse adiar a compra dos submarinos? Esta é que é a questão.
E é espantoso que a direita política venha agora criticar o Governo por ir recorrer ao Fundo de Pensões da PT — o que, aliás, não é verdade, pois foi a PT que pediu que esse Fundo de Pensões fosse integrado no Estado.
Risos do CDS-PP.