30 | I Série - Número: 062 | 11 de Março de 2011
Como se qualificará uma pessoa que diz que vai abrir um concurso para professores contratados, mas, passado um tempo, diz que não, que não vai abrir concurso para professores contratados, ficando todas as expectativas desses professores goradas? Como se qualificará uma pessoa que diz ao País: eu vou criar 150 000 postos de trabalho e só num ano liquida 100 000 postos de trabalho? Como se qualifica uma pessoa que, antes das eleições, enquanto candidato, mas já Primeiro-Ministro, aumenta os apoios sociais, mas assim que ganha as eleições corta os apoios sociais anunciados? Como é, Sr. Primeiro-Ministro? Como é que se qualifica esta pessoa? O Sr. Primeiro-Ministro já qualificou aqui tanta gente, já adjectivou» Aliás, hoje, é só adjectivos, adjectivos» Mas, então, como é que qualifica isto? O Sr. Primeiro-Ministro naquela reunião que teve com a Sr.ª Merckel foi dizer — nós aqui, em Portugal, ouvimos, Sr. Primeiro-Ministro — que ç subserviente ao povo português» O Sr. Primeiro-Ministro quer explicar essa expressão ao povo português? Mas que subserviência é esta? Sabe, Sr. Primeiro-Ministro, o senhor, há pouco, disse uma coisa interessante. Disse: nós, exigirmos aos nossos bancos mais do que os outros?! Não, não pode ser! Ah, pois é, mas às pessoas, aos portugueses o senhor exige mais do que os outros exigem» Olhe para os baixos salários, olhe para a nossa qualidade de vida, olhe para o sustento de vida que estas pessoas têm, os nossos salários são os mais baixos da Europa! Não me diga que nunca deu por nada!» É que aquelas pessoas que perderam o abono de família sabem que são elas as vítimas destas opções políticas; aquelas pessoas que não têm subsídio de desemprego, pese embora estejam no desemprego, sabem que são elas as vítimas desta política; aquelas pessoas que perderam as bolsas de estudo sabem que são vítimas desta política; aquelas pessoas a quem cortaram os salários sabem que são as vítimas desta política, porque o Governo está a obrigá-los àquele objectivo, já maquiavélico, da redução ou da obsessão com o défice. Mas à banca não, ao sistema financeiro não pede, não pede nada, nem aquela taxa adicional ainda pediu! Lá para o final do ano, talvez»! Não ç, Sr. Primeiro-Ministro? Aqueles 0,001%» Sr. Primeiro-Ministro, eu acho que isto, de facto, já é mesmo brincar com o País. O Sr. Primeiro-Ministro tem de tirar essa capa, porque o Sr. Primeiro-Ministro nos discursos fala muito, faz muitos equívocos, engana muito, porque esta é a palavra: engana muito. Mas, Sr. Primeiro-Ministro, os portugueses já perceberam a realidade com que estão confrontados e as opções políticas com que estão confrontados e o que o País está a pedir é que mude de rumo, Sr. Primeiro-Ministro. Mude o rumo! Entenda que não dá para aguentar mais!
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, há uma coisa que tenho de lhe dizer: a Sr.ª Deputada é que não engana. A Sr.ª Deputada não engana ninguém, isso não!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas o Sr. Primeiro-Ministro engana. Enganou e mentiu!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Isso não! Sabe, Sr.ª Deputada»
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O Sr. Primeiro-Ministro enganou e mentiu!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Bom, respondo-lhe a si e respondo também ao seu colega do lado, perguntando-lhe como ç que se qualifica essa forma de fazer política,»
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O Sr. Primeiro-Ministro enganou e mentiu!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » a de querer qualificar os outros. Essa forma de fazer política só tem uma qualificação: é rasteira! É só isso! Rasteira!