59 | I Série - Número: 032 | 22 de Dezembro de 2010
lado de outros parceiros da Europa, como o país que mais crianças deixa para trás, repito, que mais crianças deixa para trás.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — É uma vergonha!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Estas são as opções de um Governo que sabe que 300 000 crianças em Portugal sofrem diariamente a realidade da pobreza, ao mesmo tempo que as famílias são assaltadas pelo drama do desemprego e de todas as injustiças que este Governo tem cometido.
Enfim, são escolhas. São escolhas e são dados que não medem ainda as consequências da crise sobre a pobreza infantil. E não medem porque as crianças e os jovens estão extraordinariamente dependentes do facto de os seus pais terem ou não emprego e da eficácia do apoio do Estado e das prestações do Estado.
A verdade também é que os estudiosos e a investigação têm demonstrado que, em Portugal, a eficácia destes apoios é mesmo muito reduzida. O estudo da UNICEF de que vos falei há pouco dá disso conta. Estas não são as políticas correctas, não são transversais, não são as mais ajustadas, ao mesmo tempo que a investigação nacional também vem dizer que aquilo que o Estado tem feito reduz muito pouco o risco de pobreza infantil. Entre reduzir muito pouco e ficar a zero, o Governo escolhe o zero relativamente a este drama social. No ano de combate à pobreza, o Governo escolhe a indiferença relativamente à pobreza, fundamentalmente à pobreza infantil.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Entretanto, o PSD diz que está amarrado aos princípios da coerência. Pois está. Está amarrado ao PEC, está amarrado ao PS, está amarrado, porventura, a um pedido de desculpa que vão fazer às famílias às quais tiraram o abono de família.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — E o Governo está amarrado ao BPN, ao PEC e ao PSD!
Aplausos do BE.
É disto que estamos a falar hoje. Não menos, não mais!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Santos.
A Sr.ª Teresa Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, Srs. Deputados: 2010 foi consagrado o Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social.
Infelizmente, seria utópico imaginar que tal consagração extinguisse tanto a pobreza como a exclusão social; no entanto, deverá constituir um grande contributo à sensibilização para a causa e consequente diminuição, considerando o facto de que a pobreza se combate ou se erradica com determinação e com envolvimentos, sejam particulares sejam colectivos, e começa também essencialmente pelo compromisso político.
Este ano também foi apresentada uma iniciativa a nível europeu no nosso País, que foi chamado a pronunciar-se acerca do Livro Verde sobre regimes europeus de pensões adequados e sustentáveis, o qual alertava para um grave problema que enfrenta a Europa, que é o do envelhecimento da população, bem como o da diminuição da taxa de natalidade, com todas as suas consequências, com o risco da sustentabilidade futura do sistema de segurança social.
Assim, torna-se urgente a tomada de medidas de apoio e incentivos à natalidade. Esta foi uma das sugestões do nosso País à Comissão Europeia, em sede de discussão do Livro Verde. Daí a importância que reveste o abono de família como prestação de carácter mensal e contínua.