55 | I Série - Número: 062 | 11 de Março de 2011
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E se mais propostas de esquerda tivesse apresentado, mais tínhamos aprovado. Mas não é por acaso, Sr. Primeiro-Ministro, que os seus maiores parceiros na aprovação de leis são os partidos da direita. É que o fundamental das suas políticas são políticas de direita.
Quer soluções, Sr. Primeiro-Ministro? Valorize o trabalho. Aposte na produção nacional, no desenvolvimento e numa melhor distribuição da riqueza. Defenda os interesses nacionais na União Europeia — defender os interesses do nosso País não é uma visão paroquial, como defende o falso cosmopolitismo de submissão permanente aos interesses dos grupos económicos europeus e às potências do núcleo dirigente.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Veremos qual é o momento histórico que o Primeiro-Ministro vai louvar, amanhã, em Bruxelas, que mais imposições vai o Primeiro-Ministro aceitar.
Este caminho não trará nenhuma saída para o País. O que tirará o País deste plano inclinado em que se encontra é a ruptura com esta política de direita e com este Governo que a aplica e que, de facto, não tem emenda. E é para aí que teremos de caminhar, com a luta das populações, dos trabalhadores, das novas gerações. E lá chegaremos! Podem ter a certeza de que lá chegaremos!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Neste debate, para além de aspectos bastante previsíveis, desde há muito, de colocação das várias forças políticas e da essência dos seus discursos, há realmente algumas notas a tirar, pela sua diferença e, num ou noutro aspecto, até pela sua excentricidade.
A direita veio aqui numa performance estranha. Anteriormente, o Partido Social Democrata não tinha encontrado desculpas para dizer que não votaria a favor da moção de censura do Bloco de Esquerda. Pedro Passos Coelho foi liminar e lapidar: «Este é o tempo de o PS governar». Disse até mais: «Estaremos abertos para medidas adicionais ao Programa de Estabilidade e Crescimento».
O PSD não precisou de desculpas, como o CDS, que encontrou várias para dizer que o texto era menor, era improvável e não teria abrangência.
Enfim, a direita procurou aqui também uma justificação, porque eventualmente quereria que o Bloco de Esquerda fizesse uma censura à política do Governo do Partido Socialista nos termos da direita. Mas, nos termos da direita, a esquerda não faz moções de censura. A esquerda critica toda uma política, todo um caminho, toda uma alternativa.
Aplausos do BE.
Mas isso se, da parte do Sr. Deputado Miguel Macedo, foi um pouco aquela história bem portuguesa do «agarrem-me senão eu bato-lhes», em relação ao Governo do Partido Socialista, já da parte do CDS, foi até uma prestação bem mais confrangedora, porque o Sr. Deputado Paulo Portas encontrou apenas uma rima, ao vir aqui, dentro do seu estilo habitual, dizer que «não era bem uma moção de censura, mas qualquer coisa ligada à ternura».
A meu ver, o que o CDS, de facto, fez aqui hoje, por omissão, foi uma moção de cobertura ao Governo, absolutamente de cobertura à política do Governo.
Aplausos do BE.