51 | I Série - Número: 046 | 3 de Fevereiro de 2011
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, quero, naturalmente, começar por felicitar o Partido Social Democrata pelas Jornadas Parlamentares, que acompanhámos com natural interesse.
Sr. Deputado, no que se refere ao seu discurso, quero registar, com agrado, como deve compreender e calcular, que também o PSD acompanha o CDS nas suas preocupações em relação àquilo que tem sido este desnorte socialista em matéria de empresas públicas.
Por isso, fez bem o CDS, na passada semana, em fazer a interpelação que fez para denunciar o que se tem passado, nomeadamente nos últimos dois anos, com a criação de mais empresas públicas do que nunca, com a passagem de 370 para 450 gestores e com mais 40 milhões de euros só em salários, numa situação em que se pede um pouco de sacrifício a todos ou a quase todos.
Mas, mais do que este registo, Sr. Deputado, gostaria de o questionar sobre algo de que falou, porque merece, como imagina, a nossa atenção, e que o Partido Social Democrata irá concretizar em propostas que vêm ao encontro daquilo que têm sido também ideias do CDS que têm a ver com a economia social.
De facto, numa altura em que tantos vivem com as dificuldades que são conhecidas, que resultam de um programa aprovado e de um Governo que tem causado este endividamento e estas dificuldades a estas famílias, não podemos desprezar o trabalho que é feito no terreno pelas misericórdias, pelas IPSS e por dezenas de milhares de pessoas.
Mas não só não devemos desprezar o trabalho que elas fazem como não devemos desprezar também o trabalho que é proporcionado por elas, que, neste momento, significa uma empregabilidade na ordem dos 200 000 trabalhadores.
Ora, Sr. Deputado, a nosso ver — não sei se concorda ou não — , têm sido justamente as IPSS e as misericórdias um dos alvos prioritários do Governo socialista nos últimos seis anos. O desrespeito pelo trabalho notável que estas entidades fazem no terreno tem sido notório, com medidas — e alguns recuos mas, ainda assim, insuficientes — de ataque, até de cariz ideológico, a estas instituições.
Por isso, Sr. Deputado, a minha pergunta é, justamente, esta: resulta ou não destas Jornadas e estão ou não o PSD e o Sr. Deputado disponíveis para, em conjunto com todos os que queiram e, naturalmente, com o CDS, colocar em prática algumas das ideias que, ao longo dos últimos dois anos, o CDS tem apresentado nesta área, nomeadamente ao nível da contratualização e dos benefícios fiscais para este tipo de instituições? Gostaríamos, de facto, que assim fosse, porque era sinal de que a economia social, que tem sido tão desprezada por este Governo e que merece até um preconceito ideológico da parte da esquerda, moderada e menos moderada, de que o Sr. Deputado falou, finalmente, poderia ter, de facto, um regime que viesse ao encontro das suas necessidades.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Luís Fazenda): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, quero também agradecer as referências que fez às Jornadas Parlamentares que realizámos e dar resposta às questões que suscitou.
De facto, Sr. Deputado, acho que há apenas uma diferença entre nós relativamente àquilo que afirmou, que quero aqui registar: o Partido Socialista não tem desprezado a economia social, o Partido Socialista tem desprezado a economia.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — O Partido Socialista, fruto desta visão de deixar no sector público tudo na mesma, fruto desta visão de alimentar a «gordura» do Estado e não ser capaz de cortar a despesa, fruto desta visão de que os problemas do País se resolvem, apenas e só, com a receita do costume, que é aumentar os impostos e, no caso actual, diminuir os salários e fruto desta concepção daquilo que é o resultado da governação, que, aliás, apresenta sempre com aquele típico triunfalismo do Primeiro-Ministro e que, depois, alastra ao Governo e aos protagonistas do PS aqui no Parlamento, trata mal toda a economia.