28 | I Série - Número: 062 | 11 de Março de 2011
Aplausos gerais.
Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, começa o Sr. Deputado Bernardino Soares desta forma: «Sr.
Primeiro-Ministro, tenho de o confrontar com as graves opções de política de direita do Governo».
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É um facto!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Há 30 anos que oiço isto, Sr. Deputado! Há 30 anos que os senhores dizem a mesma coisa! Eu compreendo que o Sr. Deputado fique embaraçado e rejeite que cada vez que os senhores criticam o Governo isso seja confundido como um apoio à direita.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso é o que o senhor diz!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Bom, digo-lhe o seguinte: eu compreenderia essa crítica se o Sr. Deputado não estivesse sempre contra e, de vez em quando, apoiasse alguma medida do Governo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Desde que seja de esquerda apoiamos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É preciso que me explique que medida do Governo do Partido Socialista é que, ao longo destes seis anos, o Partido Comunista apoiou.
Mas vou mais atrás, Sr. Deputado, e já não lhe peço nos últimos seis anos, porque os senhores dirão que o problema é meu: que política, que linha política, que medida é que os Srs. Deputados algum dia apoiaram sempre que o PS tem estado no governo?
A Sr.ª Rosa Maria Albernaz (PS): — Nunca!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Nunca! Os Srs. Deputados votam sempre contra tudo o que o PS propõe!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É falso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E, ao longo destes últimos 30 anos, nunca vi o Partido Comunista definir uma área em que diga: «Pois, com certeza, neste caso, estamos de acordo convosco.» Mais uma vez, o Sr. Deputado critica o Governo por praticar um crime. Qual é o crime? É fazer um esforço para ter concertação social. Sr. Deputado, lamento, mas sou a favor da concertação social.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É a favor, mas não a pratica!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Talvez o Sr. Deputado não seja, mas eu sou a favor! E é na concertação social que se procuram as melhores soluções para vencer a rigidez do nosso mercado de trabalho, que prejudica a nossa economia, para manter os benefícios dos trabalhadores e os interesses dos trabalhadores. Reduzir a rigidez é do interesse dos trabalhadores e não o contrário, como, aliás, ficou exposto durante os anos da crise. Se as empresas não tivessem já capacidade para flexibilizar os seus horários de trabalho, não teríamos sido capazes de responder à crise internacional mantendo os postos de trabalho, como é bom exemplo o da indústria automóvel ao longo do ano de 2009.
Protestos do PCP.