57 | I Série - Número: 062 | 11 de Março de 2011
O Sr. Francisco de Assis (PS): — Não é muito arrevesada, é muito simples!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — » quando o que ç preciso ç uma ruptura com a ordem neoliberal, que ç o que caracteriza o socialismo democrático, é que o Partido Socialista não quer fazer qualquer ruptura com a ordem neoliberal porque o Partido Socialista, pura e simplesmente, quer estar de acordo com a Sr.ª Merkel ou com o Sr. Zapatero, que dizem todos o mesmo.
O Sr. Deputado Francisco de Assis bem pode lá ir discutir ideologia com eles que seguramente vai entender-se, dentro desse seu espírito de compromisso, mas não venha falar de esquerda! Não venha falar de esquerda e não venha falar de radicalismo! Os senhores abandonaram esses princípios, abandonaram esse património.
Aplausos do BE.
E o realismo de que aqui falam é real. Não recusamos o realismo de que o Governo ou o Partido Socialista falam. É outro realismo, temos um realismo diferente a apresentar, de alternativa política, de alternativa da sociedade, com certeza. E é uma alternativa de progresso e de futuro, tirando lições do século XX. Todos temos de tirar lições do século XX, todos! Nós tirámos as nossas!
O Sr. Sérgio Sousa Pinto (PS): — Não tirou, não! Faça autocrítica, nunca a fez! Estalinista!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Querem saber que lições tirou o Partido Socialista? Caminhar para a direita! Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo: O que teremos a partir de hoje aqui, sujeito à censura da rua ou ao que quer que seja, do ponto de vista das iniciativas do Presidente da República, é um Governo que está alicerçado num bloco central.
Pagam-se alvíssaras para saber quem é refém de quem.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Morais.
A Sr.ª Teresa Morais (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O debate que hoje aqui travámos sustentou-se na apresentação de uma moção de censura, por parte do Bloco de Esquerda.
A história desta moção de censura é já, para os tempos próprios da política, uma história longa. O processo iniciado com o anúncio desta moção foi, desde o início, marcado pela precipitação.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Morais (PSD): — Nasceu, como todos nos lembramos, da necessidade sentida pelo Bloco de Esquerda de se antecipar ao PCP na censura ao Governo, e continuou, como todos sabemos, por um caminho de desconcerto e de desorientação, marcado por sucessivas contradições.
Lembre-se que o Bloco de Esquerda tinha afirmado, escassos dias antes, que uma «moção de censura não se anuncia, apresenta-se». Porém, não só a anunciou como o fez um mês antes da sua discussão.
Aplausos do PSD.
Depois, recorde-se, o Bloco de Esquerda enredou-se de tal forma no seu próprio discurso justificativo que, para além das fracturas internas que provocou, se viu na necessidade de entrar em verdadeira campanha pelo País, explicando o inexplicável das suas contradições, numa tentativa de redução dos danos já notórios.
Por fim, lembre-se ainda, que o Bloco de Esquerda cedo se apressou a afirmar que a censura não visava apenas o Governo mas também o PSD, argumento arremessado à pressa, não fosse o PSD decidir votar